domingo, 29 de junho de 2008

afinal onde é que eu 'nasci'?

ando com "dúvidas exitencialistas". nada de novo para quem me conhece e atura: sou uma espécie de 'adicto' a alimentar problemas que não existem. não existem? será? bem... neste caso trata-se da questão burocrática de, sendo obviamente português cá e em qualquer parte do mundo onde me desloque com a papelada que trago no bolso, se serei moçambicano em Moçambique, já que desde 2004 a sua lei da nacionalidade contempla a "dupla". e que eu acho merecer e desejo ter.
num mega-site moçambicano, o Imensis, no seu Fórum, e aproveitando uma 'discussão' sobre o tema já aberta por outro participante, coloquei a minha interrogação na esperança que mente juridicamente esclarecida e pacientemente versada em ajudar sujeitos atreitos a crises existenciais, possa esclarecer-me.
claro que, como infelizmente já é vulgar em mim, ligando o turbo nunca mais páro e toca a rebolar pelas linhas abaixo como se elas fossem as Barreiras que vão do Liceu Josina Machel até à mata em frente FACIM e, mesmo chegando lá abaixo e dando com o cu no chão, ainda me farto de esgravatar à procura de mais uma palavra que seja a final, que sempre me vejo aflito por desenterrar. daí aí vai lençol, enfim, a 'seca' que os tontos do tac-tac no teclado pregam a quem não tem mais nada que fazer que lê-los.
a minha (tripla) mensagem foi colocada lá só ontem e hoje ainda não há respostas. nada de desanimador, até porque ainda não tenho a mala feita. entretanto, e por e-mail, mandei o link a lista seleccionada que supus que, ou me pudessem auxiliar, ou dar-me uma palavra seja ela de conforto ou de desengano duma vez por todas. ou confirmativa do loucura que me suspeitavam e desta vez viam confirmada. recebi até à bocado quatro respostas.
duma respingo o excerto abaixo da minha contra-resposta, pois na que recebi li dúvidas sobre a legitimidade do meu sonho/pretensão, quer pela desilusão pessoal de quem fez a viagem dos mamutes e dela regressou desiludido, também pelo avançar do burocrático pormenor de lá não ter vivido até fazer a 1ª classe. sendo de um xamuar que até me envaideçe tratando-me por xamuaringa, fiquei perplexo e até um niquito triste. porque eu acho que a nacionalidade sente-se primeiro de tudo. um analfabeto que não saiba ler as palavras inscritas no seu Bilhete de Identidade e que atestam a sua nacionalidade, não o é menos lá dentro que aquele que as lê de trás prá frente.
mas o meu problema é duplo, ou seja o que gostava de possuir era a tal "dupla": acontece que eu também me sinto português, e com a suficiente aclimatação e orgulho de que não querer prescindir de sê-lo e dá-lo de barato assim de repente. há toda uma vida de razões: toda a minha formação cultural, familiar, académica, foi sob essa bandeira, costumes, qualidades e defeitos. e não desprezo quer os meus últimos trinta e tal anos cá residente - e que tanta coisa boa me proporcionaram , tal como, embora mal disso me lembre, os meus primeiros sete, também 'cá', que não devem ter sido maus pois é a idade em que o conceito de mau ou bom tem suporte fácil e naturalmente agradavelmente infantil, sendo que essa deve ser a melhor idade de todas: nickles de preocupações que vão além das brincadeiras e de amigos para elas, uma ou outra esfoladela nos cotovelos ou nos joelhos.
mas acontece que me sinto igualmente moçambicano, embora de forma que até a mim se me afigura como confusa: quando sobre isso matuto muitas vezes temo estar a misturar sentimentos e na mesma panela caldeirar duas nostalgias que são distintas, pese a sua génese e existência terem sido comuns - talvez por isso: a do eu-jovem, que se foi irremediavelmente à excepção de quando me forço ao engano e, psicóloga folha em frente, escrevo escrevo e escrevo sobre o Eu menino e moço, revivendo, efabulando até pois à distância do tempo os pormenores têm a dimensão com que os acarinho e não a do momento em que foram vividos, e em anexo certamente imbuído dos mesmos tiques e lentes vêm os sentimentos nacionalistas, mesmo sendo emoções só misturáveis até certo ponto, como as são: posso exagerar nas derrapagens controladíssimas que fazia na minha motorizada sem ferrar com o rabo no chão, mas sei que não exagero quanto às emoções, à mesma altura, vivi entre o início da revolução portuguesa e me mostrou todo um mundo intelectual novo, mais a fase de 'transição' vivida num red-line que foi delicioso e os quase seis meses após a independência oficial de Moçambique: nesse período fui tão moçambicano como qualquer outro que desde a 8ª geração lá tivesse a famelga toda nascido e crescido: o meu amor e convicção eram iguais e sentia o peito rebentar de orgulho.
depois - e estou farto de contá-lo e contá-lo, já chega e nem me dou ao trabalho de meter links - somaram-se desilusões variadas, tantas que o bolo levou tanta camada que foi-se tornando intragável a cada mordida diária que lhe dava, até que desci armas e engoli o orgulho, juntei-me ao formigueiro cheio de amigos e conhecidos e cá vim parar, Mavalane way.
nas oito (?) horas de voo não tinha certezas de nada. nos trinta e dois anos e picos após a aterrisagem ainda assim estou. estou dividido e, ao que sei, já há desde 2004 solução para patologias como a minha: papelada em ordem e adquire-se o consolo apaziguante da dupla nacionalidade.
por tudo isto - e aproveitando a deixa para terminar senão nunca mais me calo - interrogo-me sobre o que é isso da "nacionalidade". a ele, meu xamuaringa Johny, perguntei-lho assim:
...............................
"não te entendi. porquê? se leste lá no Imensis, também leste que eu nasci 'cá' como bebé chorão, cagão e mamão mas foi lá que me formei como ser humano. com uns acertos depois cá dados, tá claro: viver é um processo contínuo de aprendizagem e por cá ando, nesta 2ª volta, há trinta anos e picos. mas a base da instrução que deu o gajo porreiro ou o cabrãozão que hoje sou foi lá ministrada. dos 7 aos 20, altura em que os poros absorvem tudo o que apanham.
depois muitos cansam-se e fecham-se de barriga cheia e umbigo repleto, gordos, mafutas, convencidos que já aprenderam tudo o que necessitam. o melhor exemplo é o 'bronco', o uga-uga que parou a sua evolução assim que deixou de levar nas orelhas em casa, reguadas nas aulas ou começou a 'cortar-se' a uma valente bulha no páteo da escola - tivesse então essa que nome fosse, pois bulhas há muitas e tive algumas formativas mesmo que sem caneladas ou murros no ar circundante às trombas do 'adversário'.
com muito pouca humildade, felizmente como tu, e que a havê-la seria estúpida por era negar o crescimento constante, evolutivo, digo de mim que mantive pelo menos fifty-fifty dos poros abertos a novas sensações e experiências, além de às carícias das gajas também aos beijos e beliscões da vida. coleccionei o que é de colecionar e rejeitei o que entendi ter de sê-lo - mas com os critérios baseados no tal núcleo matriz, a aprendizagem dos "primeiros verdes anos". afinal onde é que eu 'nasci'?"

quarta-feira, 25 de junho de 2008

:-))


recebida por e-mail, sob o título: "a melhor foto do Euro 2008".
como não concordar, gargalhando? mais: nalguma outra claque existe/iu este humor? ná... só vendo!


adágio: "não há Rosas sem espinhos"


... e, piquem e pesem eles o que se lembrar e der coceira, ela continuará a ser a princesa das flores, pétalas capazes de transformar amante desajeitado/a em galante sensual. depois há a fragância, aquele aroma que enlouquece os sentidos e encaminha-os para o leito das praias onde amar sempre foi e é especial, aquela índica magia que nos agita o íntimo quando lembramos os afagos que nos tornaram hoje tão exigentes quando se trata de Amar.
hoje, como sempre mas Hoje que é o dia em que nos registos consta a tua maioridade, o meu eterno Obrigado pelo que de ti colhi e, egoísta, guardei dentro de mim sem o participar nas alfândegas que os homens construíram, essas barreiras que um jovem rebelde não resiste em ultrapassar trazendo os seus tesouros em contrabando, cioso e ciumento, temeroso de não ter fundos que cheguem para as pesadas taxas que, se tal paixão revelada, certamente a onerariam insensivelmente. rebeldia hormonal igual à dos amores em que, caminhando enlaçado pela ternura e seus valores gémeos, os olhos cegam-se-lhes por instantes e não resistem a mirar um rabo alçado que siga num qualquer além, tentador passeio do outro lado de avenidas que não se devem passar quando se passeia assim apaixonadamente acompanhado. acontece, aconteceu. não foi "uma facadinha", daquela que dos amuos faz nascer ternas reconciliações. foi divórcio de papel passado e tudo, passagem aérea que dizia ser 'ida e volta' e por cá fui ficando, fiquei.
hoje, além da memória que peca por este excesso nostálgico, sobra a estatística registral que, diz, embora sejam fragâncias que se traduzem em aromas residuais quando se vai até ao ponto do sim ou sopas, há jardins e certidões onde no canteiro da cota lateral para averbamentos, existem-nos de dois casamentos entre os mesmos nubentes, repetentes no persistir em amar e colher pétalas da mesma flor. com o intervalar divórcio a ser lido como o fait divers que a serenidade do tempo minimiza, releva, trás um leve sorriso ao, enlaçados no mesmo passeio, olharem a avenida do passado.
há casos assim, acreditem-me, pois já tive na mão certidões que falam dessas histórias de rosas com espinhos e averbamento de sempre belas, nenhuma ainda com o meu nome. mas do além ninguém jura ou sabe: as praias e o seu feitiço à libido continuam lá como que esperando outro beijo, trinta e três anos depois.
(o mapa foi gamado aqui.)

terça-feira, 24 de junho de 2008

34 anos atrás

(hippie nos 19's apolíneos - cof cof, e sem mais comentários)

Sinfonia matinal

É o mesmo. Maço-me a pensá-lo e repeti-lo pois já não há nada de original, há tanto e tanto tempo. Todos os dias, manhãs, é o mesmo sobe e desce do peso dos pecadilhos que se acumulam na maçã-de-adão e contraem-na, obrigam a engolir em seco e o rombo do aparo arranha-me e asfixia o começo destes dias que, de tão longos, nascem já como ensaio arraçado de pena de rigor perpétuo e mirram o peito, e trago as manhãs sem a golfada que o deveria encher e abrir um sorrir à luz. Eu ouço-o, o sibilar, e talvez possa escrever que mais o ouvem pois não são meus todos os olhos que comigo e o meu arfar se cruzam. Por isso fica exarado que “ouve-se” é o silvar lento, doentio, vindo do fundo carnal e sanguíneo onde coloquei a bolsa marsupial da ilusão que amamentei e a que fiz festas e mimos, hoje o tal ciciar que corre os dias sem encontrar a porta que se abre e diga, cara séria ou à escolha pois o importante é a doença e a possível cura: sim, aqui é o sanatório e desse mal há cura, ou sussurre: aqui fazem-se abortos a fetos malignos, entre suavemente por favor.

Em protocolar forma de exarado porque esta é a acta da manhã, ditada pela mesma placenta que alimentou gota a gota, dia a dia, erro a erro, o estado actual da arte. Dito assim para ser elegante no contá-lo entre dois soluços do tal sobe e desce e é tão persistente, duradouro, que vai desde o agora até tudo se apagar e adormecer. As manhãs, que mais as tardes acumulam-se e fazem a soma que, uma delas ou uma noite, fechará a acta em cúmulo jurídico e muita golfada de ar fresco será precisa para redigir recurso que, para não ter a vitalidade encardida e a caneta balouçar duma trave, penderá de ser-se ou não tão inventivo como se foi ao construir os capítulos do libelo acusatório, enredo e folhas meias do romance que trago no bolso e há por fechar. Depois deixá-lo seguir o seu rumo tipográfico e, seja com capa dura ou com capa mole, o público juiz lê-lo-á e será tolerante com o neófito, ou enviá-lo-á para a reciclagem, lamentando a árvore abatida e tanto euro mal gasto. Ser novamente sonhador de cúmulos eternamente brancos que sem grande esforço imaginei, imagino ou imaginarei palácios flutuantes, daqueles de contos de encantar. Sem acreditar que o tempo rola e as estações sucedem-se acinzentando-os, e a cara sorridente que me recorda ver no espelho, um dia – uma manhã, provavelmente - nascerá cheia de acne do pesadelo, e é essa que será a vera, a outra era o mimo, a face da ficção dos palácios com fundações e muralhas assentes em rijas nuvens de ilusão.

Mais o tudo que há e haja por vir antes de adormecer e se repete, ontem, antes, hoje, repisa-se mal abro os olhos, o nada diário do hoje sucede ao do ontem, o nada passado, em hiato de difícil trago de sobe e desce gargantular antes das nuvens abrirem os bojos e inundarem-me com a acidez da chuva entremeada com a derrocada dos caboucos e pedregulhos dos palácios, da crítica à minha escrita, ruína da minha ficção pessoal. O despertar obrigado do silente que fazendo-se cego e surdo a ser coxo de mão e fraco em advérbio, dia a dia vestiu-se de capítulos, embalou por aí fora e hoje, tantas páginas depois, baila as manhãs, tardes e noites na pele do escritor desesperado na busca dum final que lhe feche o romance sem ele tornar-se best-seller indesejado, mutilador, e assim revolve continuamente a mórbida placenta que lhe encheu o tinteiro, o tal que mais tarde vazou e encardiu a estória de folhas tantas a folhas tantas, à procura de pingos sobrantes para linhas que sejam finais e safem o enredo e os heróis e heroínas. Um romance incompleto, algures com capítulos que são como iogurtes com pedaços, trinca-se dá-se estalinhos de língua. Onde há arranques que não envergonha chamar-lhes lindos, quando a adrenalina dos sóis fez luzir o aparo na linha de partida, até a tinta se conspurcar na recta oposta à bancada central e o fôlego faltar antes do ponto da meta final. Quando o contexto era outro e as manhãs também não eram assim. Em amargo placebo reengano-me e aliço que nem tudo se borrou, relembro folhas sobreviventes com linhas que foram passajadas com mão e gosto de costureiro, e dama ou cavalheiro de bom-gosto não terão vergonha em usá-las, lê-las sem trejeito de irritação por ao espelho saírem mal no retrato. Há-as, já não sei é aonde e tenho medo em abrir mais o guarda-fatos para procurá-las dentro de mim.

Acordar-me, interromper de vez o sobe e desce da maça-de-adão ou dar-lhe o sossego dum ritmo que não asfixie. As manhãs tolhem-me, é o início e eu recordo-me de ontem, de antes de ontem e do seu antes. Sempre igual e há tanto tempo que dura. E revive a angústia, ‘spa’ forçado que massaja a face com maus óleos e emagrece onde não devia pois emergem linhas como rugas, onde brota a acne que amordaça o espelho onde, antes, viu-se um sorriso e hoje nem o olho: fecho os olhos quando as mãos em concha lhe atiram o meio litro de água que faz que lava a crosta matinal. Hoje igual a ontem, a monotonia do vácuo, da espera, à espera da palavra que não vem e, chegando, não sei o que me dirá para poder escrevê-la, estendê-la como trigo em eira esperando que o luzir da sua cor sobressaia e alguém olhe o quadro e diga que, não sendo um clássico holandês, tem tons e pinceladas que merecem uma moldura e um prego na parede, sem para tal ter de, sei lá eu das modernas regras de marketing ou de trâmites judiciários para levar tais processos até ao fim, cortar uma orelha ou usar uma corda para alçá-lo à altura dos olhos que olham e, assim rasteirinho, poeirento e sem moldura, não lhe vêem as folhas não infectadas. As tais que las hay mas já não sei onde ficaram.

São assim as manhãs que secam a garganta na espera, o ar carregado de ácaros e outros maus áugures voadores. A tarde será igual, à noite estou grogue do sobe-e-desce e adormeço. Amanhã há mais, há sempre mais um mais que a traça não desfigurou, e eu tenho esperança em ainda dar com ele a tempo de reaprender a tocar*.
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* um dia tive uma viola. algures a memória diz-mo. mas se me releio vejo que esse tempo voou sem que tivesse aprendido mais qu'aquele trecho do "smoke on the water" que todos sabiam tocar. mas é bom recordar que um dia tive uma, como todas pejada de mais sonhos que de tons dedilhados sem ofensa ao instrumento musical (afinal.... será este o 'elo perdido' desta sinfonia matinal?)

sábado, 21 de junho de 2008

Cosmopolis

Cosmopolis, "História do Presente" de José Adelino Maltez, indo de 1945 a 2006.
Nas suas palavras finais "Este portal destinava-se a ajudar os alunos do segundo ano de uma licenciatura de escola pública universitária, numa disciplina com o nome de História do Presente."
O resto e o porquê de não haver mais resto lê-se lá, coluna do lado esquerdo. Segue-se a «matéria», mesma coluna e zona central, sempre cronologicamente.
A visitar pelas duas razões. A guardar o link, ao menos pela segunda.

A porta da nossa casa

Diz-se que na política vale tudo menos tirar olhos. Quando se fala em 'política', habituamo-nos à referência à nacional, a dos nomes sonantes e caras mediáticas, ou à mundial que se acompanha pelo rabo do olho. Mas há a outra, a local, que fora do seu círculo de influência ninguém conhece excepto se rebentar um escândalo que mobilize jornais e televisões, e, internamente, os directamente beneficiados pela boa gestão ou prejudicados pelo seu mau oposto, essa olha-se com interesse episódico e só se lhe abre mais o olho quando o zum-zum chega às conversas de café, mais a sua versão moderna, os e-mails e os blogues – nestes, ao caso esquivo-me aos 'anónimos' que, tratando-se de política, não me merecem mais respeito e atenção que o boateiro que se entretém a, covardemente, disseminar rancores, azias e invejas (sim, estou a ser moderado) em jeito de confidência, e logo a seguir vira a esquina para, na sombra, olhar os ecos e as mazelas que fazem, tanta e tanta vez em inocentes à sua maledicência original. Está-se careca de sabê-lo, aqui, ali e acolá. Mas, dizia, a política local raramente empolga ou, sequer, leva a mais que uma leitura transversal das linhas que os jornais regionais lhe dedicam, se nada de "bombástico" se passar. Enfim, compreende-se que a política nacional provoque um interesse maior no cidadão pois é lá a génese das grandes decisões do dia-a-dia, da forçada contagem de tostões ou da exclamação (rara nos tempos correntes, infelizmente) "ora aí está uma coisa bem decidida, que me alivia 'a crise".
Na 'nacional' já não é surpresa para ninguém o esfaquear pelas costas, o blá blá demagógico e populista, as alianças contranatura ou o umbigismo partidário, o desdizer hoje do convictamente proclamado ontem: o tão citado como preocupante descrédito dos cidadãos pela política passa naturalmente por estes abusos descredibilizantes, e as taxas de abstenção crescentes são obrigatoriamente lidas como protesto mudo para que essa leitura possa ser considerada séria e não passageiro limpar de caspa nas costas, o dissimular de seborreias dum certo couro e da matéria que ele protege. Ora na política 'regional' os tiques desagradáveis a acontecerem agravam-se, primeiro porque os actores são pessoas que connosco se cruzam no dia-a-dia e a alguns até se dá os bons-dias, e não 'fotos' e 'bonecos' conhecidos apenas dos media; outra, porque as suas decisões, quando das tais relevantes ('estruturantes', está na moda) não têm reflexos diluídos na distância dum impresso que se preenche ou se recebe, em queixas ou alegrias que, acontecendo, são fenómeno nacional e não exclusivas da porta da nossa casa. A porta da nossa casa - acabei de encontrar o título da crónica. Porque é disso que se trata. As grandes decisões específicas “de cá” atraem mais atenções porque somos os primeiros beneficiados ou prejudicados.
À porta da nossa casa vai ser instalada uma mega-estrutura presidiária que, mal foi anunciada pelo poder em exercício é alvo de fogo cruzado da oposição, seja ela esquerda, direita ou indecisos (incluindo-se cutelaria de "fogo amigo"). Os pretextos, quiçá alguns legítimos, passam pelo abate de sobreiros (dezenas, centenas ou milhares, recém-plantados ou centenários, já li de tudo e não sei em que acreditar) e que é uma árvore protegida legalmente, a inevitável e considerada irreparável perda da pacatez diária das duas aldeias mais próximas da futura cadeia (duvido que se ouvissem protestos se um empresário –louco- para lá anunciasse a construção dum centro comercial destes modernaços, hambúrgueres et al), e, finalmente, a segurança das nossas vidinhas face ao possível contágio imanente de tão sinistra construção. É nesta que me vou centrar pois afinal é ela, a segurança e o medo de perdê-la, que me trouxe ao papel.
Ao que por aí leio, o receio da insegurança tem assentado em dois aspectos: que os cativos dêem em fugir e os guardas que vão em seu alcance dêem em atirar em tudo o que mexe e não mexe, decorrendo não se poder dormir uma soneca descansado à sombra dum chaparro pelo risco do pijama poder ser confundido com a farda dos irmãos Metralha e levar-se chumbada da grossa, e até – eis aqui o cerne, a ‘chicha’ da preocupação – as previsíveis visitas aos reclusos, que aos fins-de-semana por certo facilmente ultrapassarão a fasquia do milhar, serem mais que famelga e amigos dos ditos e mais seus gémeos de más atitudes e reprováveis procedimentos, apenas por falhas policiais e judiciárias ainda em liberdade. Entra-se abertamente na xenofobia quando, em concreto, li termos como ‘ciganada’, dada como pesadelo inevitável que se apoderará de casas, terras e bens aquando das visitas a familiares detidos.
Entre todos os males previstos com a chegada da presidiária, o que me colhe mais simpatia é a perda do sossego campesino – embora a juventude ‘se raspe’ para as cidades assim que surja oportunidade -, levanta-me dúvidas o abate de sobreiros, quer pela dimensão que pelo que se percebe ainda ninguém conhece ao certo e pela viabilidade da sua substituição case de trate de árvores jovens – lá, na Herdade dos Gagos, o que não falta é mais área para florestar -, e o que me assusta é a insegurança, mas ao contrário dos ventos mal-cheirosos propalados e de que atrás deixei um ligeiro ‘smell’, pois, se a ‘segurança’ e ‘paz’ em que até agora temos vivido sem a existência da penitenciária à porta das nossas casas está assente em vizinhança com esta forma de olhar e temer o mundo, sinto-me mal avizinhado. E não o sabia: ficou a descoberto com a histeria que às vezes a política veste, ignorando irresponsavelmente que o seu eco pode acordar sentimentos menos gratos e louváveis que o amor à natureza, a exemplo o temor e ódio ao nosso semelhante que seja um nadinha diferente – não é preciso ser verde e ter antenas, basta ser cigano, ou àqueles que louvavelmente visitam um familiar ou amigo detido com a mesma intenção – e porque não compaixão? – com que se o visita se ele estiver num hospital e não na cadeia.
É isto que me alarma e que não pude calar: à porta da nossa casa habitam seres com duas caras, conforme seja a do interlocutor: és da terra e confio assim-assim, és de fora e mantém-te longe que ai Jesus ainda me roubas ou matas. Pior ainda se ele tiver tez ou pronúncia diferentes da sua. E interrogo-me: este chinfrim político – e a procissão ainda não saiu do adro - que nasce com núcleo duro em volta duns chaparros mas onde o tema da ‘insegurança’ já aflora nas franjas, será e terá igual vozeirão para erradicar estes sentimentos e medos que ele, involuntariamente mas ‘ele, chinfrim’, despertou? Oxalá que sim. Política responsável passa obrigatoriamente por aí, pelo esclarecimento sem tibiezas das dúvidas e das razões, também pelo firme apagar à nascença de fogos que incendiou, acredito que involuntariamente. A ver vamos. Afinal a maior verdade disto tudo está no parágrafo anterior: a procissão ainda não saiu do adro, e muito tem o andor de jornadear: é preciso é ser bem transportado e acompanhado.
Não termino sem declaração de interesses: haja acto grave impensado ou grande carga de azar na vida, quer na minha quer na tua, leitor, e qualquer um de nós pode ser hóspede contra vontade da dita: a nota optimista é que, cá perto, fica a vida facilitada para as ‘visitas conjugais’. et voilá...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

a Imagem, a Realidade






... e não me venham com 'estórias' acerca das "causas": quem deixa a economia chegar a este ponto só merece os nomes que não digo porque sou bem-educado, e se lá dentro não se dizem é porque há MEDO.


(fotos obtidas em Grupos MSN, mas não vale a pena linká-los: apenas são visualizável pelos participantes regularmente inscritos)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

viva! viva! viva!

... e é agora, antes do jogo começar, que se devem dizer certas coisas.
primeiro, que entretanto nem a gasolina ou o arroz descerem o preço; segundo, que estão a preparar mais umas 'fodinhas' quer na electricidade quer nos telemóveis: naquela parece que quem paga vai pagar por ele e por quem não o faz; nestes, já estão a afiar as garras para o que parece(ria) impensável: roaming total, constante: um gajo paga quando recebe uma chamada e não só quando a faz.
e chega, afinal ainda só são os quartos-de-final e até darmos o berro ainda falta um pedaço, coisa para mais umas jornadas como estas e estamos lá.
ok. acho que é às 19.45. na 4. e que ganhemos, tá claro: cá em casa perdemos, vivam as vitórias fora!

segunda-feira, 16 de junho de 2008

o Verão e o que se verá



engraçei com esta imagem. achei-lhe piada, pelo ângulo, pela composição, enfim, claro que também pelos giros montículos em realçe. o Verão está aí e haja olho de artista que muito haverá a "fotografar". nada de errado, é humanamente saudável e doentio é negá-lo.
não que lá, onde a descobri não haja carradas de mais sugestivas, ousadas, belas q.b. e até no excesso de adornos que empalidece a beleza natural. em minha opinião, respeitando mesmo assim o meu 'outro' que, à vista desarmada dalguns espécimes como os que pelo blogue linkado se vêem e à fartura, lá lhe calha e não resiste, e saliva mesmo sabendo que isso é feio e não se faz. provavelmente com o Verão curo-me, e isso são só restos de abstinência visual invernal.
a alternativa é que sou tarado por rabos. hei-de decidir/descobrir. é por causa desta dúvida que, navegando, dou com lindos blogues como aquele... cheguei lá pela coluna de links da Maria Árvore*, alguma vez na blogosfera há melhor sinaleira? lol
;-)
* smack, muy casto e grato

Epistolar para a Terra do Sonho – elogio a Hyde Park

(…. pontilhado prévio vário, à volta do ser ou não absurdo o dispêndio em jogos de fortuna e azar)
E o Sonho, Johnny? o e os tais que só com cheques se resolvem - que os há, já não somos crianças com mesada e berlindes no bolso, e neles uma leiteira que salva qualquer enrascanço? Dois euros à semana alimentam a (vaga) esperança duma vida desafogada, uma reforma que eu e a Webina (já) merecemos pois cada ano que passa já pesa a dobrar, um grande empurrão à vida dos filhos mais velhos e o assegurar que as potencialidades da mais nova não se perderão, por escassez de recursos de quem tem de lhos prover. Tanto, e tudo material... Os Sonhos - os tais! - esbarram sempre neste muro que às vezes não sei, sabemos, escalar e fica-se no mesmo sítio com mãos, cotovelos e joelhos esfolados, a pele riscada pelo vermelho da derrota e da dor. Eis um lado, agora conto-te do outro e de como este íman íntimo atrai e repele e esse equilíbrio desiquilibrado alimenta de sexta a sexta, projecta um filme sabendo que o é eu, espectador, haverá hora em que terei de me levantar e deixar a sala e o escurinho, sair e enfrentar os raios cruéis do Sol a olhar o que sobrar da sessão múltipla que se vive, escrevendo-a.
Não abdico de fechar os olhos e deixar de ver, sonhando apenas. Não - respiro isso por sábio conselho íntimo dum mago ou duma vidente que mo leu numa bola de cristal: "não sobreviverás sem Sonhar, pois sem eles nada és e deixarás de acreditar que serás". Mais ou menos isso, Luna Park ou Parque Eduardo VII, um mago ou uma cigana, um engano de mim próprio como outro qualquer. Dois euros, a consulta semanal. Há vidas e momentos. Nesta e neste não consigo dissociar um sorriso Hoje e Amanhã sem a certeza que nesses mesmos dias o suporte material não claudicará. Senão fica este ricto de lábios amarelo ou amargo, lábios comprimidos e que comprimem a graça que não sai e não se escreve, o poema perro, o texto encravado. Eu, avariado.Dois euros à semana amenizam e enganam, são placebo mas também consolo. Iludem mas revitalizam. gastam-se mas é conta de farmácia suave, quando se pega na bula e lê-se as maleitas que curam, doseado e com conselho avisado por causa do perigo das overdoses. Dois, são dois. Pra semana outros dois e pra semana sei lá que ilusões precisarei para me agarrar aos 'dois' e não desanimar, alçar a gasta bandeira do Sonho como se fosse ainda viçosa e o seu brilho cegasse como já cegou quando acreditava no Pai Natal. É o meu remédio, e nas semanas em que falha ou por esquecimento ou por falta de receita para o avio, sinto-lhe a falta misturada nesta angústia da carência, da dependência do Sonhar: cá fora faz frio, seja que estação for e aquele manto é mágico - disse-me o tal ou a tal vidente. Ou disse-o a mim como agora to digo a ti.
É como o outro remédio que tomo diariamente, as pílulas de Musas que fazem sorrisos Colgate. Foi noutra tenda escura, paredes de caniço e telhado de chapa que tomei a primeira dose e desde aí fiquei adicto. Hoje, sofisticado por uma educação falsificada, coisa fina de autodidacta, digo-me aficionado e até ponho um lacinho se quiserem para o retrato. É tudo mentira: sou é um viciado, um adicto, e cheiro mal do sovaco. Adicto com cê antes do tê, sem acordo que faça o desmame a tal droga de que dependo: o amor perfeito, sofrido e chorado, juvenilmente platónico ou rasca de velho devasso - à escolha pois desde que a forma em nuvem sirva, o sapato e a sandália pra lhes trepar são sempre as Ideais. O suar fininho. As rezas e os conflitos espirituais do frade. Tudo, mas tudo está nesses e neste entrelinhado.
A vida literária está recheada, grávida com águas sempre correntes, de estórias como esta, de Sonhos escritos e que só são escritos porque não são realizados. Perversamente realizam-se no acto de escrevê-los, são tese e antítese, um Joker no rótulo do tinteiro. Fechada a caneta ou antes de abri-la entram pingos pela janela que molham as folhas e, a tantos, tantos! inutilizam a alvura da escrita que têm dentro de si – não gozem com a alvura pois que a há: eu já a vi, li. É por isso, diz-se nos ‘mentideros’ e alguns escritores chibam-se nos seus livros acerca dos outros, que os escritores são todos dependentes, adictos, agarradinhos ao pó das Ilusões. Fazem linhas de letras que snifam e depois arrumam noutras linhas, agrafam-nas e vendem-nas assim. Vivem disso, vivem assim. Em cada cinco que se lêem lá vem um. Eu Sonho, sonho-o assim, eis-me falho de originalidade mas magnânimo ao espelhar-me.

Semanalmente gasto neste tráfico dois euros, e de sábado a sexta vou escrevendo, escrevendo, escondendo o pensamento secreto de que à sexta descansarei. Farei um ufff! do tamanho do Mundo e, findo o repouso que cansará, dele depois darei conta ao mundo na forma mais simples que conseguir dizê-lo sem me engasgar. Que desejo que seja escrevendo-o, pois esse foi sonho dos sonhos e o primeiro de todos a ruir e levar-me ribanceira abaixo. Não sou W, X ou Y, sou o Gil e nem a mim me conheço - embora goste de ler e reler este desconhecido. Conheço-lhe as taras, os hábitos, os defeitos e as virtudes. Adivinho-lhe as alegrias e sofro com ele as dores. Comungamos um destino, enlaçamos as mãos e já não há forma - ou a queremos! de nos desunirmos.
Já viste que tanto, o tanto que dois euros à semana alimentam, Johnny? quantos enganos e enlaces proporcionam, que ruína e desgraça cairia se o Sonho acabasse e sobrasse o vazio das sextas estendido até à sexta seguinte, sempre, semanas e semanas sem sonhar, escrever, sorrir, imaginar? enganar-me? Não posso: estou 'agarrado'. Hyde Park espera-me mas terá de aguardar mais um bocado. Um abraço, mano. Fecha os olhos e imagina o mundo pelos meus e terás o flash de quando a droga penetra na veia e ilumina a realidade, pintalgando-a tal e qual como da primeira vez que pousei uma mão num seio, paredes de caniço e telhado de zinco, gasta esteira no chão: foi aí que comecei a sonhar além dos sonhos da minha idade e condição, eis o Princípio do Mundo e da tal nuvem de que a cigana falou em cavalgar. Entretanto foram-se quarenta anos e há a correcção monetária, a crise do petróleo e a inflação: tudo está mais caro. Na altura o upa, upa na idade mental eram uns enormes vinte escudos e em prata; hoje são duas rodelas de metais duvidosos, que em Euros dizem ser quatrocentos escudos o preço que se paga. Mas o mago, a cigana e a vidente, todos e todas me avisaram: Sonhar tem preço, e ele tem de ser pago. É o que faço - e por receita caseira, o que obriga a que o escadote e Hyde Park ainda vão ter de se aguentar sem o show de eu lá trepar.

domingo, 15 de junho de 2008

Chez.03

a Maria Árvore mudou o saleiro e o tinteiro já há tempos e eu ainda nada dissera, ciumento que sou.
mas como estamos em Festas Populares e é nestas alturas que o Sol quando nasce deve ser para todos e todas que ainda estiverem acordados... (quem não conhece a "Chez Maria" vá lá e perceberá)... aqui fica o link..
pronto, divirtam-se tanto como eu. e não me refiro exclusivamente ao lado pictório embora ele seja de arregalar o olho, seja ele de 'mangusso' ou de 'pitinha': a escrita tem momentos sublimes. ah! as caixas de comentários são um 'must'.
digam lá quem é amigo, hein?

Vem sentar-te comigo, Musa

Vem sentar-te comigo, Musa, à beira do teu rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
.......
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé da futilidade,
Mais longe que os deuses que nos espreitam desejariam.
.......
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos ínócuos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente - mas ardentemente
Que com desassossegos públicamente grandes, tão feios de grandes.
.......
Sem amores, ódios, paixões que levantem a voz além do sussurro ciado,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos
que só devem ver-se no nosso âmago fitados.
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio correria sempre manso,
E com ele nós não esbracejariamos ardores e iríamos desaguar no mar onde moram
cavalos-marinhos e suas éguas, disfarçadas em lulas de mil braços
e tantas, tantas ilusões.
.......
Amemo-nos tranquilamente pensando que podemos,
Sempre que quisermos, trocar beijos e abraços e carícias.
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-nos nele nadando em sincronia,
até a foz emudecer o arrulhar das águas.
.......
Colhamos flores! pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o nosso momento —
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da própria inocência.
.......
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque ao enlaçarmos as mãos e nos beijarmos
Nem fomos mais do que crianças, sonhadoras, mas inamovíveis crianças.
.......
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti,
fora o salgado do rio que desagua no mar e de caminho lavará a face.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim — à beira-rio,
Pagã triste, Musa eterna com as nossas flores nesse amado regaço.
.......

(variação livre sobre o poema de Fernando Pessoa-"Ricardo Reis", Vem sentar-te comigo, Lídia)
NOTA: o pouco que sei de "html" não me permite editar o poema respeitando a elegância de forma do original. designadamente o 'espaço' no início de certas partes. clicando aqui pode ver-se o que, cá no blogue, não consegui fazer.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

da "champions" e da decisão d'hoje, da histeria no geral

que internamente 'hajam casos', disso nem o FC Porto nem nenhum se safa: o futebol nacional cheira mal de muito atrás da hegemonia do FCP. e mesmo durante esta, os demais se não fizeram igual ou pior é porque não conseguiram - houve quem tentasse o Guiness e se lixasse. não há nem houve Santos, e quem acreditar que os haja acredita ainda no Pai Natal. ainda internamente, resta olhar o lado desportivo, bola-jogada-na-relva. aí a hegemonia do FCPorto tem sido clara, algumas oscilações mas clara.
exteriormente, UEFA & Cª... nem o FêCêPê nem nenhum dos outros calmeirões (cá na terrinha) tem pinta, gabarito, altura ou peso específico Nacional para arrotar postas de pescada, quanto mais para falsificar - sequer ousá-lo!... o peso da mesma. ora os títulos internacionais do FCP existem, e não é admissível duvidar da sua legitimidade e mérito desportivo.
haja calma. não é o Tribunal de Alguidares de Baixo que está/vai decidir este assunto. não se transporte além fronteiras o clima de ódio clubístico que cá dentro grassa: é feio, dá mau aspecto e cheira pior. cá dentro não se nota tanto pois já nos habituamos ao smell a sovaco-de-baixo. mas, os outros...
assina um que não é adepto do FCP, SLB ou SCP. sequer ferrenho de futebolês, felizmente.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

CR7

tanta verdade junta sobre o comportamento mercenário (ou infantil?) do "melhor jogador do mundo"...
e do seu digníssimo "Agente" está claro, pois ele não as matuta nem se mete nelas sozinho. em seu benefício até quero crer que cai nelas por empurrão.
espero que não esteja a destruir o resto da sua carreira profissional que tão longe ainda pode ir, e a comprometer o início da de Adulto, em nada menos importante que a outra.
espero, mas não tenho certezas tais os sinais - que um jogador ícone não é só golos e fintas, há que e exige-se mais!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

MST

nunca foi gago. há vezes em que abusa um bocadito nos perdigotos, mas noutras parece o Guilherme Tell a acertar na maçã, digo na 'mouche', aliás digo é nos "Furacões" e "Fundações", e outras gordas off-shorices.
ora leiam esta crónica, Heróis do ar

outro

descobri-o por acaso. numa leitura 'transversal' agradou-me sem desgostos de monta. e no inverso, escrever q.b. não destoa.
a espreitar de vez em quando.

sábado, 7 de junho de 2008

eu, a bola e o Inferno



não sou ferrenho do futebol. aliás, raramente tenho paciência para aguentar 90-noventa-90 minutos a olhar para aquela parvalheira - que a é quase sempre. se numa 'época' vejo um, dois jogos inteiros, será muito. às vezes até penso que podiam dar só os golos e estava a despesa feita... até porque desconfio muito daquilo, acho-a coisa meio amaricada pois os gajos servem-se do pretexto dos golos para andarem aos beijos e a apalpar o rabo uns aos outros.

também não sou um nacionalista adicto, tipo bandeirinhas, futebóis e hinos. que os deuses me livrem de tal pacóvice histérica. gosto de cá andar na generalidade e queixo-me do que tenho de me queixar, assim como me agrada o que agrada a todos que sabem olhar, cheirar, sentir. há cá mais que Mar e Sol. mas não vejo nisso razão para andar aos berros ou - o caso - comprar um cachecol e pôr-me apalermado em frente ao televisor. gosto mais de bejecas, se é para figuras tristes.

mas há jogos em que gosto de estar "um olho no burro, outro no cigano". quando (raramente) dá o meu Belenenses na tv, quando é um dos tais duelos de fazer gemer de paixão e ódio meio país, e nalguns jogos da selecção. poucos, mas alguns aguento-os mesmo. em 2004 consegui ver três ou quatro inteiros, e quatro anos depois não me arrependo: se vier a ter netos dou-lhes uma seca a contar-lhes dos penaltys e do Ricardo ou, não os havendo, daqui a vinte anos 'escrevo' sobre isso, quando já ninguém se lembrar :-)

hoje é uma merda. no anfiteatro da Biblioteca, às 21.30, há um concerto de malta porreira, coisa que imagino futurista pois é tipo som + imagem, e eu fui convidado pessoalmente. primeiro por mail, e depois recordado cara-a-cara. e o jogo a começar às 19.45. o que com intervalo e 'descontos' leva-o para, a correr normal, lá para as 21.40. moro praticamente ao lado da Biblo e em dois minutos ponho-me lá. mas vou chegar atrasado. a não ser que a meia hora do fim já estejamos a perder ou a ganhar por cinco a zero. o meu problema certamente é o de muitos: a hora não foi pensada em 'futebolês' e a realidade é que esse é um dialecto com forte implantação popular.

este, por ter a mística do primeiro jogo, é dos tais em que estarei a fazer a minha vidinha, a escrever(-vos) e loar(-vos) os lindos predicados que pôem-me a suar fininho*, mas quero ter o tal olho no burro e o segundo no cigano: a tv ligada e o som quase em off, para quando o locutor ficar histérico mandar-lhe a tal mirada estrábica e mandá-lo à merda ou arregalar o olho torto.

à hora ou atrasado, lá estarei. temo é que seja na segunda hipótese e disso vou já dar e-notícia para ela, a «avisadora», não pensar "andei a gastar o meu latim em mails e aquele desgraçado nem cá meteu os butes, e ainda por cima ontem falamos nisso! sacana! nunca mais te aviso de nada nem te mando anedotas giras!". enfim, julgado e condenado à revelia, depois a cumprir pena e a coçar o cocoruto a ver se descubro o porquê...



* suar fininho é delicioso. um bocado sofrido mas o tsunami de pensamentos que-não-se-contam alaga-me e nado neles que nem o Mark Spitz em Munique, '72. puro gold. enfim, são coisas do Frei, esse alter ego que me atormenta neste vai-vem interno e eterno, entre a Tentação que me levará aos urros pra dentro do caldeirão recheado de febras e mais pecados, e a Remissão que dele me pode salvar mas condenando-me a missas e dieta de sopa de lentilhas nos recônditos da minha cela para toda a eternidade... lol

EXEMPLO PRÁTICO: o jogo já vai com 33:36 e até assisti a um golo nosso (mal) anulado, uma bola no poste deles, e... entretanto fui e vou escrevinhando!
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AINDA A TEMPO: o concerto foi impecável. abençoada hora em que o músico & compagnons de route, após árdua tarde de mui e esforçado trabalho, decidiram ir jantar e ver o final do jogo, e abriram o tasco meia-hora mais tarde. avé!
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AINDA MAIS A TEMPO: afinal o golo foi bem anulado. também não fez falta, mas compunha mais o brilho do score-ramalhete.