quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

leituras

"Jovens corações em lágrimas", Richard Yates
"A caça aos sábios alemães"; Michel Bar-Zohar
"Segredos diplomáticos (1939-1945)", Jacques de Launay

"Os cães", Ola Nilsson
“Linha do Horizonte”, Aguinaldo Fonseca
“Godido”, João Dias.
"Mixórdia de temáticas, série Miranda", Ricardo Araújo Pereira
"Os 100 grandes erros da História", Bill Fawcett
"O assassino do laser", Gellert Tamas
(em curso)

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

anti-AO

(foto fanada no Fcebook)
isto requer medidas de excepção: veto ao voto em partidos que não incluam nos seus programas a imediata suspensão do AO!

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

não vou em grupos e sei bem o que quero

1 - já tenho idade e experiência acumulada para não 'ir em grupos' e defender sem rábulas e sem medos aquilo em que acredito. já há meses que pensara decidir o meu voto nas próximas legislativas seguindo à risca um coador/filtro que me é querido: só poderia votar em partidos em que do seu programa conste a abolição do AO'90, ou pelo menos a sua suspensão imediata para uma revisão. e, caso vários o propusessem - oh, idealista que sou... - então os tais "outros valores" tomariam o seu lugar na balança da decisão. mas até lá serei pragmático: és omisso quanto ao horrível e inominável? estás fora (do meu universo eleitoral). és a favor do "crime"? ainda pior. nem penses, e ficas com uma cruz na testa que deverá durar até o meu nome ser abatido dos cadernos eleitorais. simples! e não engulo sapos;
2 - ainda o AJSeguro andava todo lampeiro nas TV's a fazer figurinhas, e já eu clamava «ó Costa! ó Costa!» por entender que ele era um líder fraco, despido de carisma e mais uma série de coisas que fazem um líder da Oposição ser visto como verdadeira alternativa ao Poder, e também porque estava fartinho do ver e ouvir, e arrepiar-me ao pensar que, caso ganhasse e ele fosse promovido a P.-M. teria do gramar não só todos os dias como ainda por cima em dose reforçada. e fiquei contente com a sua derrota nas Primárias do PS e com a vitória de António Costa. e terei contribuído com a insignificância dum número mais, pois até me inscrevi como simpatizante e votei., pois considero-me um simpatizante do PS, e seu eleitor natural;
3 - Assim, ao ler hoje no jornal que Antº Costa já divulgara a moção que levará ao Congresso que o entronizará, naturalmente li-a de A a Z, quer com a curiosidade do insatisfeito com quase tudo que actualmente se passa, desejoso de mudanças para melhor, quer com especial minúcia às medidas aventadas nas áreas 'Educação' e 'Cultura', na esperança de lobrigar reflexos às minhas esperanças anti-AO. debalde! nem uma pequena menção a uma revisão. digo-o com tristeza.
4 - serei coerente e consequente. o caminho faz-se caminhando e se o voto é uma arma então uso-a

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

leituras

"Efeito Borboleta e outras histórias", José Mário Silva
"Lenin Oil", Pedro Rosa Mendes
"A lista da morte", Frederick Forsythe
"No limiar da eternidade"; Ken Follett (em curso)

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

leituras

"Alabardas"; José Saramago
"O velho gringo", Carlos Fuentes
"Contos completos de Ambrose Bierce"
"Confissões sexuais de um anónimo russo"
"V." Thomas Pynchon (em curso)

terça-feira, 23 de setembro de 2014

leituras

"iCon - Steve Jobs: o maior renascimento na história da Gestão", Jeffrey S. Young e William L. Simon
"O leilão do Lote 49", Thomas Pynchon
"Biribi", Georges Darien (em curso)
"A Guerra dos Tronos" . vols. 1 e 2, George R.R. Martin (em curso)
"As feiticeiras", Jules Michelét (em curso)
"Vício Intrínseco", Thomas Pynchon (em curso)

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

leituras


"Milénio I - A caminho de Cabul", Manuel Vásquez Montálban
"O meu Pipi- Sermões", anónimo
"Poemas", Giorgos Seféris
"Uma outra voz", Gabriela Ruivo Trindade
"A casa da aranha", Paul Bowles (em curso)

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

leituras


"O prémio", Manuel Vásquez Montálban
"A confraria do vinho"; John Fante
"Inquietude"; William Boyd
"Espionagem na guerra", John Keegan
"A noite das facas longas", Paul A. Maracin
"Fotos + Grafias", José Carlos Ary dos Santos e Nuno Calvet
""Amor em tempos tristes", Hanif Kureishi (em curso)

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

leituras

"Vidas perdidas", Nelson Algren
"Os pássaros de Banguecoque"; Manuel Vásquez Montalbán
"Pergunta ao pó", John Fante
"Obras em colaboração, Vol. 1", Jorge Luis Borges
"Por que comi o meu pai?" Roy Lewis
"Onze histórias de solidão", Richard Yates
"Sempre o Diabo", Donald Ray Pollock (em curso)

quarta-feira, 16 de julho de 2014

leituras


"Os grandes mistérios da História"; v: a.
"Pagos a dobrar", James M. Cann
"Os filhos do Éden", Ken Follett
"O capitão Passanha", Mário de Carvalho
"Telefona se precisares de mim", Raymond Carver
"A Primavera há-de chegar, Bandini", John Fante
"Gostamos tanto da Glenda", Julio Cortázar (em curso)
"Estrada para Los Angeles", John Fante (em curso)

sexta-feira, 27 de junho de 2014

leituras


"As mulheres dos nazis", Anna Maria Sigmund
"Os Kibalas - sua origem e tradição"; Gabriel Vinte e Cinco
"Meridiano de Sangue", Cormac McCarthy (releitura)
"O guarda do pomar"; Cormac McCarthy
"Do que falamos quando falamos de Amor", Raymond Carver
"Uma vasta e deserta paisagem"; Klell Askildsen (releitura)
"Um repentino pensamento libertador", Kjell Askildsen (em curso)
"Catedral", Raymond Carver (em curso)

sábado, 14 de junho de 2014

"lidos"


"Tempestade", William Boyd
"O repórter do Kiribati", Henrique Monteiro
"Queres fazer o faor de te calares", Raymond Carver
"Três rosas amarelas", Raymond Carver
"A Nossa Necessidade De Consolo É Impossível De Satisfazer", Stig Dagerman
"O Prazer da Escrita 2013", v. a., FNAC
"A amante Colombiana", Lars Gustafsson
"História com cão", Lars Gustafsson
"Prosa do Observatório", Julio Cortázar
"Anjos", Maria-Teresa Horta
"Rã no pântano", Antº Almeida Santos
"A casa de papel", Carlos María Domínguez
"Life", Keith Richards
"A guerra secreta de Salazar em África", José Duarte de Jesus
"Acta Est Fabula - Memórias", Vol. I, Eugénio Lisboa (em curso)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

em quase tempo de Feira do Livro: "A Casa de Papel", Carlos María Dominguéz


«Eu não risco os livros. faço as anotações à parte e introduzo-as nas páginas enquanto trabalho. Depois retiro-as e atiro-as para o cesto dos papéis.
- Porque não as conserva? - perguntei admirado.
«Repare. Não é qualquer um que escreve. Quer dizer: não o deveria fazer. (...)»
(...)
«Confesso-lhe que algumas reflexões me tentaram, mas um leitor é um viajante através de uma paisagem que se foi fazendo. E é infinita. A árvore foi escrita, e a pedra, e o vento na ramaria, a saudade dessas ramagens e o amor ao qual emprestou essa sombra. E não encontro melhor sina que percorrer, em poucas horas diárias, um tempo humano que, de outro modo, me seria alheio. Não chega uma vida para percorrê-lo. Roubo a Borges metade de uma frase: uma biblioteca é uma porta no tempo.»

---/---


«Foi o primeiro sinal de que alguma coisa não estava bem. Certa tarde, aqui mesmo, onde o senhor está sentado, explicou-me o trabalho que tinha para não juntar numa estante dois autores que se tivessem zangado. Não se atrevia a colocar um livro de Borges ao lado de um de García Lorca, por exemplo, a quem o argentino qualificou de «andaluz profissional». Nem tão-pouco uma obra de Shakespeare junto de outra de Marlow, dado as insidiosas acusações de plágio entre os autores, se bem que isso o obrigasse a não respeitar os números seriados de cada volume da sua colecção. E tão-pouco, naturalmente, um livro de Martin Amis e outro de Julian Barnes, depois que os dois amigos se enfrentaram, ou colocar Vargas Llosa junto de García Márquez.»



---/---


«Um amigo encontrou-o a cear de frente para uma magnífica edição do 'Quixote', pousada num atril, atrás de um copo de vinho branco. Entenda bem, não o que ele segurava na mão, mas aquele que, curiosamente, fora servido ao próprio livro.»

in "A Casa de Papel", Carlos María Dominguéz, ASA. 2 €, no Continente

domingo, 25 de maio de 2014

ah, quem me dera ser cavalo... fincava-me bem firme e alçava a garupa bem alto, emergindo, emergindo da lama dos tempos, as patas traseiras flectidas, e depois soltava-as em impulso, qual mola distendida, os cascos faiscantes atingindo-os nos queixos... ah, quem me dera ser cavalo, e que belo coice os filhos da puta levariam...
depois vi que não tinha patas mas sim mãos, levantei-me e fui votar

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Kiribati, sempre!

apropriei-me de Kiribati na altura em que instintivamente percebi que a ilha que procurava não existia à vista, mas não me conformava em ficar solitário num qualquer atafulhado cais da vida. difusamente criei-a, sem contornos mas luxuriante de qualidades, sabia que nas névoas da minha necessidade ela existia e quando dei com Kiribati (por aqui, por esta Net tão excessiva como capaz) a sonoridade fantástica do seu nome, a solidão dum recanto tão longe, tão longe, e a imagem perfeita, perfeitinha até na ponte não-caias, fizeram o resto: mudei-me para Kiribati. houve uma altura em que até aqui, e no facebook, indiquei-a como local de residência. carreguei para lá tudo. livros, musas. incluí-a em poemas. sorria quando me gozavam com os meus apelos por Uma ilha!, Uma ilha! pois eu tinha Kiribati. era o meu refúgio prometido, e lá, lá, tudo o que é perfeito demais para acontecer nas bordas dos nossos cais - mas existe, ó se existe... - ia-se acumulando. terá havido alturas em que os meus cargueiros partiam camuflados nos tons cinzentos da chuva em que vivia, mas algures, conforme se aproximavam de Kiribati, da minha Kiribati, ganhavam flores e encantos, cores e cores, e quando aportavam eram praias e praias cheias dos meus sonhos, tudo espantosamente belo e perfeito porque tão rejuvenescidos quanto eu: lá adolesço sem receios de críticas. Kiribati, sempre! nem o seu triste destino me afugenta a paixão, pois se tiver de se afundar nas águas sou-lhe dedicado quanto baste para acompanhá-la, na condição do último dos últimos barcos de resgate levar os meus livros.
quando há coisa dum ano atrás li que Henrique Monteiro tivera o desplante de escrever um romance com trama e sei lá mais o quê situados na minha ilha a primeira reacção foi uma gargalhada, «ah ah, tarde chegaste!», e em pose de amuo e nariz empinado desviei sempre atenções e trocos para outras leituras. um gajo com direitos não deve dar importância a arrivistas. mas com o tempo foi-se instalando um incómodo. mesmo quando ainda cá nunca fui mau vizinho para ninguém. e lá? não pode ser. se um tipo qualquer descobriu o caminho marítimo para o meu segredo e refúgio não é correcto continuar a fazer que não se passa nada, que ele não existe, não mora lá, e continuar a passear em pelota pelas minhas praias fazendo vista grossa a qualquer novo vizinho, mesmo se abusadoramente lá instalado.
então o livro entrou cá em casa. já há uns meses, é verdade, mas mesmo que o tenha até hoje ignorado sabia bem em que estante e em que prateleira estava, e hoje vou tirar o espinho do pé. aquelas imagens-minhas estão repletas de experiências de vida, chamem-lhes sonhos e desminto-o porque, afinal de contas, Kiribati existe e ainda não foi águas abaixo, e tenho curiosidade em ver o certamente pouco que ele (de mim) viu. acabei à bocado o espantoso relato de amor incompreendido de Elizabeth Smart - outro que vai para a ilha -, e é altura de fazer uma visita cheia de boa-fé ao vizinho. cordial. vou de peito aberto, disposto a aceitar tudo o que ele me conte. depois logo se vê. ou tenho parceiro para desfiar memórias e razões de degredo idílico, ou faço humpf e empino o queixo e ficamos por uns olá, bons dias distantes. até ele se fartar e escrever outro. bem distante, espero. é que eu cheguei primeiro!

segunda-feira, 28 de abril de 2014

lidos

"Castelos de raiva", Alessandro Baricco
"O céu é dos violentos", Flannery O'Connor
"Tudo o que sobe deve convergir", Flannery O'Connor
"Um bom homem é difícil de encontrar", Flannery O'Connor

"Landru, precursor do feminismo", Jean-Baptiste Botul
"Liberdade de pátio", Mário de Carvalho
"País de Abril", Manuel Alegre
"Contos bastardos", José Espúrio
"Resumo - a poesia em 2013", FNAC
"O estrangulador", Manuel Vásquez Montalbán

"Anjos", Denis Johnson
"Regicídios que mudaram a História", Américo Faria
"Sorte do Diabo", Ian Kershaw
"A Inquisição - o reino do medo", Toby Green
"ALCORA - o acordo secreto do colonialismo", Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes
"Contos naturais", Carlos Fuentes

"Lionel Asbo", Martin Amis
"A última cartada", Ben Mezrich
"Boas notícias, más notícias", David Wolstencroft

"Outono alemão", Stig Dagerman
"Nenhum nome depois", Maria do Rosário Pedreira
"A última receita", Torgny Lindgren

"A lebre de Vatanen", Arto Paasilinna (em curso)

domingo, 23 de março de 2014

Primavera


o tempo enevoou-se, e as pepitas de saudade que germinavam esperanças caem, ruem, pó és e ao pó voltarás.

ao pó e às collants. onde andam as mini-saias e os calçõezinhos, caramba? agora que isto estava a ficar tão bom...

leituras


depois duma sova de - sucessivamente - David Vann ("A ilha de Sukkwan"), Alessandro Baricco ("Castelos de raiva"), Lars Gustafsson ("A morte de um apicultor"), Stig Dagerman ("Jogos da noite"), e Flannery O'Connor ("O céu é dos violentos"), arfo, derreado, moído, necessito de piedade, sopinhas e pensos rápidos. dói-me a alma, o espelho, o cotovelo, e até a minha placidez hesita, tentada a ceder guarda por troca com um qualquer empreededorismo como hobby, certamente com riscos mais suaves do que estes mares tão encapelados. cheguei a ponderar dedicar-me de alma, coração e corpo à política nacional. estou que nem posso, como vêm. 

para reconfortar-me fui à caixa de prendas da Editorial Presença e tirei um biscoito: a dieta completa é impossível, sem alimento morre-se, o que era uma estupidez pois terei bem mais duma centena ainda por ler. chama-se "A última cartada" (escreveu-o Ben Mezrich), trata de golpadas em casinos, e segundo as loas da contra-capa até deu um filme. para dieta não deve ser mau. gosto de thrillers bem esgalhados, já lhe li três capítulos e promete diversão e mamar-se num ápice. sem dores, tipo sossego de fim-de-semana. um gajo não é de ferro e a tareia foi dura!...

VPV

aprecio-lhe a verve, elegante até a mandar à merda tudo e todos, o enciclopédico saber, arrogante, mas quem sabe como ele sabe acerca do Liberalismo e dos tempos da I República tem o direito de chapá-lo, nem que às vezes a trouxe-mouxe quando fala doutra coisa qualquer. nas suas elucubrações acerca dos "nossos dias" não se atém ao dito comum mui sapiente, lido e ouvido mil vezes: ousa. ousa errar sem medos, com a altivez suicida de quem não deve nada a ninguém e, mais, acredita piamente ser o indivíduo mais inteligente no seu prédio. na sua freguesia. em resumo, não é hipócrita. assume-se. mal ou bem assume-se. e - qualidade que nunca é demais evidenciar - ele e o abjecto politicamente correcto nem sequer são vizinhos. eu gosto disso. gosto dele. não me influencia: dá-me prazer. escreve bem de bem, ninguém lhe desconhece as famílias políticas ou sociais, ou ele as esconde, mas as suas leituras e análises são transversais, batem forte e feio em tudo que mexe. (dizer bem é mais difícil, se não impossível; mas isso já sabemos, e o seu mau-feitio até tem piada.)
isto tudo para dizer mais uma coisa: irritam-me os que recusam lê-lo por razões de hino e bandeira. de cor política. por palas de burrice, a tal cegueira ideológica. os que quando se olham ajeitam a farda, e só sabem marchar, marchar, marchar. talvez uma forma de vencerem o medo do apeio à ignorância que fica no fundo do copo quando se espreme um fruto já espremido e ralado pela História. e enchiam-se (bela metáfora) lendo-o. talvez lhes entrasse que afinal isto não é tudo ou preto ou branco.
por bom exemplo a sua crónica de ontem  no Público:
-----
A sociedade de mercado
"Já leu o livro “O que o dinheiro não pode comprar” (não sei se está traduzido em português)?
Se não leu, leia. O livro é de Michael J. Sandel, professor de Harvard e, segundo dizem, “o maior filósofo vivo”. A tese de Sandel é simples e coincide com o espírito do tempo: há valores que o mercado diminui ou perverte. Comecemos pelo caso mais simples. Se alguém compra um amigo, não fica em última análise com um amigo, porque a amizade não pode ser objecto de compra. Se alguém resolve seduzir um homem ou mulher com modelos de cartas que tirou da internet (de resto, uma velha invenção), falhará no momento em que a burla se tornar pública. E o mesmo se aplica aos pais que “compram” os filhos com condescendência e com dinheiro; ou com os políticos que pedem votos com promessas falsas. O mercado deturpa ou anula a intenção e faz com que ela falhe.
Outros casos menos nítidos. Saltar a “bicha” ou a fila, como hoje se diz, comprando bilhetes mais caros na candonga ou alugando à hora quem espere em lugar do próprio, enfraquece essencialmente o civismo de uma sociedade. O gosto por um cantor, imaginemos por Tony Carreira, não se deve medir pelos rendimentos de cada um. E o que não admira que se passe com Tony Carreira ou, por exemplo, com um jogo do Benfica, acaba por se tornar dramático se um dia se alargar às listas de espera da medicina privada ou da grande advocacia. Pior ainda: nada impede o incentivo, tão caro aos teóricos do mercado, de se introduzir em áreas até hoje intocáveis. Pagar a um adolescente 5 euros por livro que lê, não prejudica para toda a vida o prazer da leitura? Ou pagar a uma mulher para ter ou não ter filhos? Ou adquirir ao Estado, através da corrupção, privilégios que ninguém legalmente consegue?
Estes mercados, na verdade negros, talvez sejam eficientes no sentido económico da palavra, mas pouco a pouco eliminam qualquer senso moral no cidadão comum. Vender o nome não é melhor. Um benfiquista gostava que o Estádio da Luz se começasse a chamar Estádio da PT? Um lisboeta gostaria que a estação de metro do Chiado recebesse o nome de Samsung? E um portista que a Torre dos Clérigos se tornasse na Torre Volkswagen? E Portugal inteiro não se importaria se o governo começasse a vender o nome de escolas, monumentos, praças, ruas, mesmo uma cidade ou outra a marcas comerciais, como sucede na América? Sangel não é com certeza “o maior filósofo vivo”. Mas descreve a sociedade de mercado que se aproxima e que é, essa sim, um perfeito inferno."

quinta-feira, 13 de março de 2014

lidos

A ilha de Sukkwan, David Vann
O crime de Lord Arthur Saville e outros contos, Oscar Wilde
Um aprazível suicídio em grupo, Arto Paasilinna (em curso)

sábado, 8 de março de 2014

lidos

A morte de um apicultor, Lars Gustafsson
O Gerânio - contos dispersos, Flannery O'Connor
Castelos de raiva, Alessandro Baricco (em curso)

ilhas

porque somos ilhas mas acreditamos em arquipélagos. porque somos nada na névoa duma charneca, mas encontramos um pirilampo e a sua luz ilumina-nos menino, gaiato, travesso, a puxar as saias às raparigas porque elas gostam, como disse um que era poeta e mangusso, essa comum mistela que se verte romântica. porque envelhecer é também um sorrir suave, por acreditar no infindável porvir. porque sim. porque se escrevem versos, porque se catam musas e sonhos e nuvens com o afã de ilhas secas, perdidas de rimas que ainda - ainda, ainda, ainda! - não nos beijaram. porque no fim, no horizonte, há sempre uma mulher. sim, porque sim. ilhas, mas todos sorrimos porque acreditamos em arquipélagos, talvez dito ecos não soe mais do que é: saudades do menino travesso. e isso é bom, e isso se renasce é por vocês

sejam muito felizes no vosso dia, miúdas

segunda-feira, 3 de março de 2014

empreendedorismo

haja água, que pagamos a puta da dívida num instante!
«(...) Talvez houvesse também uma réstia de snobismo, um certo sentimento de superioridade, de entender melhor do que os outros o que tudo aquilo na realidade significava.
Mas era também outra coisa: era como que a nossa coesão interna. Saber mais que os outros é um bom elo de ligação.»

domingo, 2 de março de 2014

é que é mesmo NÃO AO AO'90!

ainda vamos a tempo de impedir este crime? não sei. há momentos em que desanimo nessa esperança. o que se passou no Parlamento foi muito mau. mas, desistir? não, não. uma guerra será pior, sim. a fome, o desemprego, a violência política, as dificuldades impostas e duvidando-se da sua utilidade, essas tragédias têm peso valorativo - e é tanto. mais nos tocam porque são presença no quotidiano, se não na nossa porta noutras que conhecemos, e algumas bem próximas. mas será por isso que se arriam bandeiras que é justo mantê-las erguidas? gritar por elas? defender o futuro numa causa em que chamá-la de 'menor' é palas e arrogância, cegueira ao amanhã depois de nós? e por vezes simplesmente pela defesa de castelinhos pessoais? não compreendo. não aceito. não desisto de achar que ainda vamos a tempo.

li esta parte da crónica de MST esta manhã, quando li o Expresso. gostei. o tema, claro, e a forma como expôs. procurei na edição online, mas como é habitual há conteúdos sem visualização gratuita, e este é um desses. felizmente dei com o trabalho de scaner e colagem feito por Francisco Belard. agradeço e trago-o para aqui. pedindo somente que leiam. gostem ou não do colunista/comentador/escritor MST, tantas vezes truculento, e outras mais polémico, que leiam. o leiam. temos sensatez para depois seguir o nosso caminho. não temos é o direito - acho; mas é que acho mesmo! - de empinar o nariz e ignorar os lados esboroados da nossa querida estrada. a nossa estrada que é comum e durará mais que os nossos passos a percorrê-la


(façam um esforço e tentem ler pela foto; a transcrição é omissa em talvez metade)


NOTA: o trabalho de scanner foi feito por João Roque Dias, e não por Francisco Bélard, como erradamente pensei. é que encontrei-o no seu mural do Facebook e deduzi assim. os créditos estão repostos.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

albas

e
...
Sebastião Alba (Diniz Carneiro Gonçalves)

idades

de Pink Floyd não há preferidas. cada tem momentos associados. são músicas que nos fizeram. identitárias. 

mas, esta... sei lá! caiu-me no goto, talvez porque ouvi-la no areal da Costa do Sol, à noite, os olhos húmidos sem saber se era pela luz do luar nas águas da baía, do fumo que escorria e se entranhava, se apenas pela alegria de estar vivo e ali, ali, ouvindo Pink Floyd com amigos que sentiam igual, e ter sido assim fê-la especial.

e venho do You Tube e vêm um bocadinho húmidos, vêm. raios partam a idade, e este garimpo contínuo a que chamam nostalgia

domingo, 23 de fevereiro de 2014

lidos

Filho de Deus - Cormac McCarthy
Meridiano de sangue, Cormac McCarthy
O conselheiro, Cormac McCarthy
O matricídio e outras histórias, Géza Csáth
Uma vasta e deserta paisagem, Kjell Askindsen
Mao - a história desconhecida, Jung Chang e Jon Halliday (em curso)
A questão Finkler, Howard Jacobson (em curso)

"a entrada do drive-in, em LM"

a minha legenda é «lembro-me.» 

lembro-me, não com um romancinho associado - mas ciclistei-os noutros carros - mas como um momento em que vivi páginas, filmes, se calhar digo sonhos e explico-me melhor. no tempo em que se materializavam não como conquistas mas como naturais. aconteciam, e sem suspeita de "serem assim". um 'drive in'. como nos filmes, como nos livros, nas revistas, nas conversas.

todo um cenário. quem está, olha este, a coluna do altifalante, o bar, percurso obrigatoriamente descoberto pois ao cenário não podia faltar essa pitada (assim como se enrolou uma), e o ecrã acimentado gigante, refractário de qualidade mas riquíssimo de mais. tudo.

uma experiência que ainda renovei pelo menos mais uma vez (e chovia), e ficou. «lembro-me», e sorrio 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

este humpf de hoje chateou mesmo

quando se recebe uma carta do Banco, em toquezito, unilateral mas amável, a propor-nos (lembrar?) só vantagens pelo acto mui simples de transformar uma banal conta bancária numa de 'Serviços Mínimos Bancários', suspeita-se que nela está escrito qualquer coisa má.
além de oficiosamente passar à categoria de pobre ainda com acesso a "serviços mínimos bancários" (sic), ao segundo parágrafo já têm uma proposta de mais um cartão de crédito, naturalmente a ela associado. tipo medida de machadinha.
vão-se foder. o sonho de cliente é não chatear nem ser chateado.

humpf mesmo!