terça-feira, 29 de setembro de 2009
acenderam mais um bico de gás no inferno!
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
de bem com Deus e o Diabo
Está montado o Circo!... Novas piruetas em cartaz! Não perca a hilariante palhaçada quinzenal, os hábeis engolidores de sapos e os intrépidos domadores de avestruzes! Prémios diversos para os fiéis adeptos, e pipocas para os rabugentos! Não perca a Nova Edição da famosa peça teatral "Como estar bem com Deus e o Diabo"! Não fuja: o Circo É Nosso!!!
Obrigado :-)
a foto é bem conhecida
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
contágios de campanha eleitoral
Tempos de campanha eleitoral são propícios ao recurso a kit completo: gabardine, chapéu, cachecol e luvas: há alto risco de ocorrência de sonoros atchins! alérgicos.
Hoje recebi um mail inócuamente intitulado como "reflexão interessante", e descomprometedoramente seguido do irritante "... que envio como recebi". Mau começo, mesmo muito mau, que quem não tem certezas ou opiniões próprias acerca de melões deve publicitar é uvas, ou aquilo que perceba ou acredite perceber. Meias tintas é que não. Aplicável à gestão empresarial será falência certa, e na individual é sprint para descrédito garantido. Pena, que a remetente é gente boa e inteligente - sei-o, mas o compromisso moral de aceitar ceder a sua independência a uma lista partidária certamente foi o encolher de ombros que lhe permitiu tal "frete" político, pois não concebo que fora do espartilho ideológico duma campanha eleitoral se sujeitasse (e cegasse para) a isto. Maus tempos: gabardine, chapéu, cachecol e luvas - aconselho.
Que diz o mail das meias tintas? no mesmo registo de não comprometimento insinua e sugere. Raciocina por conta própria as parcelas todas, depois faz o risco e dá uma ajudinha para o leitor completar a soma, todo pimpão por ter decifrado o "enigma". Escolástico. Insultuosamente escolástico, a recordar velhas escolas doutras tabuadas e reguadas, fábricas de pensamentos únicos e de ostracismo aos divergentes. Omito a nota de repugnância pelo conhecimento pessoal da remetente, e acreditando sempre que recebeu, leu, o encolher de ombros e clicou no Fw: é campanha, afinal.
Em suma e sem paninhos quentes: o voto de esquerda no BE é um voto perdido pois este partido político está longe de ser donzela: candidata-se encapotadamente ao concubinato de apoio (parlamentar, com ou sem componente governamental) do PS, face à previsível vitória deste mas bem longe duma maioria. Pasmo! E termina melífluamente com: «Perante isto, os muitos descontentes com o PS de Sócrates, bem que podem rever o seu slogan, antes que seja tarde, mudando-o para "Vota à esquerda ou à direita, mas não votes PS nem BE"».
1 - Afinal não é objectivo de qualquer partido político alcançar o exercício do poder, para influenciar a sociedade segundo o que ideologicamente acha que melhor serve os interesses da mesma?
2 - Alguém dá - política - sem receber em troca? alguém serve de bengala a quem está coxo - política - sem exigir para tanto que, negoceia-se, as políticas X, Y e Z sejam adaptadas à sua visão específica de como elas devem decorrer?
3 - O BE é um epifenómeno do espectro político português? com crescimento sustentado há década e meia?
4 - Será só da ala alegrista e parentela que lhe vem o crescimento? o voto jovem e de gauche não cai lá quase por inteiro, por não se rever em "(bocejo) mais do mesmo (bocejo)"?
Percebe-se a grande preocupação do PC: uma derrota face ao BE por números que seriam humilhantes. O pânico por o último bastião estar ameaçado - a hegemonia na esquerda-esquerda - e a partir daqui ou a reconversão, impensável para a nomenclatura dinossáuria, ou o fim, o resíduo, em galope e não a trote como até agora.
Por isso recomendo neste Outono rigoroso gabardine, chapéu, cachecol e luvas. At´«e ao fecho das urnas de voto. Alergias, espirros, má disposição: o perigo espreita numa caixa de correio electrónico bem à frente dos nossos estimáveis narizes!...
Declaração de interesses: Provavelmente irei votar BE nas legislativas. Mas ainda não decidi em absoluto: o voto em branco tem força política quase igual, percentagens à parte.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
O impulso Thoreau
Acabei Niassa, um bom livro. Digo mais: um óptimo livro que conforme as páginas lidas iam engrossando deixavam um rasto de pena por não serem intermináveis. Por uma rara vez concordei com JEAgualusa, quando escreve que Niassa é dos livros que nos acompanham para a vida - o exagero é compreensível e partilhado.
Esta noção de finitude iminente do prazer, das páginas maravilha, influenciou o sobrolho alçado sobre o final, que ainda não chegara e já chamava de atamancado. Egoísticamente ruim, mas porventura há forma mais isenta de ser crítico daquilo que gostamos, sem atraiçoar o enlevo? Aquele fim é mau, mau principalmente porque foi o fim da minha fantasia Thoreau, (link como memo pessoal, que há que contar mais dela) desta vez em versão niasseana. Resta a outra, a soft, inhambanense, afinal o bater de horas certas e em métrica acertada: terra mista e praia múltipla, eu urbano com cheiros e sonhos burgueses mal resolvidos de vidas em campo, mato e assim. A conciliação. E um afago às ilusões e aos desejos de boas vizinhanças, Knopfli tinha-a no BI e, dizem, Guita Jr. ainda lá mora.
Thoreau style mas acentuadamente urbano, portanto. Comodamente, livro a livro, e um caderninho de capa bordeaux e letras douradas olhando-me e tentando-me, desculpas próprias para uma aquisição que não teve sorrir: não se lê e usa-se sem ler.
Este post tem vários códigos incorporados, e autodestruir-se-á no preciso segundo em que for esquecido (gosto desta parte!...), sem lagos mágicos ou ruas plácidas que o salvem. Thoreau dixit, essa é que é essa e venha o próximo livro: como sempre estou abananado em expectativas mas igualmente pronto a gostar e ser ruim. E depois conto, claro. Cá, em Lichinga ou Inhambane. Ou, se deixarem.
Regressos
Mas tudo cansa, menos as saudades. Essas abraçam-nos, amplexo cabrão que cada dia dá mais uma voltinha ao torniquete e quando reparámos estamos prisioneiros delas. Não de Lisboa e das suas lisboas, não do café nosso que isso resolveu-se com uma máquina Nespresso, não dos amigos e das notícias que para isso a Internet colmata e aguenta, que o exílio era provisório. As mais fundas, as dos suspiros lentos, ciciados, as das palavras murmuradas a medo como que receando que um desajeito estrague o desejo, uma precipitação magoe o sonho e ele grite, que além do mar espanholado que viam da varanda só houvesse África árabe e a sua, a deles, morresse como memória e ficção, esse casamento que o tempo constrói e legitima. Memória então exílio, então um crescer que se faz envelhecer e dessas rugas de fim do passado não há cura nem sorte nem desculpa: é a tristeza do fim de nós próprios, e odiamos o desconhecido que nos espera em reflexos de espelhos baços de ninguéns sem passado.
(...)
Uma noite em que praticavam o bom hábito espanhol de fazer da varanda divisão principal da casa enquanto as noites o permitem, um dos dois - e não interessa qual! - abordou-o num toca e foge, soltou o suspiro e disse algo como ai, como gostava de lá voltar, ou outra deixa qualquer assim. Não interessa. Qualquer montinho de palavras servia. Talvez nem um montinho, talvez só uma, talvez até nenhuma pois bastaria o olhar: entendiam-se sem uso de sinais de fumo ou telegramas falados. Existia um tãn-tãn em código secreto quando se olhavam com as janelas abertas.
(...)
Não se pense que o regresso a Moçambique foi o rabisco nesta vindima de Mundo, capricho ou hiato de calendário a preencher. É a sua terra, são das suas memórias individuais muitas das mais queridas, e igualmente uma dor comum por resolver, moínha com tempo a mais para deixar de lado havendo meios de coçá-la. Daí, talvez, os cuidados, os pruridos mútuos no adiar da ida, no sugeri-la, no ganhar balanço ao encontro dos seus passados sabendo ambos que se tocaria uma sinfonia sensível, e temendo que nas mãos lhes tremesse a batuta do equilíbrio e da sintonia. Mas... tinha de ser e assim aconteceu. Maputo foi servida sôfregamente e os primeiros quatro dias passaram-se na inevitável romaria da saudade, a que se seguiu um coro de choros que só as paredes do hotel conheceram, e rapidamente anuíram em rasparem-se dali, má onda a pairar e conspurcar as boas que entreviam quando olhavam os pormenores com a benevolente miopia da nostalgia. E assim aconteceu Niassa. O livro entra aqui.
(...)
meu. inspirado por um livro e um sorriso. meu, dedos hesitantes mas meus até ao osso e suas miudezas. a foto é by Net e sem registo. minha, porque gosto dela. assim, abusivamente. assim, nunca abusivamente.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Yo La Tengo + Niassa
Li, num livro de que estou a gostar muito, que é uma música bonita, «a canção que eu levaria comigo para qualquer lado se para esse lado apenas pudesse levar uma só canção» (pág. 79). Até gostei. Melancólica. Bonita, realmente. E não a conhecia e surpreendeu-me, tal como o livro o está a fazer: Bom.
Niassa, Francisco Camacho, ASA, 2ª edição, 2009
sábado, 19 de setembro de 2009
acontece, outra vez!...
A imagem a bater à porta. O assobio que chega e arrepia. Nem tanto: o primeiro olhar. Depois o clique e vem o resto muito além das imagens encaixilhadas, varrendo a realidade: acontece, outra vez!...
Foi o único filme que vi 5-cinco-5 vezes em salas de cinema, que o acompanhei da estreia (Dicca?) até à sua 2ª volta, no Estúdio 222. Um período, o dos fascínios simples e dos maravilhamentos inocentes. Sim: inocentes. Para os menos inocentes reservam-se as sessões às 5 da tarde de sábado na porta ao lado, Cine-Clube, tanta vez um fastio mal disfarçado e o desejo de ver... Trinitá. Bruce Lee. Lino Ventura. Clint, Florinda Bolkan, gajas boas, muito, muito. Simples. Rir é simples e sai-se do cinema contente. Isto é revolucionário, é é. Reich queria o mesmo com a máquina do 'orgone' mas não tinha namorada e só ao princípio do mês havia dinheiro para desbundas assim. Por isso rir. Trinitá. As sessões duplas de sábado à tarde no S. Miguel, Dean Martin e Frank Sinatra, o Santo, Ugo Tognazzi, filmes com Elvis Presley, os luxos das sessões no Manuel Rodrigues, o culto das da meia-noite no Scala e no Gil Vicente. Evel Knievel. O Mensageiro, maravilha de Losey. A granda farra, pois. México '68. Jaqueline Bisset e Catherine Dénèuve. Verão de '42. Por aí, por aí. Até Arrabal, no Avenida, mas isso foi mais tarde e o 'Patracas' sabe, abençoado. Mas Trinitá? sim. Trinitá's Sempre!
Thanks companheiro. Há merdas onde nos desentendemos mais que entendemos mas ambos temos uma puta de memória que faz 10 no alvo. Seja a seta disparada onde e quando fôr.
caraças! tou que nem um puto! :-) ora agora vejam esta ehehe
lol :-))
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Ecos
"Ler, tinha aprendido na cadeia, sobretudo romances, permitia-lhe habitar a sua cabeça de uma forma diferente; como se ao esfumar-se a fronteira entre realidade e ficção pudesse assistir à sua própria vida como quem presencia coisas que acontecem aos outros. (...) Porque, ao passar cada folha - descobriu isso com prazer e surpresa - o que se faz é escrevê-la de novo. (...) E assim Teresa verificou que aquilo que não era mais que do que um objecto inerte de papel e tinta ganhava vida quando alguém passava as suas folhas e percorria as suas linhas, projectando aí a sua existência, as suas inclinações, os seus gostos, as suas virtudes e os seus vícios. (...) ... que não há dois livros iguais porque nunca houve dois leitores iguais. E que cada livro é, como cada ser humano, um livro singular, uma história única e um mundo à parte."
A Rainha do Sul, Arturo Pérez-Reverte, Edições ASA, págs. 193 e 194
terça-feira, 8 de setembro de 2009
terça-feira, 1 de setembro de 2009
(...)
Já agora: contaram-mo e fui a correr confirmá-lo e dou fé convicta: Millennium é mesmo uma leitura viciante, por uma pipa de razões superiores às do código browniano.
(foto gamada aqui)