segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ecos


"Ler, tinha aprendido na cadeia, sobretudo romances, permitia-lhe habitar a sua cabeça de uma forma diferente; como se ao esfumar-se a fronteira entre realidade e ficção pudesse assistir à sua própria vida como quem presencia coisas que acontecem aos outros. (...) Porque, ao passar cada folha - descobriu isso com prazer e surpresa - o que se faz é escrevê-la de novo. (...) E assim Teresa verificou que aquilo que não era mais que do que um objecto inerte de papel e tinta ganhava vida quando alguém passava as suas folhas e percorria as suas linhas, projectando aí a sua existência, as suas inclinações, os seus gostos, as suas virtudes e os seus vícios. (...) ... que não há dois livros iguais porque nunca houve dois leitores iguais. E que cada livro é, como cada ser humano, um livro singular, uma história única e um mundo à parte."

A Rainha do Sul, Arturo Pérez-Reverte, Edições ASA, págs. 193 e 194

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