à pergunta dum amigo, bom de prosa e melhor poeta, também
conversa com ele mesmo - «afinal
o que é e o que faz um Escritor? E, principalmente, do que é feito um Escritor?»,
respondi-lhe:
«...a
capacidade de expressar por escrito e de forma legível, com elegância no trato
da palavra, pensamentos, reflexões, que não sejam a vacuidade da banalidade?
tudo isso, que nos interrogue? que nos force a reflectir? seja em crónica,
ficção ou poesia. sem medo das ideias, dos sonhos ou dos
pesadelos. sem medo das palavras. sem medo. um escritor é
"cojones". não se esconder no bruá das maiorias ou das bandeiras. na
merda mais abjecta de todas que é o "políticamente correcto". ter
coragem. "cojones". e saber dizê-lo, saber dizê-lo... sem isso é
apenas um megafone. para isso já temos este novato, este novo Rossio, o facebook.
sem vaidades írritas e obtusas. disso, que tanto há, nasce a urticária à leitura. acontecendo, está o "escritor" morto e pode dedicar-se à pesca. ou ao coro ululante das multidões. é ser apaixonado e isento, simultâneamente. não é tarefa fácil. olhar o mundo que
o rodeia além do alcance do seu umbigo. olhar o passado além das crostas das
feridas próprias. e tudo, tudo muito bem escrito. respeitando a sua língua e a
inteligência dos leitores. escorreito. profundo, seja, mas legível. com
berloques, seja, mas sem exageros. o simples sempre foi o mais belo.
enfim. ou é ou
não é. tristeza, tanto engano...»
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