quarta-feira, 4 de julho de 2012

"dêérres"

otário não é o Relvas. esse é parvo. otário é quem acredita que sem um diploma universitário não se granjeia respeito e reconhecimento por capacidades e actos próprios. quem, pensando assim, 'exige' que os Relvas existam como são: relvas baixinhas mas muito doutorzinhas.

tenho um curso superior que quando me foi ministrado era-o exclusivamente pela respectiva ordem profissional. depois vieram as bolonhices e ele, que era de dois anos teóricos, sendo o último também prático, foi esticado para três para caber no panelão dos dêérres abolonhados. já me disseram que beneficiei com isso, e se hoje usar o 'dr' não é só legal como justo. por acaso informei-me e é legal: academicamente sou de jure um 'licenciado'. mas já o acho injusto. abusivo. até porque não gosto de licenciaturas by Bolonha - e veja-se o que se passa com os mestrados: qual a licenciatura que per si se mantém credível, se não levar o upgrade dum mestrado? (e mesmo assim...). depois, recordo-me que à altura do tal curso frequentei durante um ano uma faculdade clássica, em simultâneo. num curso muito semelhante. a vida obrigou-me a fazer opções e fiquei-me pelo tal 1º ano, quanto a 'estudos clássicos'. obtidos da forma clássica. porém também já me disseram - e eu confirmei-o - que se juntar a tal 'licenciatura às-três-pancadas' com as cadeiras que efectivamente fiz na faculdade, e a experiência profissional, bastará inscrever-me, pedir equivalências, e no máximo exigir-me-ão dois exames para aceder à licenciatura, esta a tal 'clássica' que na altura ambicionei e de que depois abdiquei. feito o relato pessoal, vamos às caretas e aos insultos:

'valhamedeus' se com tanta aldabrice académica acumulada alguma dia usaria ou aceitasse que me chamassem 'dr.'. é que valha-me Deus mesmo! para mim, para a minha consciência, tenho um curso profissional e uma frequência universitária. traduzido em rigor académico, tenho o 12º ano e 'mais umas coisas'. o 12º ano, e tenho orgulho nele e da forma como o fiz e consegui, em horário pós-laboral. não o tenho menos 'no resto', que me saiu do pêlo, dos miolos e da carteira, mas se me perguntam por habilitações académicas respondo «12º ano» e nem mais uma palavra. acho que é o correcto. quando exercia nunca aceitei que me tratassem por 'dr.', excepto (alguns; poucos) na brincadeira. é como o olhava e olho: na brincadeira. dr., mas de brincadeira. 

e termino, a propósito: o Relvas é um brincalhão. o diploma de otário é merecido não por ele mas por todos os que salivam, reverentemente, quando ouvem um nome que começa por 'dr.'. é por eles que os relvas e os sócrates aldabrilhas existem. queixemo-nos primeiro de nós antes de atirar pedras a quem usa o que aplaudimos que use

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