quarta-feira, 7 de março de 2012

o meu 'best seller' dos 100 anos foi adiado!





estou a ler, encantado, as extraordinárias aventuras de Allan Karlsson, um velhote (de 100 anos!) cuja vida só poderia ter existido num romance. e que romance! Jonas Jonasson escreveu-o em 2009, a Porto Editora lançou-o cá em 2011, e neste Março solarengo descobri-o na Biblioteca Municipal Marquesa de Cadaval, aqui em Hell-meirim.

em dia e meio já devorei 252 páginas. com pausas: já aqui* vim espreitar umas quatro vezes. e, se m'encanto e deliro com a extraordinária aventura da vida do senhor Karlsson, que no dia da festa do seu centésimo aniversário decidiu dar de fróxes do Lar onde pastava, entre outras razões que não o ralavam mas sabia existirem, para poder beber uns bons copos sem ser às escondidas da enfermeira esclavagista-geriátrica, a coisa toldou-se-me e está a dar para o torto a meio da pág. 253. lá, escarrapachada, a frase assassina deste livro maravilhoso: «Quando se está numa idade madura, sabe-se melhor o que nos convém». mau...

maduro sou eu, que daqui a um mês faço 57. mas estou (estava...) cheio de esperanças de em vez dum 'qualquer' Jonas Jonasson escrever um "O centenário que fugiu pela janela e desapareceu", moi, o je e lá para os meus 100's, ter finalmente encontrado o fio e a arte para desbobinar mais de quatro páginas seguidas e escrever o meu próprio best seller, algo como "o centenário que fugiu do Facebook e 43 anos depois ainda não regressou". algo assim. aproveitava e tratava de pôr as paixões em dia, contando que entretanto tivesse pervertido as estatísticas da mortalidade por género quanto a enfartes do miocárdio, e já todas tivessem lerpado. coitadinhas. mas nisto de literatura, enfim... subsistiriam naquelas páginas imortalmente belas, bem cheirosas, seduções duma vida alterizadas em formol de estante.

sim, teria umas coisinhas a contar nesses capítulos. e tenho rascunhos, preciosos de lindos, guardados no meu bolso que esconde o gordinho. mas vem o bom do Jonasson e estraga-me o barato: nesta idade, madura, diz ele, eu já deveria saber o que me convém. o que me convém? homessa! que coisa... a merda é que não sei, não tenho puto de ideia de como sabê-lo, e tenho uma forte desconfiança em como nunca irei descobri-lo. pior: nesta 'idade madura' já deu para ver que tenho uma tendência do carilho para acumular dúvidas em cima de dúvidas, em vez de esclarecê-las.

o resultado... editorial? aos 55 'arquivei' um 2º livro de memórias ("Esta cidade"), aos 56 um de poesia ("Tratado de paixões da alma"), e aos 57 vejo já comprometido o comemorativo do meu centésimo aniversário, por 'não saber o que me convém'... ora a porra! :-(


* Facebook e blogues

Sem comentários: