sábado, 27 de setembro de 2008
monogamia rima com "mamma mia"?
Paul Newman
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
memoires
mas os sentimentos subordinam a vontade. bailava-me, xiricava-me* na memória apenas um nome: Léo Ferré. estava então decidido: hoje, 25 que se sucede a 24 tal como o amanhã ganhará lugar ao hoje e findo o Verão se entra no Outono, neste Hoje há Léo Ferré. há, porque cá também mora um inconformista e quero preservá-lo . e teimoso, sei. sei sem que mo digam.
'La Solitude' era estúpido: soaria a vagidos de virgem arrependida, qualquer merda desse género. 'Les anarchistes' é chato de tanto déjà vu. Appolinaire e a sua Musa era demasiado óbvio para cair em tal esparrela. 'Tu ne dis jamais rien' é provavelmente a minha preferida mas... não era essa hoje, não: passível de mal-entendidos: liminarmente riscada para o momento musical do dia. entre 'Elsa' e a 'My Way' do seu antónimo... então até metia a segunda...!
nos sismos orgânicos do arfar diário, a cada estremeção a memória fica sempre um pouco mais curta :( restam 'La mort des loups' e 'Requiem'.
fica então 'Requiem', de 1975
* vénia pela expressão a quem ela é devida. que o itálico se entreleia como Homenagem, e explicitamente nunca como plágio. mesmo que me encontre incapaz de escrever dois parágrafos que ericem pêlos da nuca, em glória uma dobra na página, há por aqui uns rascunhos amarfanhados entranhas abaixo que me lembram como se faz, pois, pouco, mas fi-lo. à merda a hipocrisia da falsa modéstia, sanita igual à da cagança pedante - falo do meu Eu e ninguém tem nada com isso. e, se mesmo assim altercando decidi escrevê-lo, o blogue é meu, a merda é minha. lê-me quem quiser. afinal que é isto dos blogues senão musicais e monólogos? Hyde Park, meu rico Hyde Park que estás tão longe e só te subo ao banquinho via Internet... :(
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
terça-feira, 23 de setembro de 2008
spirit
(foto - com letra de música incluída - no estimável La force des choses. vénia grata por evitar-me escrever duas ou mil linhas)
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
que vale um blogue?
com menos de meia linha tinha dito só assim: pausa. pausa na virtualidade pois somos pessoas absolutamente normais, tanto que no íntimo não existe a hipótese de escrever textos e guardá-los como rascunho: após editado extra virtualidade nunca mais é apagado, por na massa humana não existir aquele privilégio tecnológico. por isso... pausa.
mas voltarei. sei que gosto demais disto para abandonar como quem deixa de fumar. e, eu, nem isso consigo fazer.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
domingo, 7 de setembro de 2008
e quem não... ?
É-me impossível garantir que era esta a música que soava quando, a pisadelas tantas na pista de dança da 'discoteca-boite Folclore', primeiro andar da praça de touros 'Monumental' da então Lourenço Marques, um raio de lua conseguiu penetrar o cimento armado da minha timidez e dei, recebi, o meu primeiro 'french kiss', mais a mais pela que, então, eu morria em versinhos de amor. Porém, quase de certeza que foi este um dos sons que se apagou como tudo o mais se evaporou, pois deixei de ver, ouvir, e sentir além do murro de sensações que me atingiu, derrubou-me, e mal a orquestra parou e o resto dos pares parou de roçar-se e os nossos corpos se descolaram, corri para fora, ávido de ar, tremendo, chorando intimamente de alegria e anestesiado de tudo, pois nada mais existia que aquela nova sensação: ser beijado e beijar, as línguas saboreando-se até ao mais profundo do trémulo peito. Quem não se lembra do seu...?
Eu lembrei-me, e por portas travessas. Nesta troca de 'piropos' musicais que servem de desculpa para revisitar(mo-nos) o tempo dos sonhos perpétuos, hoje o Macua foi buscar artilharia pesada que, embora me desse um pulo no coração - ele 'sabe', ele sabe, já me tirou o retrato ;-) ... -, acontece que calha por ora a minha permanente vivência nostálgica esteja numa fase de "período meloso" de recordações, daqueles em que se sente um aperto no peito quando se revivem os momentos de paixão.
Algures no Xicuembo '1' - e está no Xicuembo - livro - recordei a manhã seguinte ao 'primeiro beijo', ainda ardendo nas areias não menos quentes da praia da Costa do Sol. Depois, julgo que no (O Vazio) - sem links individuais quer para um ou para o outro post, não tenho a menor ideia das suas datas - faço pequena correcção ao 'primeiro beijo' pois recordei outro prévio àquele que assim o recordo, porém em idade e circunstãncias que não me permitiram fruí-lo na áurea própria de romantismo em que deve acontecer para ser... perfeito. Além de que o cronologicamente 'primeiro' foi trocado com uma desconhecida, e este emocionalmente o 'primeiro' foi-o com quem então amava com a intensidade dos amores impossíveis, de todos os melhores pois essas dores de peito e lágrimas de paixão são mais doces na sua dor - que é falsa pois é saborosa, que outro que se consume sem passar por esse estágio formativo da sensibilidade que é Sofrer por Amor. Opinião pessoal e filha da minha experiência, aceito "na boa" que contrárias tenham(-vos) melhor sabor.
... e assim, ainda na dúvida mas quase com certezas, chego a Percy Sledge e ao celebérrimo "When a man loves a woman", fundo musical que arrastou os meus lábios hesitantes ao longo da linha do seu queixo, vindos duma primeira carícia no lóbulo da orelha, percorreram hesitantes e com o coração aos pulos um trajecto que, então, ela, avé!, abreviou e em atalho fez os seus lábios seguirem de encontro aos meus... e o cantor e o mundo e tudo terminaram a sua existência, pois eu imolava-me de prazer naquela fogueira que me tomou e mais algum fósforo novamente ateou.
Ao contrário do que por aqui e ali 'gloso', quer seja como "mangusso" ou como "Frei" ou outro personagem qualquer, fui e sou um tímido nos relacionamentos amorosos, e vivi-os um a um com a intensidade suficiente para, caso tais prémios existissem, em cada deles ser sério candidato a "romântico" do mês, ou do ano, ou apenas o do sonhador-romântico que sempre fui e, acho que felizmente, disso ainda sobraram résteas em brasas que por vezes a brisa de viver avivam. Fogo sagrado, que se acende reacende ou explode em fagulhas... "when a man loves a woman...", benesse mor de se Viver. Das melhores razões por que tenho pena em envelhecer. É que se o amor não conhece idades, certo, a base da ampulheta tempo a tempo vai acumulando e pesando, qual cúpula de campa que assinala a presença dum defunto. E esses não dançam mais.
sábado, 6 de setembro de 2008
Charlie Brown
Durante quase todo o ano costumo deixar a janela do quarto entreaberta. Não espero a visita de magos ou fadas, e estou velho demais para Peter Pan eleger-me para com ele voar para a Terra do Nunca. Não que o não lamente mas a acontecer declinaria: sei da idade e peso das minhas asas que, qual albatroz vetusto, não se afasta já muito da sua ilha-pouso. Que espero afinal, além de ocasionais mosquitos que se banqueteiam com o meu corpo inerte? Em consciência não sei dizê-lo com a precisão que a repetição do acto impõe a quem se indague, ou se preocupe ou entretenha em estabelecer ligações psicológicas entre as rotinas e a profundidade do inconsciente onde se pescarão as razões. Eu, se me ponho a pensar no porquê de não cerrar completamente o meu quarto à vida dele exterior, cismo que mantenho a tal fresta por desejar a visita duma brisa, um sopro de ar que acorde o meu corpo adormecido, e nesse acordar de pêlos eriçados haja um arrepio de prazer e não a dor da mordidela doutro mosquito, vampiro e onanista porque me usa e chupa em silêncios que não me despertam durante as noites que me marcam e entristecem o corpo e os dias, espelho dixit.
Coisas de sonhador com cardápio quase gasto, está visto, daqueles teimosos que continuam a acreditar que é possível por uma janela entreaberta entrar um cometa com pó mágico de estrelas, e dessa visita ganhar um despertar espreguiçado de sonhador saciado, em paz com os seus fantasmas nocturnos e livre de mosquitos onanistas. Quimeras. Mas mantenho a janela entreaberta, embora o meu corpo pague a ilusão com as muitas marcas arroxeadas que exibe mas oculto, ferroadas que por ela entram e a solidão adormecida que, exultantes, encontram.
Charlie Brown – uma das minhas alcunhas enquanto jovem, dos ‘Peanuts’, tem um amigo, Linus, que transporta sempre consigo um velho cobertor que, só ele personagem, seu pai Schulz enquanto vivo mas que eu saiba nem em testamento revelou a razão, ou as rugas meditativas de cada seu leitor saberão do porquê de tal fixação. Eu, que outrora fui Charlie Brown mas no caminhar d’entretanto perdi o fio à meada e à sua banda desenhada, não transporto nenhum cobertor mesmo que ilusório e, que saiba, nunca me apercebi dalgum meu amigo fazê-lo. O que mais se me aproximará como fetiche misterioso será a almofada, bem real, que abraço em posição fetal virado para a frincha entreaberta, porta de entrada de mosquitos algozes que me desfiguram as costas desprotegidas, mas teimosamente via aberta para cometas ou fadas que se percam nas tantas vias dos céus nocturnos e calhem visitar-me, ou que eu invoque quando necessito dum embalo para nanar.
Hoje, ela, brilhava. Não de lágrimas ou restos de luar, sequer de sémen pois as erecções nocturnas efectivamente acontecem. A minha almofada brilhava, e assim regresso à personagem Charlie Brown. Indiferente ao que o leitor pensará, quer da fresta, da almofada, de cometas, fadas ou mosquitos. Isso é vosso trabalho intelectual, não meu. Eu? eu aproveito o momento e abraço-a, desperto pelo brilho com que ela acordou nos meus braços. Vindo da janela emperrada em não se cerrar por inteiro, nem o sr. dr. Freud ou algum mestre marceneiro melhor o explicariam.