sábado, 27 de setembro de 2008

monogamia rima com "mamma mia"?

há tempos e tempos que não ia ao cinema. hoje, por convite irrecusável, lá fui. meio desconfiado embora na memória houvessem já duas recomendações muito positivas ao filme. fascinei-me, bati palmas, ri, emocionei-me, lavei a alma: "Mamma Mia" é filme a ver, ver e ver. Sem qualquer paralelo de situações pessoais vividas revi-me nos personagens, uma identificação "à época" e ao corolário que, pessoalmente, desejava ter-me acontecido se a vida assim me tivesse corrido. e reparem que não estou a referir-me a nenhum dos três personagens masculinos: com a diferença de sexos intocável, a minha identificação romanceada com a personagem chapou-se na feminina, essencialmente essa. eu gostava de ter vivido uma vida assim.
o final? achei-o lamechas fora o casamento desfeito já com o cura de mão sacramental em riste: aí foi uma das vezes em que incontidamente bati palmas. porque "se eu fosse ela" (não a noiva: a mãe; explicação para quem não viu o filme) e um dos três não fosse gay, eu ficava com os três.
nunca acreditei muito nesta coisa da monogamia, obrigatória no acasalamento 'oficial' e punida por quem não nem nada a ver com isso pois não faz parte da família. o incitamento e legalização da hipocrisia, o condicionamento sentimental por quem só pode ser amado por um tarado burocrático, ainda mais por dedicado a quem é incapaz de retribuir sentimentos: o Estado, esse patrono de lares e costumes, de tretas mal disfarçadas e mal-fodidas.


à saída fui à Feira do Livro que já me namorara à entrada: embora ande teso não lhes resisto, acabando até por calhar comprar livros que no seu preço normal dificilmente cá vinham calhar. na recolha de hoje (total 13 €) haverá dois desses mas qualquer dos outros fi-los meus com prazer de garimpeiro. segue relação e preços, apenas a exemplo de como as oportunidades cruzam-se ao virar da esquina, "mamma mia" se, podendo, perco uma:


- Valete de Sombras, Michel Host, Cotovia, 3 € não conheço o autor nem nunca ouvi falar na obra. mas se ganhou o Goncourt tem de ter qualidade
- Poesia em Viagem, Blaise Cendrars, assírio & alvim, 3 € - poesia nunca é muita
- Jorge de Sena, Uma ideia de teatro (1938-71), Eugénia Vasques, Cosmos, 2 € - Jorge de Sena é Jorge de Sena. e Teatro é "tema".
- Donamorta, Armando Silva Carvalho, assírio & alvim, 2 € - a prosa que conheço do autor nunca me desiludiu
- De punho cerrado - ensaios de hermenêutica dialéctica da lit. port. contemporânea, Carlos Ceia, Cosmos, 1 € - sei lá... talvez um dia venha a dar jeito para alguma coisa, embora até nem esteja a ver para quê...
- Uma migalha na saia do universo - antologia da poesia neerlandesa do séc. vinte, sel e introd. de Gerrit Komrij, assírio & alvim, 1 € - idem; a poesia nunca é muita
- El cuento de la isla desconocida, José Saramago, Cuadernos del Pabellón de Portugal Expo'98, 1 € - Saramago. e não conheço este conto e portanto a ilha, que me lembre

4 comentários:

Maria Arvore disse...

Abençoada Feira do Livro onde encontraste propostas tão interessantes. :)

E que me lembra a desadequação da monogamia: com tantos livros interessantes é uma pena não ler mais que um. ;))

Quanto ao filme, eu não o vi e só de pensar que tem música dos Abba, afasta-me logo. É que se na época deles eu não os suportava nem com molho de tomate, a passagem do tempo e as minhas rugas não me modificaram a opinião sobre a pimbalhice das suas músicas orelhudas. Música a metro por música a metro continuo a preferir a música de fundo das festas de aldeia nacionais. ;)

Anónimo disse...

É bom ver-te por aqui!

Abraço
F

Cadinho RoCo disse...

As oportunidades aparecem quando menos esperamos.
Cadinho RoCo

Carlos Gil disse...

MA, F. e Cadinho Roco: as Feiras do Livro são o banquete dos aguados! até calha encontrar-se Veuve Clicquot ao preço de carrascão... ;)