«sentou-se à frente do Grande Interrogador e olhou, fatigado, a mesma pergunta de sempre, sempre, sempre... e afinal em que pensava ele? é natural que pense: se ele dialoga comigo eu existo, i.e. penso. pensou, pensou-o e pensou mais. e será isso que ele quer que eu diga? ou que rebusque novas palavras para dizê-lo, que vá fundo e traga, que o ajude a encher a meia-folha de papel selado do interrogatório? acendeu-se a luz forte, a célebre luz dos interrogatórios, levantou as mãos, esticou os dedos para as letras plásticas e escreveu»
Heráclito de Éfeso, que foi um dos gajos gregos espertos por ter sabido pensar, viver e morrer antes da sua pátria se dedicar à prostituição financeira e viver de trocos, que entre outras tiradas capazes de vingar em inúmeros cliques numa rede social hodierna disse que «a estrada que sobe e a que desce são uma e a mesma», é o avô e a avó do conceito "panta rei": tudo flui, tudo se move, excepto o movimento. só por esta justificava dois Gosto. já quanto a paternidade, filha deles (dele) é o "devir", algo que em corridinho breve se traduz por «(...) a mudança que acontece em todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários: coisas quentes esfriam, coisas frias esquentam; coisas húmidas secam, coisas secas humedecem, etc. A realidade acontece, então, não em uma das alternativas, posto que ambas são apenas parte de uma mesma realidade, mas sim na mudança ou, como ele chama, na guerra entre os opostos. Esta guerra é a realidade, aquilo que podemos dizer que é. "A doença faz da saúde algo agradável e bom"; ou seja, se não houvesse a doença, não haveria por que valorizar-se a saúde, por exemplo.» (Wikipédia dixit, e eu sou dos acreditam mais nela que dela duvidam).
a guerra dos opostos é então a realidade, diz Heráclito. nas margens, o passado e o futuro: a transição é o momento, e o momento somos nós (afinal existimos, transitoriamente entre uma ex-realidade e uma outra que podemos não saber dela assim, mas que acontecerá nem que nesse 'nosso' estado de ignorância dela). panta rei, afinal eu não existo. em que estás a pensar? perplexo (!), penso nesta nova realidade de inexistência.... activa.
se eu não calar o Grande Interrogador com esta, não sei a que mais recorrer. Heráclito de Éfeso! chiça...
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