Está quieta. Não passeies em mim as mãos dessa maneira. Nem a boca. Nem a boca na robustez com que a deixas cair tão lenta, tão sonora, tão cheia de vento. Devastas-me. Sinto-o pelas veias, pelas têmporas. Pela carne e pelo peso.
Vou apagar o cigarro, já não queima. Agora, só a tua língua que tem o amor com outra aderência. Sobe-me essa surda serpente, lava-me os movimentos. Eu não paro de sentir coisas dentro do meu ventre. Palavras que sopras? Um pássaro, o mais certo, que para ali o terás espantado. Fugiu-te da boca. Se conseguires, demora as mãos um pouco mais perto. O seu coração bate. Lateja de tanto deslumbramento.
Não, não é o meu.
Meu é só o mar, a água ali dormente ou o que então assim reaprendo. Mas ferve. Não te apercebes? Vá, devagar abre-lhe o coração.
"Os Materiais do Amor seguido de O Desafio à Tristeza", Eduardo White, Ndjira, 1996
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