"O nosso trabalho é dar ao povo não o que ele quer, mas sim o que decidimos que ele deve ter"
Richard Salant, anterior presidente da CBS News
Comecei há dois dias o "Toda a verdade sobre o Clube Bilderberg" de Daniel Estulin (Europa-América), que chegou meio céptico, atitude que acho saudável a tudo que cheire a 'teorias da conspiração', e a outra metade de olho vivo de curiosidade pois nada sabia do dito além do que recentemente se lê por aqui e por acolá exactamente a pretexto deste livro, e da lembrança vaga do arquiduque da Madeira a bramar contra "a Trilateral, a Opus Dei e os maçons, e uns clubes duns senhores que querem governar o mundo" (mais ou menos assim e no tom aplogético habitual). En passant, na altura.
Vou num terço mas com ganas de o esfarelar num instante. Porquê?
Porque não tenho capacidade (nem paciência) para avaliar se nas fontes citadas há cábulas 'marteladas' mas acho que o autor não é mau em matemática. Soma dois e dois com aura de credibilidade nos resultados, e explica como elabora esse afinado raciocínio de forma que parece suficientemente capaz de ir a exame e prova dos noves. Há quase quatro décadas que leio o mundo e só eu sei quantas vezes as notícias não (me) batem certo. Hoje, tal como vós resmungo e aperto e cinto e pergunto onde estão os filhos-da-puta que puseram isto de pantanas em dois anos e sabes-se lá por quantos mais. O Mundo com um AVC colectivo e já nem o futebol ou as misses nos distraiem (um sinal, essa do futebol, um dos sinais...). Em resumo pessimista Eles andam aí...
Quase a seco, umas tiradas ao já lido - e tentarei não ser maçudo:
"George Wallace, candidato democrata às presidenciais quatro vezes, nos anos 60 e 70, popularizou um slogan: «A diferença entre os partidos democrata e republicano não vale um chavo». E tinha razão. (...) A razão disto, diz Gary Allen (...) prende-se com o facto de que «embora Democratas e Republicanos populares geralmente tenham opiniões diferentes sobre economia, política e actividades federais, à medida que se sobe a encosta da pirâmide política, os dois partidos vão ficando cada vez mais parecidos»"
(...)
"E o eleitor médio não é tolo. O público percebe que alguma coisa se passa. As sondagens políticas ilustram uma percepçáo crescente de que nada muda no governo, independentemente do voto. Esta observação abrangente tem levado a uma subida das abstenções e a um cinismo inquieta entre os cidadãos"
(pág. 102)
- em que café é que já se ouviu em surdina esta reflexão? à escolha: o mapa-mundi é nosso.
Agora cá de nós:
"Segundo uma fonte bem informada, na reunião Bilderberg de 2004 em Stresa, Itália, montou-se uma promoção por grosso aos Bilderbergs portugueses. Na sequência dessa sessão, ocorreram grandes alterações na liderança em Portugal.
- Pedro M. Santana Lopes, o pouco conhecido presidente da Câmara Municipal de Lisboa, foi subitamente nomeado Primeiro-Ministro pelo Presidente da República.
- José M. Durão Barroso, anterior Primeiro-Ministro, foi nomeado Presidente da Comissão Europeia.
- José Sócrates, deputado, foi eleito líder do Partido Socialista (...). Sócrates tornou-se Primeiro-Ministro de Portugal em 2005."
(pág. 55)
Ok, afinal não foi o dr. Sampaio que nos tramou. Foi o Clube Bilderberg. E porque não, hã?
E por aí fora, há de tudo: Aldo Moro, a realeza europeia, os Rockfeller, Kissinger, até o nosso "chiquinho do Porsche" vem referido, imaginem lá...
Este Clube de elite, segundo o autor, pretende estabelecer uma Nova Ordem Mundial com supressão dos nacionalismos e seus meios identitários. A globalização total, portanto, de que o Acordo NAFTA e a CE, a ONU e a NATO, o Tribunal de Haia, são braços do polvo e já por ele telecomandados. O que me dá consolo pois diminiu(-nos) a culpa 'tuga de termos gerado o seu ovo quando, nos idos de Quinhentos, criamos a primeira empresa global, gérmen das multinacionais: a Companhia das Índias. Tivemos uma má ideia mas quem alimentou o monstro foram outros e, com sorte e um juiz bondoso, podemos sair do ajuste de contas só com uma pena reduzida a multa quanto esta caldeirada for toda a contas. E já considerada paga atento o estado de penúria do réu. Proposta a considerar, não acham, Bilderberg's?
Conto tê-lo aviado a meio da próxima semana. É um bocado maçudo para ler de empreitada e esta noite vou iniciar um que me espera à que tempos e estou desejoso de lhe meter mãozinhas: o último Saramago, "A viagem de elefante" (Caminho), de que tão boas críticas tenho por aqui lido. Na dúvida se intervalo pesadelos reais com ficção ou se a loja é a mesma mas com tinteiros diferentes. Na dúvida... vai até ao fim.
Richard Salant, anterior presidente da CBS News
Comecei há dois dias o "Toda a verdade sobre o Clube Bilderberg" de Daniel Estulin (Europa-América), que chegou meio céptico, atitude que acho saudável a tudo que cheire a 'teorias da conspiração', e a outra metade de olho vivo de curiosidade pois nada sabia do dito além do que recentemente se lê por aqui e por acolá exactamente a pretexto deste livro, e da lembrança vaga do arquiduque da Madeira a bramar contra "a Trilateral, a Opus Dei e os maçons, e uns clubes duns senhores que querem governar o mundo" (mais ou menos assim e no tom aplogético habitual). En passant, na altura.
Vou num terço mas com ganas de o esfarelar num instante. Porquê?
Porque não tenho capacidade (nem paciência) para avaliar se nas fontes citadas há cábulas 'marteladas' mas acho que o autor não é mau em matemática. Soma dois e dois com aura de credibilidade nos resultados, e explica como elabora esse afinado raciocínio de forma que parece suficientemente capaz de ir a exame e prova dos noves. Há quase quatro décadas que leio o mundo e só eu sei quantas vezes as notícias não (me) batem certo. Hoje, tal como vós resmungo e aperto e cinto e pergunto onde estão os filhos-da-puta que puseram isto de pantanas em dois anos e sabes-se lá por quantos mais. O Mundo com um AVC colectivo e já nem o futebol ou as misses nos distraiem (um sinal, essa do futebol, um dos sinais...). Em resumo pessimista Eles andam aí...
Quase a seco, umas tiradas ao já lido - e tentarei não ser maçudo:
"George Wallace, candidato democrata às presidenciais quatro vezes, nos anos 60 e 70, popularizou um slogan: «A diferença entre os partidos democrata e republicano não vale um chavo». E tinha razão. (...) A razão disto, diz Gary Allen (...) prende-se com o facto de que «embora Democratas e Republicanos populares geralmente tenham opiniões diferentes sobre economia, política e actividades federais, à medida que se sobe a encosta da pirâmide política, os dois partidos vão ficando cada vez mais parecidos»"
(...)
"E o eleitor médio não é tolo. O público percebe que alguma coisa se passa. As sondagens políticas ilustram uma percepçáo crescente de que nada muda no governo, independentemente do voto. Esta observação abrangente tem levado a uma subida das abstenções e a um cinismo inquieta entre os cidadãos"
(pág. 102)
- em que café é que já se ouviu em surdina esta reflexão? à escolha: o mapa-mundi é nosso.
Agora cá de nós:
"Segundo uma fonte bem informada, na reunião Bilderberg de 2004 em Stresa, Itália, montou-se uma promoção por grosso aos Bilderbergs portugueses. Na sequência dessa sessão, ocorreram grandes alterações na liderança em Portugal.
- Pedro M. Santana Lopes, o pouco conhecido presidente da Câmara Municipal de Lisboa, foi subitamente nomeado Primeiro-Ministro pelo Presidente da República.
- José M. Durão Barroso, anterior Primeiro-Ministro, foi nomeado Presidente da Comissão Europeia.
- José Sócrates, deputado, foi eleito líder do Partido Socialista (...). Sócrates tornou-se Primeiro-Ministro de Portugal em 2005."
(pág. 55)
Ok, afinal não foi o dr. Sampaio que nos tramou. Foi o Clube Bilderberg. E porque não, hã?
E por aí fora, há de tudo: Aldo Moro, a realeza europeia, os Rockfeller, Kissinger, até o nosso "chiquinho do Porsche" vem referido, imaginem lá...
Este Clube de elite, segundo o autor, pretende estabelecer uma Nova Ordem Mundial com supressão dos nacionalismos e seus meios identitários. A globalização total, portanto, de que o Acordo NAFTA e a CE, a ONU e a NATO, o Tribunal de Haia, são braços do polvo e já por ele telecomandados. O que me dá consolo pois diminiu(-nos) a culpa 'tuga de termos gerado o seu ovo quando, nos idos de Quinhentos, criamos a primeira empresa global, gérmen das multinacionais: a Companhia das Índias. Tivemos uma má ideia mas quem alimentou o monstro foram outros e, com sorte e um juiz bondoso, podemos sair do ajuste de contas só com uma pena reduzida a multa quanto esta caldeirada for toda a contas. E já considerada paga atento o estado de penúria do réu. Proposta a considerar, não acham, Bilderberg's?
Conto tê-lo aviado a meio da próxima semana. É um bocado maçudo para ler de empreitada e esta noite vou iniciar um que me espera à que tempos e estou desejoso de lhe meter mãozinhas: o último Saramago, "A viagem de elefante" (Caminho), de que tão boas críticas tenho por aqui lido. Na dúvida se intervalo pesadelos reais com ficção ou se a loja é a mesma mas com tinteiros diferentes. Na dúvida... vai até ao fim.
1 comentário:
Amor com amor se paga e as visitas também...falas de Bilderberg e no entanto do que se trata é apenas dum Iceberg, não sejamos ingénuos.
É, parece que Saramago voltou a ser aquele malabarista da imaginação que tanto admiro, espero ler o livro para me poder reconciliar com o escritor, que últimamente me tem desiludido.
Adorei voltar a ler-te e poder comentar, beijo,th
Enviar um comentário