segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

o brilho



Há dias perguntaram-me porque recheio o tasco de coisas alheias, se "escrevo que me desunho". Respondi que prefiro ler o brilho dos outros e o meu gosto aí é padronizado. Retrucou que era egoísta em não deixar 'os outros' lerem o que escrevo, que estava a privá-los de lerem as minhas luzes (era amiga, claro). Falei-lhe na lamparina que não é nem candeeiro nem sol. Falei-lhe em como se sei que ela cá permanece, acesa, resguardo-a sob sobretudos e cachecóis, muralhas que só cedem perante cada vez menos olhares. Um, dois, na maioria um único olhar além do meu. Não estou "a privar ninguém" de ler brilhos, o texto-belo. Tenho uma lamparina que alimento e protejo. Mas há sóis à solta, há brilhos maravilhosos por aí. Eu leio-os (e leio-me), por isso sei. Não percam tempo com minudências, luzinhas que mal se vêm mesmo se revelassem a impudez da nudez da pilinha do escritor.

(imagem da lamparina gamada aqui. gracias)

2 comentários:

th disse...

É próprio de quem tem valor, a humildade.
Uma que adora te ler, theo

Carlos Gil disse...

Theo, thanks por tanto incluindo esse declarado gosto em ler-me, que só a Amizade faz entender :)