sábado, 18 de outubro de 2008

fim de linhagem



Só uso escrevê-lo quando como agora sinto-me bombeiro-incendiário. Encontrei o protótipo "zero dois" numa garagem que não estava sinalizada e olhando as suas linhas voluptuosas a floresta de utilitários estacionados ardeu uma noite inteira. As horas são fósforos que um a um se tiram de caixas proibidas e conforme nasciam mais os dedos se fizeram lixa e deu-me uma vontade louca de àquela luz ler um livro com contos de fantasmas. Acabei por não o encontrar mas o pesadelo já fora licenciado. Lá vai: sorry. Nem um Morgan se salvou. O fumo cega.
O Autor e proprietário da área ardida agora diga se o ensaio satãnico mereçe Mestrado ou a sinecura académica fica por aqui, Ground Zero particular e mais um diploma sem outra utilidade que a memória futura ou limpar o rabo.
Hoje há cinzas de papiros e de bilhetes-postais por tudo que é canto e cadáveres de arquitectos-paisagistas apodrecem sobre plantas e maquetes de jardins. Do parque habitacional, dos castelos não há pedra sobre pedra que se aproveitem. Do principado? nem rasto, retratos ou esperança dalguma descendência sobrevivente.
Nem conheço escriba que melhor o conte que assim: meio assassinato, meio suicídio. Fim duma dinastia que se extingue mas completa, I, II e III, sem hiatos bastardos alojados em casas de servidores em reinos distantes.
Mas o incendiário sou mesmo eu e não o arquivista do Reino: ele apenas assaca ser desmemoriado e desarrumado o que em nada é desabonatório da bonita caligrafia, mas...
Sorry.

(imagem daqui. e, aqui, vejo o borralho a metros)

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