sexta-feira, 2 de maio de 2008

a crise de, e de, e de, e agora a dos cereais

Os Grupos MSN são micro-comunidades com fartura de sensibilidades, opiniões, momentos de humor e, às vezes, também de irritação. São 'bairros', com os habitantes a tempo inteiro no café comunitário, onde trocam mensagens sobre tudo e mais alguma coisa. Até a namoros e a arrufos já por lá assisti... :-)
Recentemente (e num que não linko pois a sua visualização só é possível a participantes inscritos) e à volta do tema em título, reteve-se-me o olhar e o pensamento numa mensagem/reflexão dum participante, ao caso e de seu nome, Jorge Russel.
Solicitei e obtive autorização para a transcrever para aqui, grato pois com ela o meu blogue fica enriquecido. Ressalvei ao autor que faria uma pequena introdução, e disse-lho assim:
"quanto ao comentário, que será sucinto, apenas dirá que não subscrevo uma parte do texto - Fidel Castro: a mão que escreve bem não lava a outra, que tão mal já o fez - além de, pessoalmente, já não comungar da corrente política nele (texto) implicitamente presente"
Eis o Texto, que em conjunto com vocês passo a reler e meditar:
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Nada que não se previsse já.
O aumento do preço do petróleo e a consequente busca de novas formas de energia e de novas fontes de combustíveis, especialmente as formas chamadas de "biocombustíveis" feitas à base de oleaginosas veio desestabilizar o mercado de cereais já de si muito precário.
Por duas razões fundamentais.
A primeira tem a ver com o "desvio" dos cereais que podem servir para o fabrico de óleos vegetais que, posteriormente, podem servir para o fabrico de biodisel.
O milho, por exemplo, que é a base da alimentação de muitos povos, "esfumou-se". Desapareceu. O pouco que aparece no mercado da alimentação, dada a sua escassez, atingiu preços proibitivos e especulativos (a especulação, nas sociedades de consumo capitalistas é parente inevitável da escassez) para os povos que o tem como elemento fundamental. E esses povos são, regra geral, muito pobres e não tem possibilidades aquisitivas.
A fome instala-se assim entre os pobres e desprotegidos.
A segunda razão tem a ver com a procura de outros cereais que preencham a falta dos cereais "desaparecidos".
Como se passa a consumir muito mais quantidade de um determinado cereal, a produção não consegue fazer face à procura e aí o mercado entra em rotura.
Esse determinado cereal passa a ser raro e especulativamente mais caro.
É o caso do arroz. Não servindo para fazer biocombustiveis acaba por desaparecer e encarecer por causa deles!
E quem paga são os desgraçados que não lhe podem chegar!
Curioso é que há cerca de dois ou três anos, Fidel Castro escreveu isto mesmo no Granma, alertando para o facto de se estarem a desviar cereais alimentares para o mercado "envenenado" dos combustíveis e da fome que daí poderia advir.
Claro, como foi o Fidel que escreveu isto, muitos logo se apressaram a criticá-lo.
Afinal ele até tinha razão.
No sistema em que vivemos, o lucro sobrepõem-se à própria vida.
Que importa morrerem uns milhões se produzir biocombustíveis dá bons lucros?
Que importa morrerem uns milhões se a poluição provocada pela produção desenfreada gera milhões de lucros fabulosos?
Assim vai este Mundo dos capitais, das bolsas e dos grandes senhores cheios de Rolls-Royce, palácios, férias na Riviera francesa, Yatches e ilhas privadas.
Mesmo que tudo isto esteja assente sobre milhões de corpos famintos de homens mulheres e crianças.
Viva o capitalismo!
Viva o bezerro de oiro!
Abração.
Jorge

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