O fogo intenso, quente, ilumina as árvores e revela as seivas, os galhos em brasa, os corpos beijados pelas chamas, troncos, nós, ramos, o nu àquela luz. A chama intemporal da pele quente pelo abraço mordido, lambido, o silêncio húmido do beijo que não apaga mas sim incendeia, a eterna fome de fogo e ternura. O arrepio das chamas mais íntimas e o cérebro iluminado pela única luz, sua lareira privativa quando o sussurro animal emerge e em carícias se brilham, os olhos em fogo e na pele o calor que vem dos corpos que ardem na floresta dos prazeres.
O impossível possível enquanto as chamas galgam todo o horizonte e tudo o mais cega, os corpos empolgam-se em de dois fazerem um, um grito, o maior porque de dois num, duas luzes que explodem quando os corpos, os troncos, cedem à violência das chamas e caiem, quebrados; o grito e o beijo-mor no enlace final, às chamas sucede um manto de névoa e dos olhos escorre a ternura que sobrou. O crepitar agitado da memória do fogo, dois fios de suor que deslizam em galhos ainda enlaçados pelos olhos, esses que viram as chamas e as lamberam, o impossível possível.
.....
Também poderia chamar-lhe ‘borralho’, mas gosto da palavra Luz.
Também poderia chamar-lhe ‘borralho’, mas gosto da palavra Luz.
Sem comentários:
Enviar um comentário