Quando entrou na Urgência ia quase cadáver: os dedos das mãos tinham como sinal de vida o tremor das tendinites, o palpitar das chagas sobre cicratizes.
Ligaram as máquinas todas, o desfibrilhador cardíaco, deram-lhe injecções e chapadas mas tudo debalde.
Até ligarem a net e o Messenger, e ele teclar em tamanho 6 «puta k pariu o vosso mundo»; meteu um smiley 'zangado' e bloqueou toda lista de contactos, em silêncio igual a uma internet desligada, então e só então foi-se.
Puxado o lençol e fechada a janelinha, restou a caixa-de-correio que quinze dias após o funeral ainda recebia spam e pps's de florinhas e anedotas, mails com insultos vários.
Quando entrou na Urgência era quase cadáver e não um inteiro pelo vício do Messenger, teclar, teclar, teclar, era quase cadáver porque já nem conseguia falar: e faltava despedir-se...
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