terça-feira, 27 de novembro de 2012

O lugar do Amor


Amo-te
com pressa
de não acabar o amor.

in "Casa térrea"

--/--

Entrar contigo
dentro das searas
e depois
trigo
sairmos da terra.

-/-

Imóveis, seguros
no calor um do outro.

E não importa
a crueldade perdurável,
que chova, vente, esteja frio
na primavera que não veremos.

-/-

- Se eu te desse a folhagem
da acácia sempre-verde
que farias tu por mim?

- Seria búzio, obstinação do mar.
E com fúria na boca me beijaste.

in "A boca junta"

António Osório, "O lugar do Amor", 1985 (2ª edição)

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