crescer, é admirar uma obra e ter um choque ao conhecer o autor. a petulância. obscena. horrorosa. banal. e cresce-se, constatando-o, e seguidamente aceitando-o como uma surpresa natural.
dá direito a um novo olhar quando olhamos a estante, as lombadas que amamos? a desconfiança instala-se? acho que não. um paradoxo aceitavelmente conveniente será dizer, repetir como um mantra, que obra e autor não são vasos comunicantes além da concreta criação literária.
já foi minha auto-flagelação. (petulantemente, atrás escrevi cilícios de mim, pessoais. mortificação? penitência? chega.) acho que já não o é. não sou o horror de mim mesmo, e desconfio da lisura de para quem o seja (haverá?). dito. e aproveito e digo, reafirmo-o, outro mantra, que prefiro a fase hedonista de leitor criativo, silenciosa e riquíssima em honestas e desonestas paráfrases, ao quixotismo romântico dum legado literário a filhos e a netos, criado e mantido pela mentira dum umbigismo desproporcionado, parvo e falsamente envergonhado.
não há 'grandes escritores' de A a Z, autor e criação confundidos e iconizados. felizmente. lemos (e lemo-nos) e sabemos-lo. há a banalidade do talento. obras sublimes a redimirem a fealdade humana. felizmente.
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