Quando as minhas, as tuas pernas
não andarem e ao horário marcado
os comboios partirem finalmente a desoras
da estação de S. Pedro – e de todas as estações
até ao fim da linha – eu poderei finalmente
dizer de óculos escuros espreitando
sobre o vermelho do teu jornal meu deus
como eu te queria, como em sonhos
te sonhava rindo, depois do tão pouco
prazer que as minhas mãos fora dos livros
te haviam de saber dar. Esse meu livro
que nunca abro, esse meu livro que finjo ler
e afinal não, nunca, só tu e a paisagem marítima.
Hélder Moura Pinheiro
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