o nosso húmus do sucesso: o amanhã
da
economia real, a das empresas e não a que figura para fazer figura no
OE, há lições de gestão de vida a tirar, mais extensas que o campo
contabilístico que as viu nascer.
por exemplo, o "direito ao
erro". cá (países latinos) quem falha está arrumado, ganha um estigma e
só por milagre de excepção consegue reerguer a cabeça: abrir falência é
uma marca de infâmia, e um revés é vivido como uma tara.
a diferença: os financeiros americanos que investem em 'star-ups'
preferem associar-se a um dirigente que já lançou uma empresa e falhou a
fazê-lo com um principiante, e Bill Gates admitiu francamente que
preferia rodear-se de colaboradores que «fracassaram pelo menos uma vez
na vida, porque eles não cometerão duas vezes o mesmo erro». Steve Jobs
(o tal da tal Apple), dizia de si: «eu cometo erros, muitos erros. mas crio
um ambiente onde os que eu contrato podem cometer erros e com essa
auto-aprendizagem desenvolverem-se». o direito ao erro, considerado
pelos anglo-saxónicos como "húmus do sucesso", adapta-se mal à nossa
cultura mediterrânica.
introdução terminada. terminada?
absolutamente não. só estará completa e levará posfácio de profecia
realizada quando finda esta má saga onde mergulhamos, sejam, dois, três,
cinco ou os anos que forem, abrirmos os jornais e olharmos o who's who
das nossas empresas, sairmos à rua e olharmos os donos das lojas dos
nossos bairros, elas e elas hoje a caminho de taipais mais ou menos
mal-disfarçados, ou mesmo já assumidos em maus editais de penhoras e
outras maldades, e reconhecermos caras. reconhecermos o "vizinho da
loja" ou o "tycoon" deste ou daquele negócio. e hoje caídos em desgraça.
embaraçosamente pré-falidos ou já envergonhadamente falidos.
reconhecê-los um a um. reerguerem-se. vê-lo é também reerguermo-nos nós.
o direito ao erro deles é igualmente o nosso, mas nós somos anónimos.
mas um a um, nós, gozamos do mesmo direito deles. reconhecê-lo é um dos
passos. nossos. ter fé em nós é ter fé nos outros que igualmente
falharam, sem que esse percalço seja mais que isso e signifique que
estamos arrumados. hélas!
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