terça-feira, 24 de abril de 2012

o nosso húmus do sucesso: o amanhã

da economia real, a das empresas e não a que figura para fazer figura no OE, há lições de gestão de vida a tirar, mais extensas que o campo contabilístico que as viu nascer.

por exemplo, o "direito ao erro". cá (países latinos) quem falha está arrumado, ganha um estigma e só por milagre de excepção consegue reerguer a cabeça: abrir falência é uma marca de infâmia, e um revés é vivido como uma tara. a diferença: os financeiros americanos que investem em 'star-ups' preferem associar-se a um dirigente que já lançou uma empresa e falhou a fazê-lo com um principiante, e Bill Gates admitiu francamente que preferia rodear-se de colaboradores que «fracassaram pelo menos uma vez na vida, porque eles não cometerão duas vezes o mesmo erro». Steve Jobs (o tal da tal Apple), dizia de si: «eu cometo erros, muitos erros. mas crio um ambiente onde os que eu contrato podem cometer erros e com essa auto-aprendizagem desenvolverem-se». o direito ao erro, considerado pelos anglo-saxónicos como "húmus do sucesso", adapta-se mal à nossa cultura mediterrânica.

introdução terminada. terminada? absolutamente não. só estará completa e levará posfácio de profecia realizada quando finda esta má saga onde mergulhamos, sejam, dois, três, cinco ou os anos que forem, abrirmos os jornais e olharmos o who's who das nossas empresas, sairmos à rua e olharmos os donos das lojas dos nossos bairros, elas e elas hoje a caminho de taipais mais ou menos mal-disfarçados, ou mesmo já assumidos em maus editais de penhoras e outras maldades, e reconhecermos caras. reconhecermos o "vizinho da loja" ou o "tycoon" deste ou daquele negócio. e hoje caídos em desgraça. embaraçosamente pré-falidos ou já envergonhadamente falidos. reconhecê-los um a um. reerguerem-se. vê-lo é também reerguermo-nos nós. o direito ao erro deles é igualmente o nosso, mas nós somos anónimos. mas um a um, nós, gozamos do mesmo direito deles. reconhecê-lo é um dos passos. nossos. ter fé em nós é ter fé nos outros que igualmente falharam, sem que esse percalço seja mais que isso e signifique que estamos arrumados. hélas!

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