sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

1974, 75...

o silêncio já se instalou. já passa das horas, e elas fazem-se momentos vividos e ouvidos na memória. recordo.

a noite só quebrava quando o corpo o exigia, e então pelos vidros forrados a celofane colorido entravam as primeiras luzes, na avenida àquele instante mágico em que nada de nada se ouve (todas as noites o têm, todas) um ou outro dizia existir, soava, soavam. alguns.

nós? mergulhados no torpor do brindawn, finalmente silenciados, esvaídos os lipos e os prelos e as metas e tudo tudo, como manequins abandonados nos cantos da sala, a luz pseudo psicadélica, avermelhada, azul, verde, ainda sobrepondo-se à suave luminosidade que entra, lá de fora. lá de fora, mas ainda é cedo: nós. nós, corpos castigados, cansados, mas os olhos brilhando. de entendimento? de vida. seja de cansaço, seja, mas de vida sim. e

um (eu?) levanta-se e vai ao pickup. silêncio. silêncio falso que todos os movimentos são-no, movimentos, e todos os sabemos, todos nos entendemos. a mão tira um lp das capas, acerta a agulha e mao e olhos sentam-se, a luz mais forte, o som lá fora já presnete.

mas soa Melanie. sim, era essa a música do brindawn. o Luís gostava, eu gostava, o Ruca também. o Jonhy, o Hélder. Vasco. Afonso. Chemane. Bebé. Wilson. Joãozinho. nomes, nomes, nomes. Melanie, era Melanie a música do nosso brindawn. e a cidade era silêncio

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