segunda-feira, 14 de março de 2011

googlando-me, sem querer: "onde está Wally?"

revelando-me, sem querer.

sábado passei a tarde a arrumar livros, coisa sem fim e ainda bem que é assim. é neles que estou 'em casa', sem chatices, que mesmo as memórias que me trazem consigo triturá-las de forma a... aceitá-las. triturar, porque não o consigo por menos. aceitar, porque todos e cada foram partilhados e a traição literária é a única aceitável. (escrevi "montes" enquanto arrumava. mas 'já não é importante!...', como o sinto e me dói!)
calhou que comecei a adoecer lá, nessa tarde, mas só à noite me caiu em cima 'tudo', com a merda duma sopa de alho francês que fiz, provavelmente segui mal as instruções do pacote, e comi dois pratos a ferver com ela mal cozida. acordei só à bocado! isto cá dentro é frágil e qualquer coisa me arruma. fim de aiar.
naquela tarde encontrei o amalaya!, de Silvia Zayes (edições tema, 2006), e pensei logo em fazer um post no Facebook dedicado à amiga Lola Canosa, galega militante e uma das gargalhadas que me acompanham no autismo informático que é aquela paranóia do FB. é também por ela que vale a pena andar por lá!
precisava duma imagem da capa do livro - cá em casa, só o teclado e o monitor funcionam, nem impressora, quanto mais o scaner - e pus-me a googlar, santo dos santos que me desenrasca de quase tudo que preciso. só que, desta vez, encontrei-me! dei por mim, cara chapada e ao que me lembro de olho disfarçadamente guloso, a assistir à performance da boa da Silvia na apresentação no Clube Literário do Porto, no já tão longe 2007, do tal livrinho (estou em 5 fotos, vejam lá...), no Filo-Café "Ritos e Rituais", organização da Incomunidade, uma das boas iniciativas do Alberto Augusto Miranda & Cªa, que me fazem lamentar este estar tão longe de tanto que gosto neste 'desterro' na lezíria, tão perto de Lisboa que acaba por ser longe, tão perto de tanto mais que, como agora, leio e não acredito como houve um tempo em que me mexia e de facto tinha um outro mundo, vivido. (e continuando, à procura da capa que não encontro, encontro::

"Um filo-café é um triciclo. Movimenta-se pelos próprios. Não tem petróleo. A sua combustão é activada pelo desejo. Não se paga, não se paga. Apaga-se. E vem outro. Cabeças sem trono. Um filo-café lembra-se. Desaparece sem dor."

fico-me por aqui. matutando sobre o que vale a pena e o que foi excessivo. o que valem 'os livros' («"só pelas palavrinhas bonitas?» - perguntaram-me e não o esqueço) e se é só assim, tão redutor que ofende (ofendeu). se calhar ser-se puta é melhor que ser-se filho-da-puta, também o penso. quero apagar três anos da minha vida e não consigo. foram importantes, mesmo que neste fim acabe como estou: googlando-me e, sem encontrar o que desejava, acabando a reflectir sobre o inferno das coisas, minha estante desarrumada.

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