terça-feira, 8 de março de 2011



eu canto as gentes vivas e as ausentes
as coisas por fazer ou já desfeitas
as empenas das casas levantadas
as empenas das casas esqueléticas

o vento a flor a pedra a dor a chuva
o perfil a palavra a mão a fome
o verme o pássaro o insecto a nuvem
e o mar e o grito e o pão que o tempo absorve

mas sobre tudo eu canto ai sobre tudo
este morrer de amar cada segundo
horizontes por que me desfiguro
à mortal palidez de um céu inútil

"Gritoacanto 1970-1974", Glória de Sant'Anna, Cooperativa Árvore, 2010

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