comecei hoje a leitura d'"O Profeta", de Khalil Gibran. livro que tenho há supostas décadas mas que, julgo, nunca mais abrira além do folheanço inicial. tal como tantos, estantou-se e nunca mais me lembrei dele. hoje, por razão bem diversa - hei-de contá-la, merece - dei com ele e trouxe-o para cima, para acompanhar a leitura do "Dublinesca" (Vila-Matas, já citado) que me entusiasma. só que, meu velho hábito, nunca leio só um de cada vez. e como terminara a 'novela futurista' de JP Borges Coelho...
bem, acordemos nisto: a revolução de Jasmim não foi indiferente. cruzo linhas. elas cruzam-se e cruzam-nos. (premonitoriamente? ele há coisas...) lera "O Palestiniano", António Salas, talvez uma semana antes da primeira eclosão popular, a do Líbano. ora Khalil Gibrain, poeta, era libanês. resistir-lhe? foi tempo demais! ou cada livro tem o seu próprio tempo, e com a naturalidade das coisas simples (gosto deste cliché) chegou a hora dele.
não vou transcrever nenhum dos poemas, até que são para ler além da poesia - o momento urge-o, e ainda não aconteceu assim. porém, como julgo que este poeta será para muitos um desconhecido transcrevo a info constante à laia de prefácio do livrinho, que já agora é da Editorial A. O., Largo das Teresinhas, 5 - Braga (ele há coisas...) e a edição data de 1978, época em que me situo a viver ou em Oledo (simpática aldeia perto de Idanha-a-Nova) ou em Monsanto, a tal aldeia histórica que ganhou um prémio d'a "mais portuguesa de Portugal" (?), e donde tenho tantas memórias, confusas, do vivido e do que não fui eu que vivi. e ciúmo-me de tudo, isto também é pacífico.
ora então vamos lá:
(sobre o autor)
"Khalil Gibrain nasceu em 1883 em Becharre no Líbano, duma antiga família cristã. O avô materno era sacerdote do rito maronita.
Em 1894 emigra para Boston, em companhia da mãe, mas em 1887 regressa sozinho ao Líbano para prosseguir os estudos na Escola da Sabedoria de Beirut. Em 1901 visita a Grécia, a Itália, a Espanha, depois instala-se em Paris, para estudar pintura. Nessa época escreve OS ESPÍRITOS REBELDES, livro que viria a ser queimado numa praça pública de Beirut, por ordem das autoridades turcas e condenado como herético pelo bispo maronita.
Em 1903 Gibran é chamado à América para assistir à mãe moribunda. Permanece em Boston, onde se dedica especialmente à pintura. Em 1908 regressa a Paris e trabalha na Academia Julian e na Escola de Belas Artes, convivendo com Rodin, Debussy, Maeterlinck, Edmond Rostand e outros homens ilustres.
Em 1910 instala-se definitivamente em Nova Iorque e consagra o seu tempo à pintura e à poesia. Nessa cidade virá a morrer em 1931. O seu corpo, levado para o Líbano, repousa na cripta do Mosteiro de Mar Sarkis, em Becharre."
(sobre o livro)
"Khalil Gibran foi a um tempo pioneiro do ressurgimento da literatura árabe no final do séc. XIX e notável artista da língua inglesa. A maior parte das obras, escritas em árabe, foram re-criadas em inglês pelo próprio autor. Se estas versões inglesas foram bem acolhidas nos meios literários, a notoriedade no mundo ocidental veio-lhe a seguir à publicação de O PROFETA em 1924.
De facto O PROFETA é a sua obra prima. Aos quinze anos o autor redigiu o primeiro esboço em árabe que mais tarde foi remodelado e ampliado duas vezes. Esta terceira versão, utilizada como base do texto inglês, sofreu ainda quatro revisões de fundo, antes de vir a público. O autor queria estar seguro de que cada palavra escrita transmitia fielmente o melhor de si mesmo.
Esta versão portuguesa foi tentada tomando uma que outra liberdade na disposição rítmica dos poemas e acrescentando os títulos."
ambas as notas não estão assinadas. presumo-as de autoria do tradutor, Manuel Simões
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