Bebi meia garrafa de vinho que era novo
mas o seu sabor era tão velho como só eu sabia.
Bebi-o todo, todinho:
em vinte minutos bebi quarenta e
(e!!) cinco anos. De olhá-la, arrolhada.
Matei a sede? eu vi-lhe o fundo:
o verde ovalizado,
verdete pústula, pus velho
crosta que por ser meia,
a garrafa, de mim se escondia
(mas eu sabia...)
Depois deitei-me à sombra
de minha meia garrafa vazia.
Não sinto ressaca, dor ou alívio.
Bebi-os todos, gota a gota
quarenta-e-cinco-raivas
antes de ontem abri-la
e beber, beber
até ao verde ovalizado de meu fundo
(garrafeira privada, 6 de Maio de 2009)
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