quarta-feira, 26 de novembro de 2008


entaramelo a voz. aqui. não sou escritor, não consigo abrir mais o peito sem que me doa insuportavelmente. talvez um dia o consiga. até lá atafulho-me de metáforas e comprimidos, faço do blogue um concerto de remédios de auto-ajuda. faz-me falta ter com quem falar. o Carnegie dos vinte anos é igual à Rhoda Byrne dos cinquenta: nada me dizem e menos me ajudam. a ficção que leio ilude-me, apaga-me até adormecer. mas depois acordo e tudo recomeça, e as caixas de comprimidos estão quase vazias. a escrita? até ela é moribunda incluindo "a secreta". gosto do Outono, os passeios com um tapete de folhas que descaem para olhá-las e aceitar a perenidade de tudo. piso-as com respeito pelo conforto qu'o seu gesto nobre suaviza o palmilhar o quarteirão donde não saio senão com algemas. tenho os remédios quase esgotados, valha-me o Youtube. pus o "You are a Lucky Man" e fui a correr barbear-me. melhorou. pelo menos melhorou perante O Outro, qu'eu passei água pelos restos de sabão e os olhos estavam iguais. os olhos não se barbeiam. sorriem ou choram pois não consigo imunizá-los e acinzentá-los na indiferença. sinto que perdi mais que ganhei. ganhei tal como em criança enchia os maõs de areia mas hoje, barba feita, não olho da mesma forma o grãoes que fogem entre os dedos. perdi. Princesas, castelos, sonhos, até eu príncipe. fica o Outono. abençoado tapete que, caia a gasta analogia, suaviza e conforta o pisar quando visito o meu Jardim, secreto como todos os jardins são para alguéns. e calo-me. está aí o Outono, calo-me, faço a barba, tomo o resto dos comprimidos e vejo Youtubes incluindo os de mim.
(imagem daqui. obrigado por mais estas para pisá-las e suavizar-me)

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