por mail mandam-me o link (se não surgir logo na abertura, clicar em Página Inicial e aparecerá o video "As Marcas de Abril") e pedem-me um comentário. ei-lo, em pontas que é como saiu:
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finalmente vi, e gracias pela lupa com que me habilitaste.
sobre os artistas/pub, designadamente os escritores: eu recordo sempre um que a reportagem não refere: o O'Neill. e dos slogans que lhe são célebres, de todos os mais conhecido o celebérrimo "há mar e mar, há ir e voltar". mas recordo-o - e os 'manuais de pub' idem, também pelos slogans brilhantes que o conservadorismo dos clientes rejeitaram. como o aquando da abertura da primeira linha de Metro em Lisboa, anos 50's, em que ele propôs de imediato na primeira reunião que a agência contratada para a campanha realizou, este: "vá de Metro, satanás!" Brilhante! - mas rejeitado. ou o slogan para a campanha dos colchões Lusospuma: "com um colchão Lusospuma você dá duas como se fossem uma".... igualmente rejeitado. a criatividade, o brilhantismo, - e como é habitual.... - só é reconhecido tardiamente, já quando o legítimo beneficiário nada dela pode aproveitar.
a Pub, hoje, é um mundo espartilhado. hierarquizado. com escadas e escadinhas, sem grandes oportunidades de se ousar escorregar pelo corrimão, informalmente, ignorando a fila de fatos e gravatas todos vestidos de igual, todos com projectos castrados pois de castrados se tratam. quando não o são ainda, rapidamente as megaestruturas das megasempresas tratam de lhes capar o laivo de criatividade individual. há década e meia Portugal descobriu a 'frescura' da Pub brasileira, muito por graça e obra do primeiro emigrante do género que cá aportou com sucesso: o Athaíde (julgo que é assim que se escreve). a Pub brasileira estava - e ainda está, mas com o fosso mais reduzido - a anos-luz da nossa, pra melhor. fresca. inovadora. ousada. afinal capaz de atingir o seu fim primevo que é atrair a atenção do potencial consumidor dum produto, 'gravar-lhe' uma mensagem no subconsciente. amanhã, quando ele entrar numa loja, supermercado, etc, na vitrina expositora do produto que pretende e com as marcas lado a lado,... a 'mensagem' surge-lhe e, se foi forte e simpática, feliz, ele prefere. é assim que funciona. simples.
hoje, creio, se há agências de pub nacionais independentes das multinacionais têm uma quota mais que minoritária de mercado: as Thompson & companhia também já cá chegaram, recrutaram os «cérebros' que lhes interessavam, a troco de soldo e rancho melhorado moldaram-nos a padrões multinacionais, espartilharam e desfizeram a lusa singularidade, que também existia ao caso, a pub do produto genuíno nacional. nesse não se podem aplicar fórmulas importadas, com mínimas adaptações. pelo menos para se conseguir uma campanha feliz, o 'diferente' que faz a diferença. mas não é o que acontece. é a globalização também neste campo, também filha e fruto de "as grandes marcas nacionais" estarem extintas além do nome - quando este restou... - após terem sido absorvidas pelos tentáculos dos gigantes.
Abril? Abril na pub? mitologia. mitologia igual ao Abril político, que dele também restam os foguetes que esta noite se ouvem, os cantos das primeiras páginas dos diários de amanhã, e de x em x tempo ser-nos pedido que colaboremos na manutenção ad eternum da sua mitologia magna, a democracia em versão parlamentar, claro, que da outra já há muito que até a sua campa não recebe flores vivas, extra o conservador e burocrático plástico.
era isto que querias ouvir-me? não sei. foi o que me veio à memória ao ver o documentário. o Grande O'Neill. o Grande Ary. todos esses artistas, doutores em letras das que valem, que mesmo na pub para comporem o orçamento viviam com dificuldades. que o diga a actual mulher do Guterres, a viúva do Alexandre O'Neill. ela conta, ela contou. não era "uma sardinha para três", claro, mas era meio mês a viver de fiados até vir o ordenado ou - festa grande! um cheque extra de direitos de autor ou de prémio por uma campanha excepcional. também se diga que não é mentira que, magnânimo e amigo dos seus amigos tal como eles eram dele, mal esses bónus vinham rapidamente iam, qu'ele a todos convidava a festejar, tal e qual como quando era a vez doutro assim acontecia. pelas tascas da Mouraria, tua vizinha. pelo Bairro Alto, quando ele era o que era e não o plástico d'hoje, turístico e embriagado sem gosto nem proveito. bolas, fizeste-me evocar tanto que não sei além do ter lido e ouvir falar que.... só posso agradecer-te, hoje a 24 e quase a 25. fizeste-me ganhar a noite da liberdade, passe o jargão e viva a publicidade!
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