Obrigado 'Jose'.
domingo, 23 de setembro de 2007
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
terça-feira, 11 de setembro de 2007
correntes de livros
dois blogo-amigos desafiam-me a arrolar os dez livros que mais me agradaram, e o seu inverso: os que mais valia nunca lhes ter posto os olhos em cima. agradar, no sentido de terem sido 'importantes', formativos. desagradar, no potencial de defraudarem sonhos - o que é muito chato - ou distorcerem conceitos de valores, e isso é imperdoável.
não me vou ater ao número (dez), até porque vou relacionar em pura memória, sem ir 'conferir' e perder-me entre lombadas. quando li os convites pensei realmente em fazer uma pesquisa, mas desisti da ideia: não vale a pena, os amores e os ódios se chegam a tão poderoso patamar estão cá gravados. excluo a tralha 'profissional', as teorias de justiça que consumi como quem limpa o cu a meninos, e quanto mais li menos percebi (não, John Rawls não tem nada a haver com isso, o seu 'teoria da justiça' até é um óptimo livro mas muito longe de o incluir nestas listas)
nos 'menos' fujo do romance, da ficção. nos 'mais' ela é inevitável, e muita na "juvenil". por exemplo, li 'Robinson Crusoé' (Defoe) e 'O conde Monte Cristo' (Alex. Dumas) há uns quarenta anos atrás e nunca os esqueci: ensinaram-me a sonhar, viajar nas longas páginas do romance. tenho ternura por eles. há uns trinta, na praia de Milfontes, devorei 'A verdade em segunda mão', Joyce Cary, cheguei ao fim e comecei-o de novo, não há muito tempo andou-me de novo nas mãos: não esqueço Gulley Jimpson e a sua filosofia e praxis libertárias, enquanto 'artista'. noutros registos foram-me importantes (no seu tempo próprio, como contraponto e contra-cultura à então dominante) os textos da 'Internacional Situacionista', diversos, na revista homónima que editaram e que me chegava em douradas mijinhas às mãos revolucionárias-moçambicanas que, então - entrada de leão nos 'menos' - engelhavam o cérebro com os discursos de Enver Hoxha, Kim Il-Sung, Samora Moisés Machel, Vladimir Lenine e o resto da troupe (nestes, elejo como ódio de estimação "A sagrada família", Engels, cujas primeiras vinte páginas li e reli vezes sem conta sem ter conseguido perceber patavina. é o meu avatar de fustração intelectual). da mesma altura, e regressando acima da linha d'água, Wilhem Reich é incontornável. li-o todo e selecciono como bandeira aquele que a é, 'a revolução sexual'. abriu-me horizontes, fez-me seguir e encontrar David Cooper, Marcuse, a "minha biblioteca" começou a ganhar prateleiras de qualidade. a História: uma paixão. a luz que encontrei para melhor a saber ler chama-se 'a nova história' e é de Jacques LeGoff. atrás veio o resto, pelas estruturas aprendi a estruturar o pensamento histórico (gosto de acreditá-lo).
um livro simples, diabolicamente simples, a primeira ficção de qualidade que li quando cheguei a Portugal e me deu "uma porrada na cabeça": 'o que diz Molero', Dinis Machado. a ficção em escrita épica, caoticamente perfeita: o relato da cena de porrada no Bairro Alto entre os índios locais e os marinheiros americanos deveria constar de manuais escolares da disciplina de bem escrever Poruguês, se não está lá (desconfio que não). é livro que já comprei várias vezes pois, perdendo-o em 'emprestanços' - prática que não gosto mas que não nego se o livro é dos bons - rapidamente reponho o stock... faz-me falta, a sua presença é-me reconfortante e tenho alguma angústia, quiçá vergonha íntima até, se entre tanta livralhada sem jeito... ele não está. idem para 'a louca da casa', da espanholita Rosa Montero. lembrei-me dele porque quero incluí-lo no tal 'top ten' e porque, de momento e já há um bom ano, está fora de casa e não há semana em que não me lembre disso. ou regressa (é sempre chato ter de pedir o que já deveria ter sido devolvido) ou compro outro. quem o leu e leu as minhas peneiras e falidas ilusões sabe do que falo. posso ter falhado como 'escritor' mas houve uma altura em que acreditei sê-lo, ou com potencial para sê-lo, no meio de tanta parvoíce havia uma febre de que parecia que só eu lhe sentia a temperatura e, então, Rosa Montero confortou-me, desilusou-me e, mais ainda, ajudou alguém muito próximo de mim a entender-me, inapto e besta em explicar e justificar o que sentia, a febre, é difícil conviver com um doente... 'Crime e Castigo', Dostoievsky. brutal. psicologicamente brutal. tenho um canto especial para ele, até por razões pessoais: li-o aquando tratamento psiquiátrico e como parte dele, e ajudou.
hesito em incluir o 'doutor Pasavento', Enrique Vila-Matas, por poder estar influenciado pelo deleite da sua leitura que é muito recente: acabei-o há dois dias e ainda estou debaixo de choque, sem o distanciamento temporal e mais umas milhas de papel de intervalo para poder situá-lo com justiça. é que, agora, é apenas o melhor romance que li este ano, e já foram muitos e tantos 'bons'. ah! antes que me esqueça: adoro um bom policial. nos diversos géneros, Agatha Christie ('o assassinato de Roger Akroyd', entre todos), Dashiel Hammeth (escolho 'o falcão de Malta'), Patricia Highsmith (a série 'Tom Ripley' serve mas há tantos), etc. mas, a escolher um, fica o 'Rififi', Auguste Lebreton: o perfeito 'romance noir', os estudiosos do género até dizem ser o seu iniciador. já agora, leitura lúdica, na ficção científica não me escapou nenhum do grande Robert H. Heinlein (cinco prémios Hugo, o Nobel do género), e distingo "um estranho numa terra estranha". embora Robert Silverberg seja muito bom e o 'bailado das estrelas' um livro maravilhoso, Heilein tem uma capacidade criativa em sede do fantástico... doutra dimensão.
mas já chega de dizer bem, vamos lá cortar na casaca... quem me conhece sabe que gosto muito da escrita de António Lobo Antunes. além do cronista, maravilhoso mas "crónica" é outro assunto, é do romancista que falo. mas... tentei ler - 2x - 'ontem não te vi em Jerusalém' e não consegui apanhar-lhe o ritmo, as páginas não me agarram. como não o acabei (nem ao meio cheguei...) não deveria falar em desilusão, parece injusto. mas sinto-o como sendo-a pois, dele ALA, as expectativas são sempre grandes, enormes, iguais à minha admiração canina por ele. neste... há qualquer coisa (em mim?) que não está a funcionar. tinha de deixar este registo, metido meio a martelo e de contexto sofrível, mas não podia escapar à deixa para dizê-lo.
quando li os convites para esta corrente calhou o primeiro só aludir aos 'menos' e, ao mesmo tempo, estar a viver uma fase de rejeição profunda em relação ao meu eu, eu enquanto gajo dos cucos, i.e. das escritas. por isso veio-me logo à ideia aproveitar e desabafar, dizer que o livro mais negativo que li, o que mais me prejudicou, foi por mim escrito, por sinal o único: o 'Xicuembo'. cheira a tique de primadona, a arrufo, amuo, cagança e mania, crise intelectualóide de imbecilóide. será, talvez, mas acho que não. aquele livro prejudicou-me como ser humano, fragilizou-me ao destapar tanta imperfeição, ao alimentar tanta ilusão, ao enganar-me tanto. 'Xicuembo' é um relato banal, uma crónica de vida igual à de tantos, elege o narrador a um degrau que ele não subiu nem sabe se o saberá fazer: autor, escritor. não é como 'o que diz Molero' que, poderoso, excessivamente poderoso, estrangulou o Autor para a obra futura, 'castrou-o' como é habitual ler-se. está na estante, está em algumas estantes, mas, na minha, está escondido. longe dos castelos, felizmente, não tenho qualquer orgulho em tê-lo escrito e tomara que nunca mais ninguém me fale nele.
finalmente a poesia, para adoçar o fim do momento musical e antes do regresso à virtualidade: 'vinte poemas de amor e uma canção desesperada', Pablo Neruda. tem de estar na lista, em qualquer boa lista. li-o nas areias da praia da Costa do Sol, percebem? já agora, da mesma praia, 'karingana ua karingana', de José Craveirinha. claro.
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obrigado pela deixa e oportunidade, João Tunes e jpt (em duplicado). passo a bola à Clara, à IO, à Theo, ao Zé Carlos, e não a passo ao Zé Paulo porque alguém já lha passou.
:-)
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
o negócio da "noite"
relato da insegurança da segurança da noite, os bois pelos nomes. a realidade por detrás do sangue que os écãns contam. as razões dele, e as razões do silêncio peçonhento.
pelo meu vizinho e colega blogger, Barão da Tróia, de Almeirim.
a mentalidade
segundo estas declarações, o porta-voz da PJ para o "caso Maddie" acha que a deslocação dos novos arquidos para a sua residência habitual, legal e formalmente autorizada, é uma (nova) dificuldade para as investigações - que se imagina deseje sejam processualmente céleres, tal e qual a investigação tem sido. e a luminária pormenoriza:
a) porque obriga ao cumprimento de prazos legais (boa, esta... é só chatices)
b) como têem advogado constituído, as convocatórias serão feitas através dele (mais chatices e a vida está cheia de impecilhos, não é senhor inspector?)
eu tenho medo de gente desta.
domingo, 9 de setembro de 2007
lidos
as pausas forçadas têm uma óptima vantagem: ajudam a por as leituras mais em dia. li muita coisa boa, felizmente. posso dizer que nestes quinze dias não li um livro mau. óptimo. o realce que deixo é de ter avançado por autores brasileiros "não tradicionais", nomes que me eram desconhecidos e provavelmente a quase todos nós pois, habitualmente, nas livrarias só se encontram os nomes feitos, os tradicionais. valeu a pena, e de que maneira... tanto, que já me reabasteci de mais 'meia dúzia', em tiros no escuro quanto a nomes de autores/títulos: sem medo, a experiência foi muito positiva. lidos: "Capão Pecado", Ferréz; ""O canto da sereia", Nelson Motta; "Curva de Rio Sujo", Joca Reiners Terron.
dos outros, sem surpresas (agrado) o último Le Carré, "O Canto da missão", embora com final um bocadito 'cândido'... deliciei-me - é a expressão! com o "Doutor Pasavento" de Enrique Vila-Matas, livro a que tornarei pois há muito para falar acerca dele, e de como me cruzei com ele/ele. muito mesmo. divertido (e instrutivo...), "contos de colarinho branco", Paulo Morgado: eles andam aí, não passamos a vida a queixar-nos? então 'bora lá aprender "como é que elas se fazem...". li também o "Foi assim", de Zita Seabra. fiquei a saber como foi com ela, ora que já sei de mim. sem surpresas (dela, da praxis do partido ou da ideologia).
o que tenho em mãos: "cartas de Jack London", em laborioso trabalho de tradução de Ana Barradas que serve também uma excelente introdução que vai além de explicatória da sua relação literária com o Autor. estou a folheá-lo sem ordem cronológica, lendo-lhe bocados da vida. há ali pérolas. na pág. 166, a carta "ao editor de Ability":
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Oakland, Califórnia
20 de Fevereiro de 1905
"Caro Senhor:
Sempre que um escritor é sincero acerca de um manuscrito (ou livro) de um autor amigo, perde essa amizade ou vê-a diminuir e desvanecer-se, tornando-se uma sombra do que foi.
Sempre que um escritor é sincero acerca de um manuscrito (ou livro) de um autor que não conhece, ganha um inimigo.
Se o escritor gosta do seu amigo e receia perdê-lo, mente ao amigo.
Mas vale a pena o esforço de mentir a quem não se conhece?
E, já agora, de que serve fazer inimigos?
Além disso, um escritor conhecido é assediado com pedidos de estranhos para ler os seus textos e dar opiniões sobre eles. Ora essa tarefa é de um gabinete literário. Um escritor não é um gabinete literário. Se cometer a tolice de se tornar um gabinete literário, deixará de ser escritor. Não terá tempo para escrever.
Ademais, como gabinete literário caritativo, não receberá nenhum pagamento. Portanto depressa entrará na falência, terá de viver da caridade dos amigos (se ainda não fez deles todos inimigos por usar de sinceridade) e verá a mulher e os filhos seguir melancolicamente o caminho do asilo.
Acho muito bem a simpatia pelos desconhecidos que se esforçam. É bonito... mas há tantos desconhecidos a esforçar-se! Devem ser algo como vários milhões. E a simpatia pode sair muito cara. A simpatia começa em casa. Mais vale ao escritor deixar que essa multidão de desconhecidos se mantenha desconhecida do que permitir que os seus próximos e aqueles que lhe são queridos ocupem enxergas miseráveis e tenham de se entregar a trabalho insano.
Cumprimentos,
Jack London"
pêlos
... e tradições: nada valem: ontem tirei o meu avoengo bigode de trinta e cinco anos, uma cicatriz que estava esquecida revelada. a coisa vai
os livros
tenho dois convites para responder em "corrente" acerca de livros que me foram importantes, e dos seus contrários: aqueles que mais valia nunca os ter aberto. coisa complicada, está-se mesmo a ver. os amores e os ódios são sempre complicados. coisa para responder um pouco mais tarde, embora por impulso era capaz de, já... não, deixa matutar.
e o país?
o telejornal da 1, hoje, foi uma ilha de sanidade. ainda salvará? só só até à próxima Maddie/Casa Pia?
li que o "caso Maddie" é um case study. e o país, este persistente incêndio?
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