segunda-feira, 16 de julho de 2007

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'chibata' mesmo metaforicamente é forte, que ainda estão tantos vivos que a conheceram e, pior, ainda conhecem. peço desculpas, usei sem pensar.
fico-me pelo policial negro disfarçado em romance igual. não o le Breton ainda que esse à segunda folha já matou quinze e põe o sobrevivente a caminho do hospital, conduzindo cada vez com mais dificuldade pois as tripas que lhe escorregavam do ventre esfaqueado, iam enrolar-se junto aos pedais e ele estava com pressa. calma. mas Dashiel Hammet concerteza, e amantisado com a tonta paranóica da Patrícia, um monstro novo em cada dia.
a ideia de que não sabemos nada do amanhã, dos amanhãs que vêm depois do hoje, este o que dói e faz pensar que talvez os amanhãs sejam melhores. a esperança. e cada ogre novo que aparece nos hoje que foram esperançosos amanhãs junta-se à matilha dos que já comeram tanta coisa, e que lhes sejam indigestas as tantas nossas desilusões. afinal um policial negro onde, lá pelo segundo ano e picos de mandato já o Primeiro-Autor assassinou pelo-menos-quatro e corrompeu um quarto da polícia, espetou com cenas de sexo tórrido até dizer mais não, daquelas onde - e utilizando uma expressão que um comentador destacou - entra-se em orgias sem ter sido avisado onde somos fornicados e bem fodidos. fica-se a pensar nas páginas seguintes e que novos horrores virão naquele meio-livro e meio-mandato que faltam, a sensação de 'tirem-me deste filme' onde vou ter de lê-lo todo até ao fim, sobrevivem uma sopeira e um polícia de trânsito, tudo o resto esvaído por esventrado, cheio de buracos que nem um passevite, aquela coisa dos ovos estrelados. pesadelos onde há pelourinhos (e lá voltamos à chibata) em que o autor tortura as vítimas-leitores junto com os personagens, sádicos faz-nos temer uma porta aberta ou uma fechada, alternadamente. diverte-se enganando(-nos/-os) nas pistas, nas primeiras folhas, seu início de campanha e de romance que pretende longo, engana-nos dando-nos pistas de felicidade colectiva, meio caminho par se obter a individual. mas logo as páginas derrapam, citam-se outros autores e até se metem académicos à bulha, tal a densidade narrativa que nos diz, muito claramente, que há engano em qualquer coisa pois, afinal, para se atingir o Céu o interrogatório é precedido de penitência e das duras, e o filtro para uma cara genuinamente alegre cada vez está mais fino, menos se vêm quer na rua quer nos espelhos.
autores assim, maníacos do avacalhamento mais sórdido dum simples fim de semana entre três ou quatro amigos - até aí, presume-se sempre, onde um morre ou fica gágá e os outros se engalfinham à vez, até o sacana do escritor-primeiro revelar que os fodidos a final, digo os tas fornicados e não sabiam como lhe calhara este filme pois não era assim que vinha anunciado em cartaz, esses, era um apenas, era o leitor. o leitor único do policial negro em que estamos a páginas tantas duma qualquer parte já adiantada, embalados, um ensaio com citações e listagem de obras consultadas que, fezendo-lhr fé, deixa dúvidas sobre se, afinal, há diferenças entre, exemplo, os pólos e o equador.
hoje há este novo 'refúgio', os "independentes". Lisboa e as para PR estão nas bocas, e os jornais sabem que quem gosta de falar muito compra-os, à procura de inspiração para parangonas pessoais. vai durar: a legislativas são daqui a dois anos e tal como eu há muita gente que não conhece bem a lei eleitoral, a ponto de saber da viabilidade de listas assim e assado, 'cá uma malta fixe', com a diferença que vão mesmo sabê-lo e eu, estando-me nas tintas para fazê-lo, acompanharei o que for tornado público, parangona, da evolução dos magnos estudos.
o que é que eu penso das candidaturas independentes? que só o são até ganharem a consistência de credibilidade suficiente para, por auto necessidade de encontrar grandes pontos de consenso nos seus apoiantes, grávidos de independências com todo o seu bom, mas também há gravidezes do caraças e as independências são solidões, cada louco com sua mania. aí, quando se auto identificam com Grandes Opções e fazem-lhe o resultado passam a designar-se assim ou assado, encontrando familiares e, em novo estatuto, até encontrando velhas amizades e camaradismos, tal identidade aniquila a independência pois, 'agora', o grupo de independentes que concorrera é empossado na perca compulsiva da independência, entrou na estrutura e, para sobreviver, estrutura-se. agora confrades pois jogam um jogo onde as regras são bem claras para os veteranos, alianças que se fazem para uma mais rápida integração, um ganhar de espaços para consolidar e... estruturar, alicerces de condomínios onde pela varanda se vê uma nesga do que existe e assim se rouba horizonte, em vez duma caravana tão independente que, quando calhava e havia gasolina, via-se o pôr-do-Sol com a certeza que os amanhãs o repetiriam, sempre mais belo.
enquanto movimento inicial, sem "curriculum" formado e sem evidentes genéticas que puxam às pernas cruzadas e aos roços por debaixo das mesas, os movimentos "independentes" soam-me bem, tratando-se de concurso onde, por eleição, supõe-se procurar os melhores para gerir o tasco, sabendo-se ele como desleixado e desgrenhado, mau aspecto e até ar de doentio. aí, estando fartos do cardápio ao enjoo e até com recordação de intoxicações alimentares em casas onde era suposto isso nunca acontecer, procura-se alternativas ao indispensável almoço na mesa todos os dias, salta-se de página pois na ementa eleitoral que nos é servida, hoje, o prato-opção "independente" veio para ficar, acredito. excepto se a lei não o permitir para o parlamento, mas, chegando a isso, por certo e "só por causa dos papéis serem precisos" a independência acabava após entusiasmantes ensaios. para rodipiar no baile os cavalheiros têm de comprar um lacinho à jovem que querem enlaçar, é regra que existia nos bailes rurais entre os grupos de moças que vinham fazer as vindimas, os 'ranchos', e o inevitável enxame de motorizadas que circundava e poeirava os barracões das quintas onde se faziam os bailes. a regra era clara e namora-se assim ou não. a outra, a sê-lo assim, não será menos clara no justificar na obrigatoriedade de, "por causa dos papéis", os Independentes passarem a Partido deles, o filho mata a mãe.
há coisa de vinte anos atrás houve a ASDI e o PRD, mas há diferenças com estes movimentos de 'Independentes" que têm surgido com sucesso quando em competição rija, no universo de eleitores a eleição presidencial e, agora, na maior cidade do país, capital do tasco onde se gastam mais pipas de vinho e chouriças, mas com graves problemas de contas com os armazenistas. no meio um meio ensaio, o referendo do aborto onde os suspeito do costume alinharam no lado que saiu vitorisoso, números contados. todos com genética de perna cruzada, adivinho casamento, digo, adivinho união de facto que é um Partido Político. Independentes com sucesso estão 'condenados' a isso, vale agora a ideia de que um dia outros deles se reclamaão 'independentes', com sorte ainda cá andaremos e, quem sabe?, dando razão à reivindicação voltar a acreditar que a independência faz falta e existem muitos mais já a reclamá-lo, 'bora a isso.

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