uma 'curta' de Gaspar Noé, cineasta franco-argentino
sábado, 30 de junho de 2012
sexta-feira, 29 de junho de 2012
O MEU PAÍS
estranho,
não lembrar o tempo que fazia, na tua
precipitada viagem,
em caminhos diversos dos meus.
como se apagam memórias inúteis,
onde se tatuou fundo a dor,
de não saber mais de ti?
ainda hoje, a cada passo,
em cada homem,
neste mar que me varre
os olhos,
navega a esperança de seres
de novo, o meu
país.
rosa maria ribeiro
estranho,
não lembrar o tempo que fazia, na tua
precipitada viagem,
em caminhos diversos dos meus.
como se apagam memórias inúteis,
onde se tatuou fundo a dor,
de não saber mais de ti?
ainda hoje, a cada passo,
em cada homem,
neste mar que me varre
os olhos,
navega a esperança de seres
de novo, o meu
país.
rosa maria ribeiro
este mundo não existe
ao Eusébio tiraram-lhe a televisão para não lhe dar uma coisinha ruim.
tirem-me os jornais, que eu já não aguento com as notícias sobre a
idiotice elevada a facto relevante, o individualismo além do racional, a
bebedeira colectiva não por sede nem por angústia mas por patológica necessidade
de porcaria!
quarta-feira, 20 de junho de 2012
"A Hora da Partida"
A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.
Sophia de Mello Breyner Andresen
sábado, 16 de junho de 2012
um adeus nunca é um adeus
"Adeus"
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de Andrade
sábado, 2 de junho de 2012
My way
"André Rieu, a renowned Dutch violinist, conductor and composer, and his orchestra did a tribute to Frank Sinatra with My Way on his Stradivarius violin at Radio City Music Hall – New York"
"He loved beauty that looked kind of destroyed"
"He loved beauty that looked kind of destroyed"
Gostava dessa espécie de beleza
que podemos surpreender a cada passo,
desvelada pelo acaso numa esquina
de arrabalde; a beleza de uma casa devoluta
que foi toda a infância de alguém,
com visitas ao domingo e tardes no quintal
depois da escola; a beleza crepuscular
de alguns rostos num retrato de família
a preto e branco, ou a de certos hotéis
que conheceram há muito os seus dias de fulgor
e foram perdendo estrelas; a beleza condenada
que nos toma de repente, como um verso
ou o desejo, como um copo que se parte
e dispersa no soalho a frágil luz de um instante.
Gostava de tudo isso que o deixava muito a sós
consigo mesmo, essa espécie de beleza
arruinada
onde a vida encontra o espelho mais fiel.
Rui Pires Cabral, "Oráculos de cabeceira", Averno, 2009
Gostava dessa espécie de beleza
que podemos surpreender a cada passo,
desvelada pelo acaso numa esquina
de arrabalde; a beleza de uma casa devoluta
que foi toda a infância de alguém,
com visitas ao domingo e tardes no quintal
depois da escola; a beleza crepuscular
de alguns rostos num retrato de família
a preto e branco, ou a de certos hotéis
que conheceram há muito os seus dias de fulgor
e foram perdendo estrelas; a beleza condenada
que nos toma de repente, como um verso
ou o desejo, como um copo que se parte
e dispersa no soalho a frágil luz de um instante.
Gostava de tudo isso que o deixava muito a sós
consigo mesmo, essa espécie de beleza
arruinada
onde a vida encontra o espelho mais fiel.
Rui Pires Cabral, "Oráculos de cabeceira", Averno, 2009
sexta-feira, 1 de junho de 2012
o Sir Charles B. Walters e as mulheres
«entender a humanidade seria matematicamente mais simples se lhe
retirássemos 50% dos potenciais dínamos. mas como os geradores da
dificuldade interpretativa correspondem à sua metade mais bela,
porfiemos nesses trabalhos de Sísifo»
Sir Charles Brenton Walters, filósofo e sociólogo britânico prematuramente falecido (1855-1912), e animador encalorado de debates em prol do celibato sexualmente activo
Sir Charles Brenton Walters, filósofo e sociólogo britânico prematuramente falecido (1855-1912), e animador encalorado de debates em prol do celibato sexualmente activo
People's Republic of China Car
na VW continuam a fumar umas coisas que nos põem a rir. depois da
jarrinha das flores e das pegadeiras para os pés (LOL) do primeiro Carro
do Povo, agora vem uma nova versão made in China que não rola, corre,
desbunda raters ou voa, simplesmente
levita por meio de electroímanes. a ver vamos.
entretanto estrelamo-nos a rir com as imagens, embora ainda me coce na dúvida em porque é que o
cão não ladrou a este bicharoco. imagens virtuais, cá na minha
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