esta noite iniciei a leitura dum livro que, não por acaso, o título fez fazê-lo meu: "Tocados pelo fogo - a doença maníaco-depressiva e o temperamento artístico", Kay Redfield Jamison, editora Pedra da Lua. não por acaso pois sou assumido maníaco-depressivo e, gostava de ser verdade..., acredito que tenho temperamento artístico.
antes do prefácio vem um poema de Stephen Spender. este:
...................Penso sempre nos que foram verdadeiramente grandes.
Nos que, mesmo antes de nascer, recordavam a história da alma
Por corredores de luz, onde as horas são sóis
Eternos e musicais, Aqueles cuja deslumbrante ambição
Era que os seus lábios, ainda tocados pelo fogo
Falassem do Espírito, vestido de canção de cima abaixo.
E que entesouraram dos ramos primaveris
Os desejos que caíam sobre o seu corpo como flores em botão.
O principal é nunca olvidar
O deleite essencial do sangue brotado de fontes eternas
Atravessando as rochas em mundos anteriores ao nosso.
Nunca negar o seu prazer à simples luz da manhã
Nem a sua grave demanda de amor ao entardecer.
Nunca permitir que o tráfego gradualmente sufoque,
Com névoa e ruído, a floração do espírito.
Perto da neve, perto do sol, nos cumes mais altos,
Vê como festejam estes nomes a erva ondulante
E os farrapos de nuvens brancas
E os sussurros do vento no céu à escuta.
Os nomes dos que em vida lutarm pela vida,
Dos que tiveram dentro do coração o núcleo de fogo.
Nascidos do sol, caminharam para ele algum tempo
E deixaram a sua marca impressa no vento.
...............
lê-lo-ei em segredo, segredo sonho, queimadura de sonho meu.