«vocês são todos a mesma coisa! todos iguaizinhos!»
ouço-o desde pequeno. e antes de mim o meu pai e os meus avós, os de chapelinho chinês no ó, e certamente o meu filho varão o ouve e ouvirá. não há homem que se livre deste mimo de género quando as brilhantinas se chocam, entre eles e as suas sócias. seja por causa das meias no chão do quarto, da louça por lavar ou, principalmente aí, aí, quando a divergência de opiniões mete saias. nem que seja por uma miradela pelo rabo do olho aos lindos rabiosques que elas, "saias", deixam imaginar.
acontece que é verdade - quanto à parte das saias. não só nós homens somos todos iguais, como somos diferentes das meninas. que elas nos olham o rabito, na busca dum imaginário de nádegas tão poderosamente musculadas como será o motor duma locomotiva Garratt, a impulsionar êmbolos infatigáveis que arrastam lindas carruagens em viagens de êxtase, isso já é conhecido e assumido: o romantismo tem mais viagens de comboio em paisagens de sonho, cheias de maravilhosos túneis entre matas de lindo recorte, que se assume fora do conforto sigiloso desse sucedâneo barato do divã psiquiátrico que são os blogues femininos. anónimos, claro. acrescento que felizmente assim é (miradelas), pois somos briosos não só quanto ao palminho de cara e mais umas coisitas, mas também quanto ao que temos de chicha quando passamos e nos olham, dissimuladamente gulosas, nas passarelles desta vidinha que tanto nos upa-upa, anima.
somos iguais entre nós, "mangussos", e diferentes de vocês - o lado mais bonito da humanidade - no accionar do famoso click que faz trepar paredes, muros, e até janelas nos bons tempos galantes: connosco é mais rápido, tipo automático. convosco não. suponho que é por isso que o pavão faz aquele espalhafato todo quando quer galar uma garina pavoa. trabalheira, mas bonita trabalheira.
este fim-de-semana encontrei a explicação científica para a nossa igualdade... mangussal. na pág. 32 da Revista do Expresso, um dos itens do artigo de singelo título "24 horas à luz da Ciência", a entrada respeitante às 21:00 horas, di-lo, explica-o assim: (passo a transcrever, a edição online é omissa)
«ELES SÃO TODOS IGUAIS. É uma frase que você repete muitas vezes quando discute com o seu namorado ou com o seu marido, depois de um dia de trabalho. E quando desabafa depois com as amigas. Mas terá algum fundamento? A genética pode dar uma ajuda para perceber o que se passa, segundo Carlos Fiolhais e David Marçal no seu livro 'Darwin aos Tiros e Outras Histórias de Ciência'. Cada novo ser humano herda 23 cromossomas da mãe e 23 do pai. Destes 23 pares, há 22 com cromossomas iguais, que têm o mesmo conjunto de genes. O par que resta tem os cromossomas sexuais. Nestes, você herdou um cromossoma X da mãe, tal como qualquer homem. Mas herdou um cromossoma X do pai, enquanto um homem herdou um cromossoma Y. Aqui o que mais se destaca é o gene SRY, responsável pela masculinização do corpo e pelo envio de testosterona em larga escala para o cérebro. Os genes podem apresentar pequenas variações de homem para homem, mas o SRY é perfeitamente igual em todos eles. Existe, assim, "uma espécie de guerra de sexos molecular entre o cromossoma X e o cromossoma Y".»
e pronto, está explicado. somos "diferentes de vocês" mais fundo que o atlas anatómico conta. não são só os pés maiores que 'explicam' o mangusso. há mais, há o interruptor SRY que liga o turbo (às vezes num ápice tal, que as "forças G" provocadas nos deixam cegos e surdos...), e põe em marcha a Garratt nos trilhos dos sonhos, seguindo o seu único instrumento então apercebível: a bússola do seu íman genético, agulha então altivamente erguida, gloriosamente robusta, magnificamente masculina.
é o nosso SRY, meninas. felizmente! ;-)
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