sábado, 28 de fevereiro de 2009

o tempo e o modo

Durante o tempo que me der na môna estes serão os posts visíveis na primeira página. Afinal o importante está aí e o tempo, esse enorme cabrão, tanto pode ser muito como pouco tal como ontem estava sol e hoje estou enevoado.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

barrigadas & digestões

manjados desde o princípio do ano (inclui três que transitaram além do calendário):



- A assassina ilustrada, Enrique Vila-Matas, Campo das Letras;
- Mutiladas e proibidas, Cândido de Azevedo, Caminho;
- FM Stereo, Nuno Rebocho, Apenas Livros;
- Santo Apollinaire (meu santo), Nuno Rebocho, Apenas Livros;
- Quando escreve descalça-se, Miguel-Manso, Trama;
- Dos termos da arte da cozinha (1734), Frei João Pacheco, Apenas Livros;
- Um homem muito procurado, John Le Carré, Dom Quixote;
- Perdido de volta, Miguel Gullander, Dom Quixote;
- Uma migalha na saia do universo - antologia da poesia neerlandesa do século XX, selecção de Gerrit Komrij, Assírio & Alvim;
- O Clube Bilderberg, Daniel Estulin, Europa-América;
- Os Mal-Amados, Fernando Dacosta, Casa das Letras;
- A Vida e as Aventuras do Rapaz Relâmpago, Bill Bryson, Quetzal;
- A viagem do elefante, José Saramago, Caminho;
- Pedro, lembrando Inês, Nuno Júdice, Dom Quixote;

em mastigação:

- Sinto muito, Nuno Lobo Antunes, Verso de Kapa;
- O diário secreto que Salazar não leu, Rui Araújo, Oficina do Livro;
- As pequenas memórias, José Saramago, Caminho;
- O anjo da tempestade, Nuno Júdice, Dom Quixote.

adenda ao post anterior


via caixa de comentários do muito frequentado jugular soube que há uma versão masculina do quadro de Coubert, baptizado A origem da guerra e de autoria de d'Orlan.

vou colocar a sua imagem mas - por favor! - não digam nada em Braga senão o meu contador de visitas dispara acima das 10 e não tenho pão & vinho para tanta gente, ok? :)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

"Pedro, lembrando Inês"

Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: «Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios?» Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isso o amor:
ver-te mesmo quando não te vejo, ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti, como
gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.

Nuno Júdice

ditosa Pátria que tais heróis tens

A História que o Vaticano e Belém não conhecem e em santa ignorância glorificam, canonizam.
(via este post do João Tunes, a mesma voz lucidamente crítica de sempre)

Pergunta: daqui a cem anos Jardim Gonçalves e Oliveira e Costa - caso adoptem os cilícios como "fardamenta", sem isso é que não, tá claro - juntar-se-ão a D. Nuno nos altares caso se descubram milagres de multiplicação de €uros, à falta previsível de doentes curados durante a Peste, digo, a Crise que os evaporou?

ABC não estará cá para contá-lo mas pelos vistos o rigor histórico é de importância leviana nestas cousas taumatúrgicas.

citações

"Somos, cada vez mais, os defeitos que temos, não as qualidades" (pág. 147)

"Não que fosse essa a intenção nossa, mas, já sabemos que, nestas coisas da escrita, não é raro que uma palavra puxe por outra só pelo bem que soam juntas, assim muitas vezes se sacrificando o respeito à leviandade, a ética à estética, se cabem num discurso como este tão solenes conceitos, e ainda por cima sem proveito para ninguém. Por essas e por outras é que, quase sem darmos por isso, vamos arranjando tantos inimigos na vida." (pág. 175)


José Saramago, in "A viagem do elefante", Ed. Caminho, 2008


domingo, 22 de fevereiro de 2009

prazeres

é domingo. dia de espairecer, dizem. por mim ia neste carrito* até um café ao pé do mar, um molho de jornais e dois livros. longe, para gozar a viagem e o sossego.







* é um Morgan 4-4 Roadster. as fotos foram gamadas no site Serious Wheels, ali na coluna de links e garagem ao dispor dos vossos desejos, que não este que já o reservei.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

epistolar estival: o calor das praias imaginárias

(...)
"Estou à procura de como encher o tempo, o raio do vazio que não é vazio pois tenho o cérebro fervilhante de picadelas dos cactos mais perigosos do mundo, conhece-lo Princesa? as picadelas doem pra caraças, pior que as das alforrecas e as queimaduras das garrafas-azuis. E assim corro para o passado e os chuveiros em frente ao Dragão e molho-me dessalinizando-me, desidratando-me de sentir. E não sai... não, não sai: de imediato vem-me à memória a tua foto sentada na areia lá perto, terias a idade linda que sempre tens mas não era esta d'agora em que te encontrei e vi-te pois é a do outro tempo em que nos encontramos e não te vi. Aquelas praias eram lindas e na idade da foto frequentei-a ao mesmo tempo que tu. Era o 24 que ia do Alto-Maé até lá? talvez. Ou esse ou outro, mas sábados ou domingos lá ia eu, por vezes com um ou dois amigos mas muita vez só. Vou contar-te uma coisa, um dos meus desejos de então e lembro-me da vez desse veludo me ter tocado.

Passávamos a maior parte do tempo a correr para os gelados e os rolos de barquilho (cá é "bolacha americana" e quase nunca se encontra, que saudades...), galávamo-nos em miradelas pró-namoriscadeiras e fazíamos longos passeios á beira água e tanta vez até ao fim dos pontões onde a água crescia tanto que poucos - que não eu - atreviam-se a lá das rochas fazer-se a ela. Era pelo desfilar, uma passarelle que as pitinhas faziam regaladas com os olhares e os pitinhos faziam por vocês. Mas éramos putos além da puberdade que nos ocupava vinte e duas horas por dia: nas outras duas brincávamos como putos que éramos... e estávamos na praia, essa enorme banheira onde chapinhávamos alegria sendo que os patinhos de borracha éramos nós.... e vocês.

Deitado na areia olhava invejoso quem tinha uma mão para agarrar, uma cintura para enlaçar. A tua andava lá e tê-la-ei visto pois uso óculos e nada me escapava. Mas não a enlacei nem me deste a mão e tal como tu nenhuma outra pitinha alguma vez lá o fez. Na areia amargurava os ciúmes de não ter. Imagina o ter e a minha necessidade de "amar" corria como areia fina quando vinha o vento lá dos lados onde seria a Xefina, a Inhaca, os paraísos, e na minha busca de ilhas de romance mergulhava ou fazia que mergulhava nas águas, pouco a pouco aproximando-me dos grupos já formados ou que se formavam conforme as ondas caprichavam e, nas rodas, jogava-se à bola, ao chapinhar mútuo, e às guerras a cavalo. Eis o ponto, a memória...

A combinação clássica por todas as razões mais aquelas que nós, rapazes e raparigas sabíamos e julgávamos mais ninguém sabê-lo, era o boy convosco às cavalitas e digo-te que por muito que as pernas tremessem e os ombros doessem com o peso nunca houve e há ponto que fale dum desistente ou sequer de protesto, tal o êxtase do momento...! Ora numa vez consegui glug-glug integrar-me num grupo e ser aceite por ele e depois de todo o resto - sim! brincar! e é tão bom! - chega a hora de ‘crescermos’ e esse crescer é tão urgente que após formados os pares previsíveis ficam as sobras e delas fui repescado por uma amazoninha que se encavalitou para uma guerra que só era guerra pelos gritos de alegria e pela firmeza com que as mãos do cavalo seguravam as pernas da cavaleira, primeiro e porque a confiança vai-se conquistando só até aos joelhos e depois «ai a onda! segura-me! (rsss)» /«desculpa (rsss), não caias! (rsss)» o tacteio alcança o éden e nem ondas nem bola nem praia nem barquilhos nem nada ousa mexer no momento mágico que é sentir uma perna de pitinha acima do joelho... sim, tenho memórias felizes da minha adolescência na praia do Miramar e nelas também tu estás, Princesa...

Por vezes penso que toda a vida te procurei. Nas muitas miúdas por quem me apaixonei afinal procurava nelas a Princesa. A minha Princesa, "a namorada que sempre sonhei". Não estou triste pelo tempo das praias e das guerras a cavalo ter acabado, Princesa: afinal encontrei-te, não é? E desta vez não me perdi no som das luzes dos bikinis azuis ou no espectacular barulho dos panelões das motorizadas e vi-te e viste-me e «'bora lá, cavalitas!», brincamos felizes, chapinhamos as feridas e dessalinizamos as vidas, as nuvens cinzentas das vidinhas. Acariciamo-nos tal qual as carícias adolescentes devem ser e sê-las e existir para uma manhã de praia-vida ser uma manhã feliz, textura deliciosamente aveludada e boca cheia de risos de alegria por a areia estar quente, quase tão quente como os corações e a água mágica que os banhava."
(...)

Breve Nota: encontrei a Minha Princesa. Construí-a. Com carinho. Existe. É real. Perfeita, no seu castelo que folha a folha escalo. Tão perfeita como o sonho de escrevê-la igualmente é.

sábado

dia lixado

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Solidariedade com o Afonso Tiago e sua família



O Afonso Tiago continua por localizar e uma petição à Presidência da República apela a que quando da visita de Estado que o nosso PR fará à Alemanha em princípios de Março, o pedido de manutenção do empenho das autoridades alemãs não fique fora da Agenda.

o texto da petição é este:

Exmo. Senhor Presidente da República Portuguesa, Prof. Aníbal Cavaco Silva
Assunto: DESAPARECIMENTO de AFONSO Freire de Novais Santos TIAGO.

Considerando que:
a) O Afonso Tiago, 27 anos, Engenheiro Mecânico, está em Berlim desde Junho de 2008 ao abrigo do programa INOV Contacto promovido pelo Estado Português;
b) Este cidadão foi visto pela última vez em Berlim a 10 de Janeiro de 2009;
c) As polícias - alemã, portuguesa e europeia - têm dedicado a maior atenção para localizar o Afonso Tiago, mas sem sucesso;
d) A Presidência da República manifestou extremo interesse e empenho, desde a primeira hora;
e) S. Exa. o Senhor Presidente da República realiza, entre 03 e 06 de Março próximo, uma visita de Estado à Alemanha, que terá início em Berlim.

Os subscritores desta petição solicitam a S. Exa. o Senhor Presidente da República a continuidade dos seus esforços para:
1º - Que haja ainda maior envolvimento e dedicação na resolução do caso do desaparecimento deste cidadão português;
2º - Realizar todos esforços junto das autoridades alemãs para encontrar o Afonso Tiago.

Atentamente,


Pede-se a subscrição e a sua divulgação. Há ocasiões onde a solidariedade humana faz a diferença. Este será um deles, há que acreditar!

vidas....

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.


foi Pessoa que o disse. soube-o em sussurro matinal.
a vida é bela!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

a pé-coxinho

ainda mal pus o pé na sala e já a Claire me desafiou para uma voltinha de dança. eu, pé de chumbo. eu, confesso de tanta coisa incluindo a de não saber dançar além dum espelho, terei de nele me mirar bem mirado e, excluído o coxear e a acne do adolescer seleccionar seis particularidades pessoais que não destoem daquilo que de facto o espelho mostra quando se gira assim enlaçado. tentarei, Claire, tentarei acompanhar o passo e fazer da timidez coragem quer para honrar o convite quer da multidão de reflexos que leio quando me miro escolher o núcleo, meus seis.

e é tão evidente e enche tanto o salão o pé-trocado que quem olha teme que o reflexo estale, enrugando o visível quando se olha de olhar-olhar: o coxo vagueia, não pára, de tanto se ficcionar acredita saber correr e até dançar. nada o detém quando embala e, inconstante, dedilha além da cartilha do seu saber: é vaidoso, o que naturalmente admira quem olha a dança e seu espelhar. vaidoso das suas manias volteia-se e desdobra-se, ora agora num slow acariciante ora além em ritmos do púbere que foi e em ritmo rock tenta recriar-se, saudoso de si-então: nostálgico qb. não fosse a sala de baile espelhada que não fazia falta ao reflexo que qual áurea o segue desde menino e moço com as vacinas em dia - e ainda não era coxo e sonhava uma noite mágica aprender a dançar: as Princesas... o fato romântico é aquele que melhor lhe cai quando se desnuda da vida, e acredita que viver sem amar não é viver (ele acredita mesmo nisso: disse-mo ontem e chorava).
mas... que se passa? afinal... o espelho, o bailar.... onde estás? estás a escrever-te? não estavas a dançar? narrador, personagem, naquele improvisando teclados e quando este tanto múltiplo... não, náo me surpreendo com isso, naturalmente. conheço o coxo e seu coxear e por muitas personagens que encarne a minúcia do algodão não engana tal como não é engenho ardiloso essa quase bi-polaridade de em extremos hoje herói e amanhã vilão, multi-personalidade que se a usa criativamente quando coxeia letras não se esquiva, inibe, de no saltitar dos dias não se ater a uniforme único e enquanto o gira-discos gira as suas melodias trautear outras, evolar-se num ai e em qualquer lugar: sonhador adicto.

outras há mas calharam estas e qualquer é relevante. quem me conhece apontará outras mas não nega estas. é que apanha-se mais depressa um mentiroso que um coxo :)

thanks Claire. há quem me ache egocêntrico e penso que há exagero. porém falar de mim, escrever de mim, é-me sempre qual íman haja oportunidade - e deste-ma. contrabalanço assim, acho, outra particularidade pessoal que omiti quer por vulgar quer por evidente a cinco linhas de lido: a timidez que me acompanha desde que de mim me lembro e que nunca me permitiu aprender a dançar além desta pista de papel tão maravilhosamente real que nela até o coxear parece virtual e, ao meu espelho, chego a sonhar que sei fazê-lo em pista aberta - convidaste-me! - e não no canto mais baço da imagem.

(não transmito. além de que nunca me senti à vontade nesta parte, estive tanto tempo fora que dificilmente nos próximos três meses todos os "nomeados" por aqui passassem e dessem conta do 'caderno de encargos'...)
porque que é que o cinzento existe?

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

neocolonialismo mundial?

"O nosso trabalho é dar ao povo não o que ele quer, mas sim o que decidimos que ele deve ter"

Richard Salant, anterior presidente da CBS News



Comecei há dois dias o "Toda a verdade sobre o Clube Bilderberg" de Daniel Estulin (Europa-América), que chegou meio céptico, atitude que acho saudável a tudo que cheire a 'teorias da conspiração', e a outra metade de olho vivo de curiosidade pois nada sabia do dito além do que recentemente se lê por aqui e por acolá exactamente a pretexto deste livro, e da lembrança vaga do arquiduque da Madeira a bramar contra "a Trilateral, a Opus Dei e os maçons, e uns clubes duns senhores que querem governar o mundo" (mais ou menos assim e no tom aplogético habitual). En passant, na altura.
Vou num terço mas com ganas de o esfarelar num instante. Porquê?

Porque não tenho capacidade (nem paciência) para avaliar se nas fontes citadas há cábulas 'marteladas' mas acho que o autor não é mau em matemática. Soma dois e dois com aura de credibilidade nos resultados, e explica como elabora esse afinado raciocínio de forma que parece suficientemente capaz de ir a exame e prova dos noves. Há quase quatro décadas que leio o mundo e só eu sei quantas vezes as notícias não (me) batem certo. Hoje, tal como vós resmungo e aperto e cinto e pergunto onde estão os filhos-da-puta que puseram isto de pantanas em dois anos e sabes-se lá por quantos mais. O Mundo com um AVC colectivo e já nem o futebol ou as misses nos distraiem (um sinal, essa do futebol, um dos sinais...). Em resumo pessimista Eles andam aí...

Quase a seco, umas tiradas ao já lido - e tentarei não ser maçudo:

"George Wallace, candidato democrata às presidenciais quatro vezes, nos anos 60 e 70, popularizou um slogan: «A diferença entre os partidos democrata e republicano não vale um chavo». E tinha razão. (...) A razão disto, diz Gary Allen (...) prende-se com o facto de que «embora Democratas e Republicanos populares geralmente tenham opiniões diferentes sobre economia, política e actividades federais, à medida que se sobe a encosta da pirâmide política, os dois partidos vão ficando cada vez mais parecidos»"
(...)
"E o eleitor médio não é tolo. O público percebe que alguma coisa se passa. As sondagens políticas ilustram uma percepçáo crescente de que nada muda no governo, independentemente do voto. Esta observação abrangente tem levado a uma subida das abstenções e a um cinismo inquieta entre os cidadãos"
(pág. 102)

- em que café é que já se ouviu em surdina esta reflexão? à escolha: o mapa-mundi é nosso.

Agora cá de nós:

"Segundo uma fonte bem informada, na reunião Bilderberg de 2004 em Stresa, Itália, montou-se uma promoção por grosso aos Bilderbergs portugueses. Na sequência dessa sessão, ocorreram grandes alterações na liderança em Portugal.
- Pedro M. Santana Lopes, o pouco conhecido presidente da Câmara Municipal de Lisboa, foi subitamente nomeado Primeiro-Ministro pelo Presidente da República.
- José M. Durão Barroso, anterior Primeiro-Ministro, foi nomeado Presidente da Comissão Europeia.
- José Sócrates, deputado, foi eleito líder do Partido Socialista (...). Sócrates tornou-se Primeiro-Ministro de Portugal em 2005."

(pág. 55)

Ok, afinal não foi o dr. Sampaio que nos tramou. Foi o Clube Bilderberg. E porque não, hã?

E por aí fora, há de tudo: Aldo Moro, a realeza europeia, os Rockfeller, Kissinger, até o nosso "chiquinho do Porsche" vem referido, imaginem lá...

Este Clube de elite, segundo o autor, pretende estabelecer uma Nova Ordem Mundial com supressão dos nacionalismos e seus meios identitários. A globalização total, portanto, de que o Acordo NAFTA e a CE, a ONU e a NATO, o Tribunal de Haia, são braços do polvo e já por ele telecomandados. O que me dá consolo pois diminiu(-nos) a culpa 'tuga de termos gerado o seu ovo quando, nos idos de Quinhentos, criamos a primeira empresa global, gérmen das multinacionais: a Companhia das Índias. Tivemos uma má ideia mas quem alimentou o monstro foram outros e, com sorte e um juiz bondoso, podemos sair do ajuste de contas só com uma pena reduzida a multa quanto esta caldeirada for toda a contas. E já considerada paga atento o estado de penúria do réu. Proposta a considerar, não acham, Bilderberg's?

Conto tê-lo aviado a meio da próxima semana. É um bocado maçudo para ler de empreitada e esta noite vou iniciar um que me espera à que tempos e estou desejoso de lhe meter mãozinhas: o último Saramago, "A viagem de elefante" (Caminho), de que tão boas críticas tenho por aqui lido. Na dúvida se intervalo pesadelos reais com ficção ou se a loja é a mesma mas com tinteiros diferentes. Na dúvida... vai até ao fim.

"Dar ao períneo"

É la palissada dizer que após a carência forçada, prolongada, o antes corriqueiro e bocejante ganha ares de maravilha. E é assim mesmo que é (diria La Palisse).
O saco dos jornais do fim de semana era hábito e peso que se desfolhava até meio e jaziam plantados pelos cantos da casa até um impulso higiénico os reunir em molho e levá-los em braços à urna do contentor de lixo mais próximo sem uma lágrima de despedida, embora pagos na totalidade e metade por desflorar, desfolhar.
Hábitos de marajá de hárem farto que ou pela crise ou pelo raio qu'o parta transformaram o hábito em raridade e - eis o milagre rejuvenecedor! - do bocejo nasceu o garimpo à lupa das letrinhas todas, numa orgia de papel que transforma esse fim-de-semana no luxo de banho num rio com pepitas lá pelo meio. Ao tédio sucedeu (renasceu?) o encantamento: as dificuldades na vida têm estas mágicas em recuperaram do contentor das banalidades os pequenos prazeres.
Pois este fim-de-semana, ao sábado mais em concreto, foi uma barrigada tal que ultrapassou a barreira psicológica da nota de cinco, num desvario de riqueza que - perdoe-se a extravagância... - tem-me dado momentos de deleite com leituras a que as edições online são omissas e por isso percorro-as com avidez. O diz-que-disse, a actriz coisa e tal, o fait divers, esse mundo de futilidades que é óptimo em super calorias pois está recheado de delicioso colesterol mental, o gargalhar insano que tanta falta faz para contrabalançar à sisudez deprimente das 'caches' de primeira página.
Dum suplemento dum semanário repesco e divulgo este "Dar ao períneo" que vale pelo que vale mas, para já pois ainda terei umas setecentas gramas por devorar e depois ainda tenho de palitar bem os dentes, elejo como candidata a estatueta e música:

"Desde que casou com Carla Bruni, o presidente francês, de 53 anos, redobrou os cuidados com o físico. Nada disso seria notícia, não fosse a circunstância de Sarkozy andar a recorrer, de há dez meses a esta parte, a uma 'personal trainer' de 26 anos, Julie Imperiali, com o intuito de melhorar o seu desempenho sexual. Até agora, Sarko conseguiu controlar o vício do chocolate e perder quatro quilos, mas não se sabe se já conseguiu livrar-se da alcunha de 'Speedy' (rápido) e aumentar a duração das sua erecções. Imperiali, a quem o presidente paga cerca de 200 euros à hora, segue o chamado "método tectónico", que se centra nos músculos perineais, situados entre o escroto e o ânus. «As relações sexuais são melhores se o períneo estiver em boa forma. Os problemas de ejaculação precoce devem-se frequentemente ao períneo», explicou a especialista a um jornal britânico, acrescentando que, para trabalhar estes músculos, «tem de se imaginar que se está à rasquinha para urinar e reter». É esse, portanto, o segredo com que Sarkozy conta para se baldar, hoje, às comemorações do Dia Europeu da Disfunção Eréctil."

Ora também cá cantam cinquenta e três e o não ter duzentos euros para imperialmente pagar por cócegas no períneo não me aborrece ou alegra. Até porque (digo-vos e juro-o) se tenho problemas perineais não são precoces mas retardados pois quando há festa rija bem malho o ferro quente porque são necessárias altíssimas temperaturas para atingir o ponto de liquefação e urrar como o Tarzan. E nem me aborrece que um jornalista virgule de tal maneira os parágrafos que parecem mais coitus interruptos que uma sadia queca digna de página de jornal. Pois o que me alegra, alegra de alegrar mesmo! é empaturrar-me desta fast food noticiosa e sentir-me maravilhosamente decadente, milionariamente esbanjador com um saco de plástico na mão tal qual os ricos, tal qual outrora e não o sabia assim de mim. et voilà...

citação

"Que crime é esse de assaltar um banco, ao pé do crime que é fundar um banco?"

Bertold Brecht

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

a excepção




reabro o tasco por razão de excepção, ainda mais que é múltipla:

a) sou amigo da Autora, Sheila Khan;
b) sem (ainda) o ter lido tenho confiança total no trabalho académico desenvolvido pois falou-me o suficiente dele para assim o crer, e logo me ter apaixonado;
c) o tema é-me especialmente próximo;
d) falei-lhe do meu sentir, aquando da fase de recolha de testemunhos de quem viveu (e vive) essa diáspora cultural, emocional e geográfica.

mais informação aqui, site da Edições Colibri (aceita encomendas online)