como vos contei, esta manhã comprei o Público e, à tarde, abri o Ípsilon, o principal suplemento das sextas-feiras. como sempre pelas últimas páginas: à procura de recessões de livros, ao menos acompanhando pelos olhos dos outros as novidades. adiante.
e vejo que saiu um novo romance da espanholita que mais me mexe, aquela Rosa Montero que me forçou, na única semana em que vivi expatriado, num hotel do Sul de Espanha que só abandonava para comprar jornais, a, nos dois domingos que lá passei a comprar além do ‘Gosto’ “El País” o ‘Gosto Menos’ “El Mundo” pois a menina tinha nele uma crónica dominical.
foi gira essa semana. o hotelzinho era simpático e a comida uma bodega, a cerveja espanhola é o “mijo de gato” que sabemos e o café uma água-tinta inarrável, mas encontrei nele um barmen que gostava de literatura, e em portunhol nos entendemos. do inevitável Saramago saltamos para o menino dos seus olhos, Arturo Pérez-Reverte, que na altura já era apreciado cá em casa. não, não me falem no “A rainha do Sul”, não foi só ‘desse’ que gostei… ;-) foram umas boas tardes, e quase-quase coincidiram com a minha noção dumas férias perfeitas. em falhas graves só me recordo de três itens: bejecas de jeito, café de gente, e menos tostões contados.
foi por ele que soube da existência da série “Capitão Alatriste”, e de que, quando muito mais tarde a ASA revolveu cá editá-la ainda comprei os primeiros volumes, até perceber que quanto ao género adolescente de romances de espadachim estaria igualmente servido – e em vantagem de avivar de memórias pessoais paralelas – com uma releitura do “Os três mosqueteiros” e do “Vinte anos depois”, uns bons e cúmplices quarenta e tal anos depois. porém, não evado que o “O mestre de esgrima” (nada a ver com a série Alatriste) é um must no género, e recomendo-o.
mas a Rosa. Rosa Montero. essa mulher “mexe-me”!
primeiro, pela curiosidade que me guiou a mão na crítica de Rui Lagartinho ao novo romance (“Lágrimas de chuva”, da Porto Editora), pondo-me o dedo a correr literalmente pelas duas colunas e meia à procura da referência esperada (no caso não encontrada), e do que é para mim uma extraordinária imagem de marca da romancista espanhola: a existência na trama, nem que espreitando em duas ou três linhas obscuras no meio do essencial, duma personagem filha do nanismo: um anão. é! não me lembro de romance da dita sem um anão, e li vários.
a segunda razão que me algema de paixão à linda linda Rosa é o fabuloso (não exagero, não) “A louca da casa” (é também da ASA). fora-me recomendado por amiga que sabe ler e pelo menos na altura sabia ler-me, e posto em “Futuros” pois já saíra do mercado das novidades e não estava fácil encontrá-lo quando recebi o lamiré de orelha. mas depois aconteceu: reeditaram-no e encontrei-o. ou melhor: outro em que me reencontrei chapado nas páginas, na altura com mais propriedade que nesta actualidade de crises de cinquentão, pois, então, vivia aquela fase parva em que me acreditava escritor – foi quando o “Xicuembo” deu à costa, e escritor de tanto potencial que estava pronto a extasiar o mundo com os meus escritos: lia-me e relia-me mil e uma vezes, eu era obviamente o meu autor favorito! adiante, please.
mesmo com este rubor e tudo isso recomendo-vos a leitura. não do “Lágrimas de chuva”, que não li e não sei se tem anão, mas do outro: “A louca da casa”. acreditam que o mundo da fantasia vive em nós e somos capazes de escrevê-lo? leiam-no: ela também acredita, e conta-o de forma a não nos sentirmos envergonhados em também acreditá-lo. leiam-no, e sorriam por, afinal de contas, não sermos náufragos isolados nesta loucura de acreditar que o mundo, o mundo todo incluindo aquele que é o mais real de todos pois somos capazes de sonhá-lo e não só de vivê-lo, pode-se arrumá-lo e contá-lo todo com jeitinho e palavrinhas.
viva a Rosa! <3
e vejo que saiu um novo romance da espanholita que mais me mexe, aquela Rosa Montero que me forçou, na única semana em que vivi expatriado, num hotel do Sul de Espanha que só abandonava para comprar jornais, a, nos dois domingos que lá passei a comprar além do ‘Gosto’ “El País” o ‘Gosto Menos’ “El Mundo” pois a menina tinha nele uma crónica dominical.
foi gira essa semana. o hotelzinho era simpático e a comida uma bodega, a cerveja espanhola é o “mijo de gato” que sabemos e o café uma água-tinta inarrável, mas encontrei nele um barmen que gostava de literatura, e em portunhol nos entendemos. do inevitável Saramago saltamos para o menino dos seus olhos, Arturo Pérez-Reverte, que na altura já era apreciado cá em casa. não, não me falem no “A rainha do Sul”, não foi só ‘desse’ que gostei… ;-) foram umas boas tardes, e quase-quase coincidiram com a minha noção dumas férias perfeitas. em falhas graves só me recordo de três itens: bejecas de jeito, café de gente, e menos tostões contados.
foi por ele que soube da existência da série “Capitão Alatriste”, e de que, quando muito mais tarde a ASA revolveu cá editá-la ainda comprei os primeiros volumes, até perceber que quanto ao género adolescente de romances de espadachim estaria igualmente servido – e em vantagem de avivar de memórias pessoais paralelas – com uma releitura do “Os três mosqueteiros” e do “Vinte anos depois”, uns bons e cúmplices quarenta e tal anos depois. porém, não evado que o “O mestre de esgrima” (nada a ver com a série Alatriste) é um must no género, e recomendo-o.
mas a Rosa. Rosa Montero. essa mulher “mexe-me”!
primeiro, pela curiosidade que me guiou a mão na crítica de Rui Lagartinho ao novo romance (“Lágrimas de chuva”, da Porto Editora), pondo-me o dedo a correr literalmente pelas duas colunas e meia à procura da referência esperada (no caso não encontrada), e do que é para mim uma extraordinária imagem de marca da romancista espanhola: a existência na trama, nem que espreitando em duas ou três linhas obscuras no meio do essencial, duma personagem filha do nanismo: um anão. é! não me lembro de romance da dita sem um anão, e li vários.
a segunda razão que me algema de paixão à linda linda Rosa é o fabuloso (não exagero, não) “A louca da casa” (é também da ASA). fora-me recomendado por amiga que sabe ler e pelo menos na altura sabia ler-me, e posto em “Futuros” pois já saíra do mercado das novidades e não estava fácil encontrá-lo quando recebi o lamiré de orelha. mas depois aconteceu: reeditaram-no e encontrei-o. ou melhor: outro em que me reencontrei chapado nas páginas, na altura com mais propriedade que nesta actualidade de crises de cinquentão, pois, então, vivia aquela fase parva em que me acreditava escritor – foi quando o “Xicuembo” deu à costa, e escritor de tanto potencial que estava pronto a extasiar o mundo com os meus escritos: lia-me e relia-me mil e uma vezes, eu era obviamente o meu autor favorito! adiante, please.
mesmo com este rubor e tudo isso recomendo-vos a leitura. não do “Lágrimas de chuva”, que não li e não sei se tem anão, mas do outro: “A louca da casa”. acreditam que o mundo da fantasia vive em nós e somos capazes de escrevê-lo? leiam-no: ela também acredita, e conta-o de forma a não nos sentirmos envergonhados em também acreditá-lo. leiam-no, e sorriam por, afinal de contas, não sermos náufragos isolados nesta loucura de acreditar que o mundo, o mundo todo incluindo aquele que é o mais real de todos pois somos capazes de sonhá-lo e não só de vivê-lo, pode-se arrumá-lo e contá-lo todo com jeitinho e palavrinhas.
viva a Rosa! <3
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