Wilhelm Reich foi um dos gurus da minha adolescência. das tais 'descobertas' que nos fazem sentir como iniciados num segredo fabuloso, e por perfídia dos maléficos Poderes oculto do saber comum, do homem comum. sentimento próprio à idade, mais a mais apimentado com o envolvimento da sexualidade então emergente e que berrava por todos os poros, sequiosa não só de satisfação carnal e sentimental mas igualmente duma plataforma ideológica que a pacificasse no íntimo, fustigado com os remorsos das punitivas moralidades da educação católica.
além desse deslumbramento Reich deu-me mais e que ainda hoje reside. faz parte resiliente da minha formação e - porque não! - do meu crescimento intelectual. porém passo essa parte e centro a lateralidade do comentário numa lição, uma triste lição: um visionário encontra sempre resistência à aceitação das suas teorias e arama-se-lhe e mina-se-lhe, com todos os aguçados poderes vigentes disponíveis, o campo das suas experimentações: Reich foi perseguido por ditaduras como por democracias por ser um revolucionário, mais a mais não seguindo as fórmulas tradicionais (e os campos) de contestação: tanto a(s) ideologia como a religião, a ciência, se viam ameaçadas.
hoje sobrevive num Instituto, nas estantes, no YouTube, e na memória que me assalta quando tenho um orgasmo e sinto-me um egoísta por tanta energia ter o seu potencial reservado exclusivamente para meu prazer, e vá lá que para quem mais lhe assiste. será (também) um efeito do subconsciente, protector, a tal vontade irresistível duma sorna, after?
os sábados à tarde são lixados. vagueia-se no cosmos da psicanálise d'estante, e parte do resultado é assim: lido "amanhã" é lixo filosófico. a outra parte? onanismo, amigos. onanismo intelectual. a casa gasta muito disso
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