terça-feira, 16 de novembro de 2010

a Reforma do sistema

pouco a pouco vai-se entendendo o porquê de estarmos como estamos.

fala-se nas reformas. que o sistema irá ruir por falta de contribuições e aumento do nº de reformados.
sim, é verdade. há várias razões:

- o travão, seguido de retrocesso que já se iniciou, da demografia no hemisfério Norte: menos cidadãos é primeiro que tudo equivalente a menos contribuintes. e irá agravar-se até atingir o seu pico lá para 2050: aí, não iremos correr com os imigrantes mas aliciá-los nos países de origem
- a maior longevidade, alcançada pela melhoria das condições gerais de vida especialmente nos cuidados de saúde: a reforma aos 65 anos começou a ser implantada em 1970 (USA, alguma Europa), e nessa altura o tempo de vida médio dum homem era de 61 anos. hoje caminha para os 78, e com hábitos de consumo que àquela data não existiam
- maior escolariedade: os jovens entram cada vez mais tarde no mercado de trabalho, i.e. deixam de ser "Despesa" para as Famílias e o Estado e passam a "Receita", gerarem riqueza produtiva e colectável

obviamente que o sistema ameaça entrar em rotura, e entrará se não sofrer uma reforma efectiva e não mera cosmética.
mas isso é para já impensável na Europa: nacionalismos em excesso que coarctam a já pouca coragem em reformar olhando o problema nos olhos
vamos então à cosmética. uma boa cosmética opera milagres numa face deprimida

das lições deste video retiramos quatro:

- a mediática do plafond máximo do valor da reforma/pensão ser de 1700 €,
...e as que não fazem 'caixa' mas não são menos importantes:
- não há acumulação de pensões
- é feita a média de rendimentos do casal para a fixação da reforma individual
- esta regra é aplicável mesmo após divórcio

segundo a reportagem, o sistema de segurança social suíço não é deficitiário. pelo contrário. assim o "excesso" é aplicado em melhorar as pensões menos abonadas. mas
- caso a caso: não há um repartir do bolo em festa permanente: caso a caso vê-se quem, e como, precisa de ver a sua reforma aumentada. excepcionalmente.

funciona. de facto aquele é um dos tais países europeus onde tudo parece que funciona.
os cidadãos são tão previdentes como o Estado que os governa - e aqui aplicar-se-á melhor o verbo imperfeito "zelar", que lá se conjuga bem
aqueles cujo nível de vida no tempo produtivo gerou hábitos que não se compadecem com uns "parcos" 1700€ mensais, fazem PPR's e assim melhoram a sua reforma.
o Estado aplica altas taxas contributivas mas retribui aos cidadãos com a disponibilização de serviços amplos e eficientes. não os explora porque retribui. nem deixa serem explorados. exemplos? já dois
- se eu possuir dois carros obviamente que só ando com um de cada vez. portanto a placa de matrícula é minha e não do carro: mudo-a dum para o outro conforme utilizo um ou o outro. e se for de férias, ou doutra forma qualquer tiver prevista uma prolongada imobilização do veículo, entrego a chapas de matrícula na esquadra de polícia do meu bairro, é-me passado em recibo, e depois levanto-as quando voltar a precisar do carro. então é-me entregue um documento da data do levantamento. envio ambos para a companhia de seguros e o tempo comprovado de imobilização é descontado no valor do seguro automóvel: a Cª de Seguros não abusa de mim porque tenho dois carros (ou mais) e o seguro automóvel é obrigatório
- nas auto-estradas circula-se com o pagamento dum selo, mensal, anual, de turista, etc. o custo do anual é inferior ao que um português paga mensalmente em portagens se morar em Santarém e trabalhar nas Caldas da Rainha.
nem vale a pena falar de mais: funciona

há tempos circulou pelos mails um video (?)/fotos (?) das instalações do Parlamento sueco. das condições de trabalho para os senhores deputados suecos. lembram-se?
e há muito pouco tempo circulou entre nós uma petição para reduzir o nº dos nossos deputados para o mínimo constitucionalmente possível (180), já para a próxima legislatura. lembram-se?
creio que de ambos os casos houve e há uma parcela da sociedade portuguesa informada que não se lembra. já não se lembra. esqueceu. não interessa. não lhes interessa
pois é

e como hoje é só terça-feira e ainda não estou suficientemente mal-disposto fico por aqui.
pois é: também sou português e calo-me, mesmo que só fale em cosmética

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

nós, os PIIGS


os men do money gordo e das máquinas de calcular desconfiadas acreditam tanto no nosso nóvel e magnífico OE que põem-nos a taxa de juro nos píncaros da lua. ou seja, venderam-nos (cá) gato por lebre, e 'tá na cara' que para normalizá-la terá ser de braço-dado com o famigerado FMI: com o seu aval a taxa reduz para metade - é o que se lê, dito por quem diz que sabe disto.

quanto ao mais está tudo igual: o horizonte continua a ser uma linha branca à espera de sermos nós a preenchê-la. como sempre foi, e caímos nisto. talvez se perceba, talvez se faça. começando por recuperarmos a auto-estima: o tempo das caravelas já lá vai, mas há-de haver neste país mais alguma coisa que se fabrique com sucesso e se exporte com lucro além de jogadores de futebol.